Brasil

É preciso semear vida e não morte, paz e não guerra!

Mariana Mascarenhas

Escrito por Mariana Mascarenhas - Redação A12

18 JUL 2022 - 08H53 (Atualizada em 18 JUL 2022 - 09H38)

Nós vivemos tempos conturbados, marcados por guerras, incitação ao ódio, polarização, propagação de inverdades entre outras questões que afetam o Brasil e o mundo de modo geral. Somente em nosso país, dados do exército publicados no portal R7 revelam um cenário preocupante: o número de novos registros de armas para caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs) aumentou 333% em 2021 (257.541 registros), em comparação com 2018 (59. 439 registros). Já o número de colecionadores aumentou 325%, passando de 255.402 registros ativos, em 2018, para 1.085.888, em 2021. Cada colecionador, atirador ou caçador pode ter mais de um registro. Todo esse crescimento acontece em razão de uma iniciativa do Governo Federal que ampliou o acesso dos colecionadores para a compra de novas armas.

Além disso, há uma pressão de parte da população brasileira pelo armamento. No dia 9 de julho de 2022, por exemplo, aproximadamente duas mil pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para uma manifestação em prol do aumento do acesso a armas por civis. O protesto aconteceu justamente na data em que celebramos o Dia Mundial pelo Desarmamento, e quando o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda foi assassinado em Foz do Iguaçu (PR), durante a celebração de seu aniversário de 50 anos, cujo tema foi o PT. Dirigente do partido, Arruda foi morto a tiros pelo policial penal federal Jorge José da Rocha, apoiador do presidente Bolsonaro, que teria se incomodado com a temática da festa e invadiu o local onde estava a vítima para matá-la.

O caso repercutiu em mídias de todo o país, gerando revolta e indignação diante das disparidades políticas a que estamos expostos. Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também comentou a respeito, ressaltando que a “insanidade que transforma uma festa de aniversário, momento de alegria e fraternidade, em cenário de violência e morte não deve ser a referência para o exercício da cidadania no Brasil”.

O presidente da CNBB também fez um apelo para a união de todos em prol de um compromisso pela Paz, a fim de que o país se torne mais justo, solidário e fraterno.

ANDRANIK HAKOBYAN/ Shutterstock
ANDRANIK HAKOBYAN/ Shutterstock

No último dia 22 de junho, inclusive, os bispos que integram o Conselho Permanente da CNBB divulgaram uma mensagem a todo o povo brasileiro intitulada 'Um clamor pela Paz'. Nestes tempos incertos e conturbados em que vivemos, as palavras ditas pelos bispos soam como alento e, ao mesmo tempo, uma urgência para que possamos refletir sobre os rumos da sociedade e a necessidade de mudanças a favor de uma cultura pacífica.

Leia MaisPapa denuncia comércio sem controle de armas após massacre no TexasA luta do Papa para “silenciar o clamor das armas” Ensinamentos de Dom Orlando: Pátria sem armas, mentiras, fake news e corrupçãoConverter a morte em vida e armas em alimentosPapa quer paz, preservação da natureza e fim das armas em Moçambique Os autores iniciam a mensagem ressaltando a paz de Jesus Cristo como dom precioso de Deus e desejo de todo o ser humano de boa vontade. Contudo, há um alerta sobre como nosso mundo atual escuta “os estrondos da guerra, os gemidos da fome, o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das vítimas e de seus familiares. Soma-se a isso a indiferença, que fecha olhos e corações, as desculpas para nada fazer e as fake news, em seu esforço por tudo encobrir em cortinas de fumaça”.

Sobre as Guerras, a mensagem nos pede para irmos além das “impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através da mídia”, a fim de ver os conflitos invisibilizados pelos veículos comunicacionais, como em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar, entre tantos outros – os quais fariam parte de uma “terceira guerra mundial por pedaços”. Assim define o Papa Francisco em sua encíclica Fratelli tutti.

Na mensagem, os bispos nos convidam a escutar as vozes de tantas vítimas de violência, em suas mais variadas formas, dentro de realidades que não podem ser naturalizadas, como: desigualdade social, conflitos religiosos, ataque ao território dos povos tradicionais, desprezo e rechaço aos migrantes e os flagelos da fome. “É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem permanecer vivos entre nós.”

Assim, os autores também nos alertam para “não fechar os olhos diante da loucura da corrida armamentista no Brasil”, pois há de se estancar a violência. Afinal, ela é o oposto do que Deus nos fala. Por isso, é lamentável ver a incompreensão da Sua mensagem nas atitudes daqueles que se dizem cristãos, mas pregam a violência e a morte, sinais da total ausência de Deus e da vida, nosso maior dom, como é ressaltado no clamor dos bispos.

Por isso, é preciso semear vida e não morte, paz e não guerra. Deus nos diz isso o tempo todo, porém, só O escuta quem realmente está de coração aberto a Ele, por meio do amor ao próximo. E aqui encerro com o pedido do Conselho da CNBB ao final da mensagem:

“Unamo-nos em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo.”

Para acompanhar o texto na íntegra, clique aqui.

Escrito por
Mariana Mascarenhas
Mariana Mascarenhas - Redação A12

Jornalista e Mestra em Ciências Humanas. Atua como Assessora de Comunicação e como Articulista de Mídias Sociais, economia e cultura.

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