Superstições da Quaresma: Qual é a reação do católico frente a essas realidades?

Na época da Quaresma, algumas práticas supersticiosas acompanham muitas pessoas e podem atrapalhar uma boa vivência desse período de especial graça para a nossa conversão. Esse tempo é um convite para nos aproximar de Jesus e descobrir que somente por Ele é que há sentido nas verdadeiras práticas quaresmais.
Posso cortar o cabelo? A unha? Tenho que guardar meu violão numa sacola e não usá-lo? Tenho que cobrir a imagem dos santos? Essas e muitas outras perguntas e crenças estão espalhadas pela internet.
Qual é a reação do católico frente a essas realidades?
Acredito que a primeira atitude é saber que a nossa religião não é supersticiosa. De acordo com o dicionário Aurélio, superstição é o “desvio do sentimento religioso, fundado no temor ou na ignorância, e que coloca caráter sagrado a certas práticas, destituídas de qualquer transcendência". Em outras palavras, é colocar o sobrenatural onde ele não está.
Não existe nenhuma razão para acreditar que "vai dar unheiro” se eu cortar a unha na Quaresma. Isso é superstição. A nossa religião é cristã, ou seja, tem Cristo como fundamento. Por seus feitos e palavras, acreditamos que Ele é o Filho de Deus, o Messias que veio para salvar o mundo. No Credo, que rezamos todos os domingos depois da homilia do padre, podemos encontrar um condensado da nossa fé. Lá não diz que, "se penteamos o cabelo durante a Quaresma, Maria vai ficar nervosa porque ela não penteou o cabelo no dia em que Jesus morreu".
Existe uma realidade na cultura brasileira na qual os católicos precisam estar atentos. Se chama sincretismo religioso, que é a mistura de diferentes práticas religiosas, de diferentes religiões. Aqui se mistura o católico com o candomblé, com o espiritismo, com o protestante e tantas outras manifestações religiosas.
A pluralidade não é ruim, uma vez que os diferentes pontos de vista ajudam e enriquecem as pessoas. Mas isso não significa que devemos "colocar tudo em um mesmo saco", como se tudo fosse compatível e bom. Uma correta aproximação a esse tema nos leva ao diálogo e à evangelização da cultura. Dialogar, buscar a verdade, apropriar o que de bom há em tudo, com a confiança de que nada do que é verdadeiramente humano é alheio a Cristo, que é o ser humano pleno, como nos diz o Concílio Vaticano II.
Sabemos que a Quaresma é um tempo de conversão. Esta, por sua vez, é uma mudança integral, de mente, coração e ação, para aproximar-nos um pouco mais de Deus. Dessa maneira, antes de perguntar-se se podemos fazer isso ou aquilo na Quaresma, poderíamos perguntar-nos: "por que eu deixaria de fazer tal ou qual coisa?"
Quais são as motivações que me levam a guardar o violão? É porque eu acredito que alguma coisa ruim pode me acontecer? Isso seria superstição. Mas pode ser também porque eu acredito que isso me ajudaria a fazer mais silencio interior para escutar a Deus. Isso não é superstição. Poderia ser um modo de jejum, um dos meios propostos pela Igreja para o aprofundamento na oração, válido principalmente para este tempo.
Nunca é demais lembrar que a Igreja nos propõe, além do jejum, a caridade e a oração como meios especiais de conversão. Um meio prático para saber se o que estou fazendo é superstição ou uma pratica quaresmal é ver ela se encaixa em algum desses três meios, lembrando que a finalidade dos três meios é sempre a nossa aproximação de Deus.
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Se faço algo que não me aproxima d'Ele ou que, pior ainda, me afasta, essa não é uma prática quaresmal e pode ser uma superstição. Jesus é a fonte de água viva, é a luz do mundo, como estamos vendo nesses dias na missa. E somente Ele pode realizar os desejos mais profundos do nosso coração. E é isso que Ele quer fazer na Quaresma. Por isso, é importante separar as superstições da nossa fé, já que elas dificultam a vivência do que realmente nos propõe a Igreja para este tempo, para que tenhamos uma vida mais parecida com a de Jesus.
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Se olhamos para Maria, nossa Mãe, podemos encontrar um modelo de fé sem superstições. Ela pode nos ensinar a olhar sempre para Jesus, como Ele realmente é. Se nos aproximamos dela, ela então nos ajudará a viver bem o que ainda falta deste tempo de graça para a nossa vida.

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