Título Oficial: Nossa Senhora Divina Pastora de Sipária
Padroeira: Trinidad y Tobago
Festa: Segundo Domingo após a Páscoa
Sipária é uma aldeia da ilha de Trinidad, que se orgulha de possuir muitos tesouros espirituais. Nessa aldeia foi erguida a primeira capela à Santíssima Virgem de Sipária, com o título de Divina Pastora ou Nossa Senhora Divina Pastora.¹
O título de Nossa Senhora Divina Pastora surgiu no século XVIII, mais precisamente no ano de 1703, em Sevilha na Espanha. No livro La Pastora Coronada ou A Pastora Coroada escrito pelo Frei Isidoro de Sevilha, cuja primeira publicação foi no ano de 1705, ele relata que na noite do dia 24 de junho (dia de São João) de 1703, quando estava rezando na igreja do convento capuchinho em Sevilha, a Virgem Maria lhe aparece, mas estava estava vestida como pastora. Ele descreve que a Senhora estava sob a sombra de uma uma árvore com uma criança no colo, usava um chapéu e tinha a sua volta várias ovelhas. Cada uma delas tinha um botão de rosa na boca. No dia seguinte ele procurou o pintor Miguel Alonso de Tovar para que fizesse uma pintura que retratasse a visão que havia tido com Nossa Senhora. Essa pintura foi apresentada pelo frei no dia 08 de setembro (natividade de Nossa Senhora) deste mesmo ano, ele organizou uma procissão pelas ruas da cidade carregando um estandarte com a imagem inédita da Virgem. Essa foi a primeira vez que a imagem da Divina Pastora foi vista.²
Sipária e La Divina Pastora são sinônimos, e a própria identidade da pequena cidade está associada à presença de sua padroeira. Existem muitos mitos e lendas em torno das origens da estátua, que tem profundo significado espiritual e temporal para muitos. Desde tempos imemoriais, o planalto de Sipária foi o lar de uma grande comunidade de nativos Warao da região do Delta do Orinoco, na Venezuela. Seu local de desembarque principal foi à praia de Quinam, de onde uma trilha estreita levava ao povoado e outras partes da ilha. Em 1758, um grupo de monges capuchinhos da Espanha, fundou uma missão ali, completa com uma pequena ajoupa para servir de capela.
Um dos maiores acontecimentos deste período é que em 1795, o Papa Pio VI decretou La Divina Pastora (A Divina Pastora) a padroeira de todas as missões capuchinhas. Não há menção da estátua de La Divina Pastora neste período da missão. Uma afirmação sem fundamento diz que ela foi trazida para a capela por volta de 1800 por um padre moribundo da Missão Cumana na Venezuela, que alegou que salvou sua vida. Uma história popular, a respeito da estátua, foi contada em 1887 da seguinte forma: “A tradição diz que esta estátua foi recolhida pelos espanhóis nas profundezas da floresta; permaneceu aqui por algum tempo, e depois foi removida para a Igreja de Oropouche. Ele não fez nenhuma estadia lá, porém, na manhã seguinte à sua chegada, descobriu-se que desapareceu misteriosamente durante a noite e, ao ser iniciada a busca, foi descoberto no local exato da floresta onde apareceu pela primeira vez." O padre Poirier, padre da década de 1840, não escreve sobre a existência da estátua, mas em 1878 a festa de La Divina Pastora já era celebrada dois domingos depois da Páscoa. A imagem da Divina Pastora residia na igrejinha da tapiá, pousada sobre um monte de terra onde era prestada a homenagem. Waraos do Orinoco, católicos locais e um novo elemento, os hindus, tornaram o dia de festa turbulento e animado.³
A festa ocorre todos os anos no dia da santa de La Divina Pastora, algumas semanas após a Páscoa. A mesma estátua, uma Virgem Negra, é venerada pelos hindus durante um festival separado, realizado na Sexta-feira Santa e na Quinta-feira Santa . A celebração hindu costuma ser chamada de "Festa da Sipária". Ela é La Divina Pastora, a Divina Pastora, uma manifestação da Virgem Maria, para os católicos, e Sipária Mai (Mãe de Sipária) para os hindus.4 Outras histórias afirmam que a estátua é a proa de uma canoa Warao, ou que representa uma garota ameríndia que salvou a vida de um padre católico. Alguns siparianos dizem que os Warao, fugindo da perseguição de uma tribo guerreira, trouxeram a estátua para Trinidad e a esconderam na floresta, onde procuraram sem sucesso. Posteriormente, quando foi recuperado, foi trazido para a missão Sipária. Ainda outros contos localizam a origem da estátua na própria Trinidad. Vários afirmam que ele foi descoberto no solo por uma mulher que trabalhava em seu remendo dasheen, e que sangrou quando foi acidentalmente cortado com uma enxada. Outras variantes apresentam a figura sendo encontrada por homens cutelando no mato. Muitos acreditam que Siparee Mai nasceu da areia de Sipária ( que significa “cidade de areia”). Em cada um desses casos, ela brota imediatamente da própria terra para a vida.5
Bibliografia:
1. REIS, Elizabeth dos Santos – Maria Padroeira da América Latina e suas Invocações – Nossa Senhora de Sipária p. 54 - Editora Santuário;
2. Santo nosso de cada dia – Nossa Senhora Divina Pastora - http://santonossodecadadia.com.br/events/nossa-senhora-divina-pastora/
3. Trinidad e Tobago Guardian – Padroeira de Sipária - https://www.guardian.co.tt/article-6.2.420295.46f5249fde
4. Wikipedia – Siparia - https://en.wikipedia.org/wiki/Siparia
5. Caribbean Beat – Mãe Milagrosa – Siparee Mai, La Divina Pastora - https://www.caribbean-beat.com/issue-54/siparee-mai-miracle-mother#axzz6crXbThVc
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