“Não é uma ocasião para o folclore, mas para a evangelização. Em meio a tantas guerras, também no Mediterrâneo, podemos transmitir uma vida fraterna através das tradições”. (Dom Bustillo)
O Papa Francisco realizou mais uma de suas viagens missionárias, no dia 15 de dezembro, para concluir a conferência sobre a religiosidade popular no Mediterrâneo. Esta será a primeira visita de um Pontífice à Córsega, ilha encravada no Mar Mediterrâneo, próximo à Sardenha.
A perspectiva é que a visita seja um demonstrativo do envolvimento do Papa Francisco com a região do Mediterrâneo e com a precária situação dos migrantes, depois de suas anteriores viagens às ilhas de Lampedusa, Lesbos e Malta, onde falou sobre o chamado da Igreja à solidariedade com migrantes e comunidades costeiras.
A Córsega, a maior ilha da França e a quarta maior do Mar Mediterrâneo, fica atrás da Sicília, Sardenha e Chipre, localizando-se a oeste da Itália, mesmo sendo uma região administrativa da França. Os gregos antigos a chamavam de kallisté, que significa “a mais bela de todas”. E não é exagero, porque as paisagens da Córsega são como um colírio para os olhos dos visitantes.
Leia Mais“Expedições ao Sagrado” percorre a história dos jesuítas na França e em São PauloViagem do Papa à França será pela paz e acolhimentoA Córsega, localizada acima da ilha da Sardenha, no mar Tirreno, faz parte do território francês desde 1768, mesmo tendo sido por séculos um domínio genovês antes de fazer parte da França.
A partir dos séculos XIV e XV, Gênova tomou conta da situação, passando a desenvolver a ilha como um de seus territórios ultramarinos.
Por essas razões, ainda hoje a Córsega se revela como um híbrido entre França e Itália, com raízes tanto italianas como francesas.
Apesar de sua localização no Mediterrâneo, a ilha não foi um lugar de expressão na Antiguidade, embora haja vestígios de pequenas comunidades que ali existiram. Durante bastante tempo foi usada como lugar de prisão e de exílio, o que ocorreu com o pensador Sêneca por alguns anos. Depois chegou a ser tomada pelos árabes na Idade Média, mas as poderosas cidades italianas de Pisa e Gênova os expulsaram e passaram a controlar a ilha.
No ano de 1768, a França invadiu a ilha e a anexou ao seu território. Ali nasceu Napoleão Bonaparte, o mais ilustre e conhecido de seus habitantes. Ele nasceu em Ajaccio, no ano de 1769, e a casa onde nasceu está preservada. Na cidade, ainda hoje são encontradas referências a esta figura histórica, como praças e ruas.
A família de Bonaparte tinha raízes na nobreza italiana que habitava a ilha, mas em vez de assumir a forma italiana original no seu nome “Napoleone di Buonaparte” ele escolheu um nome afrancesado.
Napoleão passou sua infância em Ajaccio, onde frequentou a escola primária, mas fugiu para o continente em 1793, depois de um conflito com Pasquale Paoli, líder corso que decidiu separar-se da França. Sua história é bem conhecida depois disso. Ele assumiu o poder na sucessão da Revolução Francesa e, a partir de 1796, iniciou uma série de ações políticas e militares, liderando tropas que lutaram em vários países.
No ano de 1804, deu início ao período imperial, se autocoroando como imperador da França. Sua coroação foi cheia de simbolismos, realizada na Catedral de Notre-Dame, em Paris.
Mesmo tendo construído o maior império continental europeu desde o imperador Carlos Magno, sofreu várias derrotas e acabou sendo exilado na ilha de Elba, em 1814.
Ainda que pudesse se movimentar livremente pelo seu território, sem vigilância ou necessidade de prisão, Elba virou um local de confinamento até 1815, quando fugiu da ilha, voltando ao continente onde retomou o poder na França, dando início ao Governo dos Cem Dias. Esse governo se encerrou com sua derrota na Batalha de Waterloo, travada em junho de 1815.
Napoleão foi então enviado para o seu segundo exílio na ilha de Santa Helena, no meio do Oceano Atlântico, bem distante da Europa. Ali viveu seus últimos anos vida até morrer, no dia 5 de maio de 1821.

A Igreja na Ilha de Córsega
Hoje a Ilha de Córsega tem uma população próxima de 355 mil habitantes, dos quais mais de 90% professam a fé católica. Todos os anos os fiéis católicos corsos vivenciam rituais, procissões nas ruas e eventos devocionais, merecendo destaque particular a festa de Nossa Senhora da Misericórdia, mais conhecida como “Madunnuccia”, padroeira da cidade de Ajaccio.
A ilha também é conhecida pelas suas tradições religiosas, incluindo uma profunda devoção à Nossa Senhora. O hino não oficial da ilha, “Diu vi Salvi Regina” (“Deus vos salve Rainha”, em corso), é originalmente baseado numa interpretação do hino “Salve Regina” (Salve Rainha, em latim).
Na ilha existem vários templos históricos como a Catedral de Nossa Senhora da Assunção localizada na cidade de Ajaccio, sede da diocese, que é de 1495, e ainda a capela ou igreja da Santa Cruz, que é de 1542, construída no estilo chamado de barroqueto, com elementos próprios do estilo barroco rococó.
A Conferência Episcopal Francesa hoje é formada por 15 províncias eclesiásticas (arquidioceses) e 120 dioceses, das quais uma íntegra as comunidades católicas existentes na ilha.
A diocese de Ajaccio tem por volta de 355 mil habitantes, servida por 97 sacerdotes religiosos e diocesanos, e mais 16 diáconos permanentes, distribuídos em 11 paróquias em toda a ilha.
O bispo de Ajaccio é o cardeal François-Xavier Bustillo, um frade franciscano conventual, espanhol de Pamplona, mas naturalizado francês. Ele lidera a Igreja da Córsega desde 2021, após ser nomeado pelo Papa Francisco. Em 2023, o Papa o criou cardeal no Consistório de 30 de setembro.

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