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História da Igreja

A Invasão dos Povos Germânicos e a queda do Império Romano

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

24 NOV 2020 - 08H49 (Atualizada em 24 NOV 2020 - 10H21)

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HISTÓRIA MEDIEVAL 03

O Império Romano teve seu auge ao longo do primeiro e do segundo século da era cristã, mas a partir daí passou a enfrentar um período de decadência motivado por vários fatores. Fora das fronteiras do império, existiam vários povos que não possuíam a cultura dos romanos. Para expandir suas fronteiras, eles foram vítimas de continuadas guerras do Império Romano, mas quando o Império Romano chegou à sua máxima expansão, os limites do império foram protegidos e as legiões cuidavam da segurança das fronteiras.

Desde muitos anos, o Império Romano começou a ser invadido de modo pacífico, com os povos germânicos entrando império adentro sem maiores dificuldades, pois com a crise econômica, as legiões passaram a ser substituídas por alguns desses povos, que fizeram acordos com os romanos, especialmente nas regiões do norte da Europa.

Justamente depois do reinado do imperador Teodósio, quando todo o império romano já era de marcas cristãs, o grande império romano entrou na fase mais aguda da decadência, caindo depois sob o domínio de diversos povos germânicos.

Um império invadido e repartido

Leia MaisComo nasceu a Europa?O Império Romano guardava em seu interior imensas riquezas, que passaram a ser objeto da cobiça de povos invasores, pois suas fronteiras estavam desguarnecidas. Alguns povos eram mais fortes e organizados; outros, porém, eram pequenos e tinham uma estrutura social mais rudimentar. Aqui citamos apenas os principais Povos Germânicos que ainda são retratados como bárbaros, como se fosse uma subcultura, em muitos filmes e livros de história.

Eram estes os principais povos:

Visigodos. Tomaram e saquearam a cidade de Roma no ano de 410, comandados pelo rei Alarico. Depois de passar pelo sul da França se estabeleceram na Espanha, expulsando outros povos que haviam chegado antes deles.

Vândalos. Ficaram conhecidos pela sua ferocidade, deixando um caminho de destruição por onde passavam. Tomaram a Península Ibérica, expulsando outros povos mais fracos que lá estavam e depois passaram ao norte da África, em 429.

Ostrogodos. Entrando no império tomaram toda a península italiana expulsando outros povos mais fracos como os hérulos. No ano de 493 já eram donos de quase todo o território da Itália atual.

Lombardos. Tomaram o norte da Itália e aí fundaram um reino no ano de 585. A capital do seu reino era a cidade de Pavia e hoje na Itália há a região da Lombardia.

Francos. Era um dos povos mais fortes e organizados. Tomaram todas as Gálias (França atual) e aí estabeleceram um forte reino que teria o seu auge com o imperador Carlos Magno no século IX, a partir do qual surgiria o Sacro Império Romano.

Anglo-Saxões. Chegaram do extremo norte da Europa e invadiram as Ilhas Britânicas lutando com os bretões e estabelecendo vários reinos nas ilhas.

Povos Eslavos. Chegaram e conquistaram o leste europeu ameaçando o Império Romano do Oriente. Vários deles se estabeleceram na região dos Balcãs e nas regiões mais ao leste da Europa.

Além destes povos maiores e mais conhecidos existiu também uma série de outros povos menores, que também invadiram o Império Romano do Ocidente sendo subjugados e dominados por povos mais fortes.

Ao longo da Idade Média a Europa passaria por ao menos três ciclos de invasões. No século IX teríamos a invasão dos mulçumanos e no século XI seria a vez dos povos nórdicos, tendo entre eles os ferozes vikings e os normandos.

Esta série de invasões duraria quase seis séculos trazendo sérias consequências tanto para o império como para a Igreja:

• As invasões provocaram a desestruturação do Império Romano do Ocidente que aos poucos seria retalhado em uma série de pequenos reinos independentes.

• Decadência dos costumes, da ordem e da unidade do império. O mundo conhecido da época passaria por uma fase de grande perturbação e falta de segurança. Por causa disto, as pessoas começaram a fugir das cidades para o campo provocando o chamado êxodo urbano.

• A vida pastoral e o atendimento espiritual realizados pela Igreja foram desorganizados. A Igreja precisará encontrar novas formas de atendimento as pessoas e de evangelização de povos que não conheciam o cristianismo ou eram ligados à heresia do arianismo.

• Aos poucos a Igreja assumiria um papel importantíssimo no império, pois além de salvar a cultura clássica nos mosteiros, transmitiu esta cultura aos séculos futuros. A Igreja protegeu a população diante dos inimigos invasores e assumiu a administração do império, sobretudo, diante da incapacidade dos governantes da época.

Tendo sua posição fortalecida a Igreja passa a trabalhar na criação de uma nova civilização, assumindo com coragem a evangelização dos novos povos. Esse modelo de vida marcadamente cristão seria conhecido como Cristandade medieval.

Por fim, é bom lembrar que enquanto a Igreja e o império do ocidente sofriam com as invasões, a Igreja e o Império do Oriente praticamente não foram afetados, continuando a sua caminhada e apogeu.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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