Por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. Em História da Igreja Atualizada em 21 MAI 2019 - 09H24

A Organização da Igreja posterior a Constantino

PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA

HISTÓRIA ANTIGA 11

Como vimos anteriormente, no ano de 313, o imperador Constantino publicou o Edito de Milão, que leva este nome por ter sido publicado na cidade de Milão. Por ele, a Igreja foi equiparada às demais religiões do império e os cristãos ganham liberdade para professar e praticar livremente a sua religião. Mais tarde, em 395, o cristianismo seria oficializado como a única religião permitida no império, e a situação se alteraria totalmente.

A partir destes dois fatos, a organização da Igreja passou por uma grande transformação. A organização do império foi sendo, aos poucos, assumida pela Igreja e a liturgia cristã assumiu todo o cerimonial da corte.

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Coliseu - Roma (Itália)


Nos primeiros séculos, a grande maioria dos cristãos morava na zona urbana e a sua autoridade maior eram os bispos. A zona rural era evangelizada por bispos da cidade. Agora, com o fim das perseguições e com a oficialização da Igreja, são também designados bispos rurais, pois até agora os bispos moravam somente nas cidades. Um pouco mais tarde surgiriam as paróquias rurais. Enquanto o bispo cuidava da cidade, os padres cuidavam da zona rural.

Até este momento, meados do século IV, os padres e bispos dependiam do seu próprio trabalho para viver. Neste ponto, com a oficialização da religião cristã, eles começam a receber bens e propriedades como herança ou como doação do império, pois bens que eram confiscados aos pagãos eram doados à Igreja. Com estas doações, o patrimônio da Igreja cresceu rapidamente e a Igreja vai também adquirindo uma nova organização.

Organização territorial da Igreja no Império Romano

Entre os séculos IV e VI, depois da oficialização do cristianismo, a Igreja passou a se organizar do seguinte modo: Um grupo de paróquias formava uma diocese. À frente das paróquias estavam os padres e à frente das dioceses estavam os bispos. Um grupo de dioceses formava uma província. À frente de cada província estava um bispo chamado de metropolita. Isto porque as sedes das províncias, atuais arquidioceses ou províncias eclesiásticas, ficavam nas maiores cidades. Existiam também as paróquias rurais e outras paróquias urbanas.

Uma curiosidade interessante: até este momento, mesmo as pessoas que eram ou tinham sido escravas, podiam se tornar padres. Mais tarde, isto não seria mais possível.

Com a invasão dos povos germânicos e com a degradação do Império Romano, a importância do clero aumentou ainda mais, e isto por diversas razões:

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O clero - padres e bispos - passou a cuidar da administração do império, sobretudo, os bispos é que faziam isto, pois o império já não podia cuidar bem de seus cidadãos.

Além disso, o clero era a única classe que tinha cultura, sabendo ler e escrever e padres e bispos passaram a participar ativamente da administração. Era o clero que cuidava das obras assistenciais, ajudando os pobres, os órfãos e viúvas.

A unidade e a organização da Igreja, a partir deste momento, tornam-se a base do império e um instrumento importante na manutenção desta estrutura passam a ser os sínodos, que podem ser convocados até mesmo pelos imperadores.

Sínodos

São reuniões periódicas, feitas pelos representantes da Igreja. A maioria de seus participantes são os bispos. Os sínodos regulam as questões doutrinais, disciplinais e culturais e protegem, defendem e reforçam a unidade da Igreja.

São os sínodos que estabelecem os dogmas e defendem a ortodoxia da Igreja e, muitas vezes, são convocados pelos imperadores. Neles participam também os representantes do Papa. Este período que estamos estudando também nos oferece o fortalecimento do poder do bispo da cidade de Roma, que vai tornar-se o Papa, o grande chefe é a maior autoridade de toda a Igreja católica.

A figura do papa ganha especial relevo

Leia MaisO Edito de Milão e a liberdade de culto religiosoConstantino: Vitória ou derrota da Igreja?Estamos falando do período que vai do século IV, quando se deu a oficialização do cristianismo como religião oficial e obrigatória do império, indo até o século VI, quando aconteceu de vez a deterioração do Império Romano.

Com isso, a autoridade do Papa vai assumindo uma importância cada vez maior. Isso se deve a diversos motivos:

O Papa torna-se o vigia da ortodoxia da fé, sobretudo diante das questões teológicas e doutrinais, mas também diante das heresias.

É o Papa que confirma as decisões tomadas pelos bispos nos sínodos e só ele é que pode excluir algum cristão da Igreja.

Quando o império se enfraqueceu, foi o Papa que, aos poucos, foi substituindo o imperador no governo do estado.

Neste último tempo, ainda não existia ainda um título próprio para o Papa, pois isto só viria mais tarde. Além disso, não havia uma roupa própria para ele. Os mesmos títulos que se davam aos bispos, se davam também ao Papa. Por esta época, começou o processo de formação dos estados da Igreja, mais tarde chamados de Estados Pontifícios.

Concílios

Além dos sínodos, outro instrumento importante na vida da Igreja são os concílios, que já eram realizados no império.

Os concílios muitas vezes eram convocados pelos imperadores e neles participavam os legados do Papa. Os concílios serviam tanto ao interesse do estado como da Igreja, pois suas decisões serviam tanto como leis para a Igreja como leis do estado. O primeiro concílio foi realizado em Jerusalém, por volta do ano 50 d.C.

Com a invasão dos povos germânicos, muitas coisas seriam modificadas na vida dos cristãos e no modo de organização da Igreja.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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