Há um texto impactante no livro “Terra dos Homens”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, mais conhecido pela obra “O Pequeno Príncipe”, na qual é dirigida uma espécie de exortação a um personagem rotulado como “o velho burocrata”. Recomendo a leitura.
Aqui somente queria chamar a atenção para uma das suas características: a de ter esquecido que somos todos habitantes de um planeta errante. Muitas de suas estruturas, instituições, maneiras de comportar-nos e ver as coisas são mais instáveis do que costumamos pensar. Trata-se de uma ilusão que nos deixa tranquilos e satisfeitos, que nos faz esquecer que a nossa permanência neste planeta errante é também passageira, fugaz. Que são poucas as coisas, e quiçá somente uma, a que é verdadeiramente importante e estável em nossas vidas.
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Em contraste com o velho burocrata, os santos se caracterizam por serem pessoas que aprenderam a distinguir nas suas vidas o que é intrinsecamente importante do que possui uma importância secundária.
Trata-se de um aprendizado que é, muitas vezes, doloroso, pois frequentemente nos encontramos apegados a essas coisas secundariamente importantes, às quais Deus, como o Bom Pai Pedagogo que é, nos pede para renunciar e, assim, crescer como pessoas e como cristãos.
Os próprios planos se encaixam dentro desses elementos de importância secundária. Até mesmo quando eles são feitos com uma atitude de discernimento, buscando cumprir a vontade de Deus, às vezes uma mudança de contexto, algum acontecimento inesperado, faz com que esses planos se tornem irrealizáveis, e que devamos novamente iniciar o caminho do discernimento, tentando descobrir o que Deus nos quer dizer com a nova situação, mesmo quando ela não é positivamente querida, mas apenas permitida por Ele.
Quando o impacto que essas mudanças de rumo causam em nós é muito grande, penso que já podemos aprender muito de nós mesmos e de como está a nossa relação com Deus, a nossa confiança Nele, a nossa maturidade cristã. Pode ser que estivéssemos demasiado apegados ao plano e projeto, e que sutilmente tivéssemos substituído a confiança em Deus pelo projeto.
Reconhecer esta realidade pode dar-nos ocasião para renovar a nossa atitude filial, de abandono nas mãos do Pai, abrindo mais o coração à sua graça, para que aumente a nossa Fé, Esperança e Caridade.
A situação atual que vivemos, com a pandemia da Covid-19, com todas as mudanças e adaptações que ela nos exige, sem dúvida levou muitos de nós a renunciar aos planos que tínhamos feito para 2020. Ou, pelo menos, a adiar alguns deles.
Não sabemos ainda qual será o desfecho da crise, quando terminará. Em meio às incertezas, quiçá seja o momento de fixar o olhar no único necessário do qual falava no início: Deus. Reconhecer que Ele é o Senhor da história e que o que nós podemos e devemos fazer é importante, mas apenas na forma de uma pequena e humilde contribuição.
Não somos auto-suficientes, nem como indivíduos nem como humanidade. Precisamos voltar os corações, uma e outra vez, para Ele, em busca de Salvação.
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