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Bispos reforçam mensagem e pedido para cessar o ensurdecedor barulho dos tiros

"Um clamor pela paz", esse é o pedido dos bispos que integram o Conselho Permanente da CNBB

Escrito por Lais Silva

12 JUL 2022 - 10H36 (Atualizada em 12 JUL 2022 - 11H06)

Nesta semana um episódio de violência que resultou na morte de um guarda municipal, em Foz do Iguaçu (PR), repercutiu em todo o país. Diante de mais um caso extremo, a Igreja Católica se reforçou seu pedido por paz. Leia MaisA paz de Deus e a paz humanaCNBB e TSE assinam termo de cooperação em prol do diálogo da paz nas eleiçõesPapa Francisco reza oração global por paz na Ucrânia e no mundo

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, ressaltou que todos precisam se unir em compromisso com a paz, para construir um país mais justo, solidário e fraterno.

Dom Walmor enfatiza que o caso que aconteceu em Foz do Iguaçu (PR) e resultou na morte do guarda municipal, Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, no último 9 de julho, não deve ser exemplo para outros casos.

Os bispos que integram o Conselho Permanente da CNBB, preocupados com o cenário de violência, divulgaram uma mensagem ao povo brasileiro com o apelo: “Um clamor pela Paz”. O texto foi aprovado por unanimidade pelos prelados durante a reunião do órgão que é constituído pela presidência da CNBB, pelos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais (CONSEP) e pelos membros dos Conselhos Episcopais Regionais (CONSER), os 19 regionais da entidade.

Na mensagem os membros do Conselho Permanente afirmam que faz-se urgente escutar a voz de tantas pessoas que sofreram e sofrem com qualquer tipo de violência, e clamam por justiça e paz.

Confira na íntegra a mensagem dos Bispos

UM CLAMOR PELA PAZ

Eu ouvi os clamores do meu povo. (Ex 3,7)

A paz de Jesus Cristo, que proporciona vida em abundância e alegria plena, é um dom precioso de Deus e desejo de todo o ser humano de boa vontade. Contudo, infelizmente, nosso mundo escuta hoje os estrondos da guerra, os gemidos da fome, o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das vítimas e de seus familiares. Soma-se a isso a indiferença, que fecha olhos e corações, as desculpas para nada fazer e as fake-news em seu esforço por tudo encobrir em cortinas de fumaça.

As guerras vão-se multiplicando cruelmente em diversas regiões do mundo, somando-se às abomináveis e impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através da mídia. São invisíveis os conflitos como em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar, entre tantos outros, que assumem hoje os contornos de uma “terceira guerra mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25).

Nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser naturalizada. É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem permanecer vivos entre nós.

A desigualdade social, gerada pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos migrantes e o flagelo da fome são algumas das formas da violência estrutural visibilizada nos tempos de hoje.

Urge não fechar os olhos diante da loucura da corrida armamentista no Brasil. O número de caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs), aumentou 325% de 2018 a 2021. “O gasto com armas é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade” (Papa Francisco, 21 de março de 2022), particularmente quando alimentado por discursos fundamentalistas, inclusive religiosos, que transformam adversários em inimigos e comprometem a fraternidade.

A violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser.

A vida é o maior dom! Cuidar responsavelmente da vida implica trabalhar artesanalmente pela paz (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 225), a justiça social e o bem comum, sempre no respeito pelas diferenças, valorizando a liberdade religiosa e a verdade, dialogando até a exaustão, pois tudo isso é condição para a verdadeira paz.

Por isso, na responsabilidade de nossa missão de pastores, queremos expressar nossa palavra de esperança: aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!

Unamo-nos em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo.

Brasília-DF, 22 de junho de 2022.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler. OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá – MT
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário Geral da CNBB

Fonte: CNBB

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