Em 1918, um fenômeno raro surpreendeu os paulistanos: uma onda de frio intenso fez com que a cidade de São Paulo literalmente congelasse. As ruas, normalmente movimentadas, mesmo naquele tempo, quando São Paulo não era nem de perto a cidade de hoje em dia, foram tomadas pelo silêncio e a maioria das pessoas não ousou sair, preferindo ficar no conforto de suas casas.
Segundo as narrativas, a neve caiu pela primeira vez de forma bem intensa na cidade, pegando muita gente desprevenida, tendo que tirar as pressas, seus casacos e gorros mais pesados dos armários.
Era como se o tempo tivesse parado. Aquela manhã gelada entrou para a história como “O dia em que São Paulo congelou”, num registro de um inverno que se tornou inesquecível no coração tropical do Brasil. Mas, na verdade, não foi bem assim, e a neve nunca aconteceu na cidade. Mas o que se passou de fato, então?
No dia 25 de junho de 1918, há mais de 100 anos, a cidade de São Paulo viveu uma das madrugadas mais geladas de que se tem notícia em sua história. Em alguns lugares, os termômetros chegaram a marcar 3 graus negativos, uma das mais baixas temperaturas registradas até hoje na capital paulista. Muitos moradores da época ficaram até felizes, acreditando que estariam vendo neve, coisa que só acontece em outros países, ao perceber a espessa camada de gelo que se formou nas ruas, sobre os gramados e telhados.
No entanto, os dados mais precisos tirados dos registros meteorológicos de vários laboratórios, como o da USP, Universidade de São Paulo, que registra a temperatura desde 1910, entristeceram as pessoas ao mostrar que se tratava de uma intensa geada causada pelo congelamento do orvalho e da umidade junto ao solo. A intensidade da geada foi tão forte que congelou águas expostas ao tempo em vários bairros da cidade e também formou blocos de gelo sobre o Rio Tietê, que também não era ainda o rio poluído que hoje conhecemos.
É bom saber que a cidade de São Paulo nunca registrou neve de fato, mas esse evento entrou para o imaginário popular como “o dia em que nevou em São Paulo”, tornando-se mais uma das famosas lendas urbanas, fazendo jus àquele ditado que diz que “quem conta um conto, aumenta um ponto”.
O raro fenômeno, que se repetiria depois em 1925, ficou registrado na memória da cidade, transformando o inverno de 1918 em um marco histórico. Com os fenômenos do Aquecimento Global e do Efeito Estufa provocados pelo acúmulo de gazes emitidos pelas indústrias e pelos milhões de veículos que rodam pela cidade, dificilmente um fenômeno como esse voltará a acontecer.
Os registros de vários departamentos de meteorologia, sobretudo de um laboratório pioneiro que ficava na Avenida Paulista, mostram que o ano de 1918 foi de extremo frio não apenas para a cidade, mas para todo o estado de São Paulo.
Realmente fez muito frio naquele dia, com a temperatura caindo abaixo de zero, o que provocou a rara geada que acabou deixando a população assustada por um lado, mas feliz por outro, por presenciar tão raro fenômeno.
Naquele dia a estação meteorológica registrou uma forte neblina que envolveu a maior parte da cidade. O nevoeiro ao encontrar o chão bem frio acaba sublimando, passando direto do estado gasoso para o sólido. O orvalho congelado acaba se transformando então em geada. Esse fenômeno da sublimação é estudado pelos alunos nos laboratórios das nossas escolas. Os mesmos registros oficiais mostram que com as condições do tempo naquele dia, sem nuvens sobre a cidade, não haveria como nevar nem em São Paulo ou em qualquer outro lugar do mundo.
A neve, assim como a chuva, é uma forma de precipitação e apesar de São Paulo estar construída num planalto, chamado de Piratininga, com uma altitude média de 800 metros acima do mar, isso não é suficientemente alto para provocar o fenômeno da neve. Além disso, estamos numa zona tropical, distante do polo Sul, e isso faz com que não haja condições de ter massa de ar polar suficientemente intensa para atuar na formação de neve.
Os registros meteorológicos do antigo Observatório da Avenida Paulista indicavam que naquele dia o céu estava completamente limpo, condição que inviabiliza a ocorrência de neve, já que esse tipo de precipitação exige o acúmulo de nuvens. Céu limpo e frio intenso podem provocar a formação de geadas, mas não de neve.
Apesar da explicação científica, a visão do gelo acumulado sobre o solo alimentou o imaginário popular. Os gramados e calçadas cobertos por cristais gelados foram suficientes para que o acontecimento ganhasse status de “nevasca”. A memória do episódio atravessou décadas, sendo recontada por gerações como uma das madrugadas mais congelantes da cidade.
O evento virou até tema literário. O escritor José Roberto Walker resgatou o episódio em seu livro Neve na Manhã de São Paulo, inspirado em relatos de amigos de Oswald de Andrade. A “neve” de 1918 pode não ter sido real, mas permanece como uma das maiores lendas do inverno paulistano.
O que ocorreu naquele dia 25 de junho de 1918 se repetiria em outras ocasiões, como entre 24 e 28 de julho de 1925, quando ocorreu outra forte geada. A confusão se deve porque os cristais de neve são bem parecidos com os da geada
Hoje, com o uso dos recursos da inteligência artificial, é possível criar imagens de uma cidade coberta pela neve, mas isso não passa de uma bela ficção.
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