Liturgia

Pentecostes: Um chamado a fazer barulho

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

08 JUN 2014 - 06H03 (Atualizada em 20 MAI 2021 - 08H49)

Thiago Leon

“Espero que façam barulho. [...] eu quero que se façam ouvir também nas dioceses, quero que saiam, quero que a Igreja saia pelas estradas ...”

Essas foram algumas das palavras do Papa Francisco em um encontro com jovens argentinos que peregrinaram até a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em 2013. Penso que essas palavras ilustram bem a festa de Pentecostes que celebramos hoje na Igreja, porque no dia de Pentecostes Deus nos envia o seu Espírito e com Ele, recebemos a força necessária para sair pelo mundo fazendo o barulho que nos pede o Papa.

Se olhamos a primeira leitura do dia de hoje com atenção, podemos perceber que o primeiro a fazer barulho é o próprio Deus: “De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania”, nos diz o texto dos Atos dos Apóstolos. Os discípulos estavam reunidos em oração, esperando a vinda do Espírito e quando Ele chega, faz esse barulho que congrega as multidões e faz com que cada um escute o anúncio em seu próprio idioma, como nos diz o versículo 6:

“Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua”.

Em Pentecostes, Deus “faz barulho” na sua Igreja, que apenas começava a sua missão no mundo. A partir desse dia, a Igreja vem fazendo ecoar esse barulho por todos os cantos da terra, de acordo com o mandato do Senhor de “Ir por todo o mundo e proclamar o Evangelho”.

É sempre necessário recordar que o Espírito Santo de Deus está conduzindo a Igreja, porque “Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo”. Jesus, antes de ascender aos céus, prometeu que quando Ele subisse ao Pai enviaria o Paráclito, que haveria de guiar-nos até a verdade plena. E é muito importante não perder de vista que é isso que o Espírito está fazendo conosco até hoje. Nos está conduzindo como povo de Deus pela história, ajudando a que conheçamos cada vez melhor a Deus, preparando-nos para o dia em que o conheceremos totalmente e que já não precisaremos fazer nenhuma pergunta (cf. Jo 16, 23).

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A festa de Pentecostes coincide com a festa judaica das primícias. Nessa festa os judeus se alegravam oferecendo a Deus os primeiros frutos da sua plantação, com a esperança de que pudessem ter sempre uma boa colheita para poder se sustentar.

Na festa de Pentecostes, Deus nos oferece seu Espírito que é como o primeiro fruto da sua Encarnação, morte e ressurreição. Já não somos nós homens que oferecemos as primícias a Deus, mas Deus que as oferece ao homem. Dessa maneira podemos estar seguros de que essas primícias serão fecundas, como podemos ver já nos discípulos que começam a fazer apostolado logo depois de receberem o Espírito.

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Pentecostes é uma ocasião para que nos aproximemos desse Espírito Santo, que muitas vezes é o grande esquecido dos homens. Conhecemos a Deus que é Pai, também conhecemos a Jesus, Deus Filho, mas muitas vezes nos esquecemos de Deus Espírito Santo.

Essa festa é uma oportunidade de pedir com mais insistência que seja Ele, o Espírito, que guia as nossas vidas. Pedir aqueles dons de fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor de Deus, que são muito mais do que uma lista que aprendemos na catequese. O Papa Francisco tem feito semanalmente uma catequese sobre esses dons que vale a pena conferir para saber melhor o que significa cada um desses dons.

Acolhamos esse Espírito hoje. Recebamos essas primícias de Deus em nossas vidas para que nós também façamos ecoar o barulho de Deus no mundo inteiro, como nos pediu Jesus a dois mil anos atrás e como nos vem pedindo Jesus hoje por meio da sua Igreja, de maneira muito forte pelas palavras do nosso atual Papa Francisco. Façamos barulho!

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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