O objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano foi “sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus”.
Nossa terra, imensa, rica e bela, cheia de um povo bom e solidário, não pode deixar de sonhar o sonho de Deus, de sermos uma pátria de irmãos na mais perfeita união e igualdade de direitos.
Leia MaisFraternidade e Fome: “Dai-lhes vós mesmos de comer” A tragédia da fomeNossa população está acostumada a repartir, comprovando que “o pouco com Deus é muito”.
Quando ninguém considera somente seu o que possui, mas oferece o pouco que tem como dom para socorrer os que têm menos ou nada, somos capazes de fazer o milagre da multiplicação, o “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Somos um país extremamente desigual e é possível que muita gente custe a acreditar que temos 33 milhões de irmãos passando fome.
Josué de Castro já denunciava a “conspiração do silêncio em torno da fome”. Enquanto não se fala, parece que ela não existe. Tampouco podemos dar razão aos que ficam culpando os pobres pela sua pobreza, generalizando histórias que eles alegam. “Se meu irmão tem fome, o problema é nosso” dizia Dom Hélder Câmara.
Nós, cristãos, temos nas palavras do Cristo Juiz o fundamento da nossa caridade. Ele vai nos dizer: “Eu tive fome e me destes de comer”. Quando? “O que destes a vosso irmão foi a mim que me destes”. Na pessoa do necessitado, é o próprio Jesus que nós socorremos!
Por isso, São João Crisóstomo dizia: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não O desprezes nos seus membros, isto é, nos pobres, que não têm o que comer”. E, falando de nossas lindas igrejas, perguntava: “Que proveito resulta de a mesa de Cristo estar coberta de taças de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres?”
A obrigação de sermos fraternos deriva também da celebração da Eucaristia, como afirmava o Papa Bento XVI:
“A união com Cristo é, ao mesmo tempo, união com todos os outros aos quais Ele se entrega”.
É isto que a gente professa cantando: “O Pão da vida, a Comunhão, nos une a Cristo e aos irmãos”.
São Paulo escreveu: “Nós somos muitos, mas formamos um só corpo, porque participamos de um único pão” (1Cor 10,17). No sermão da festa de Corpus Christi, em 2021, disse o Papa Francisco: “Não podes comer este Pão, se não deres o pão aos famintos.”
A CF 2023 nos levou a rezar e refletir, motivando-nos a agir em três níveis: assistencial, pois “quem tem fome tem pressa”; promocional, buscando gerar emprego e renda para os pobres; e sociopolítico, preconizando uma economia solidária, que diminua a desigualdade entre nós.
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