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A história e a função social do Circo Máximo de Roma

Local de espetáculos abrigava multidões, parte da famosa política do “pão e circo” praticada pelos governantes, para corridas de bigas e lutas de gladiadores

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

26 AGO 2025 - 11H10 (Atualizada em 26 AGO 2025 - 14H25)

Reprodução/Wikipedia

Próximo ao atual Coliseu, em Roma, existe uma grande área vazia, utilizada na atualidade para abrigar espetáculos e shows, que no passado, nos tempos gloriosos do Império Romano, abrigava o chamado Circo Máximo (Do latim circus, mesma coisa que círculo), do qual hoje restam apenas ruínas.

O Circo Máximo começou a ser erguido na Roma Antiga por volta do século VI a.C. Ele herdou algumas características do hipódromo grego, mas suas instalações construídas num formato oval foram pensadas para serem como que um “autódromo de corridas de bigas”, sendo mais versáteis, mais arrojadas e permitindo uma variedade de eventos.

Em seu apogeu se transformou na maior arena de entretenimento de Roma, chegando a acomodar até 150 mil espectadores. Isso é próximo da capacidade dos circuitos ovais modernos, como o de Indianápolis, nos Estados Unidos, que acomoda até 250 mil pessoas em suas arquibancadas ao redor da pista.

A construção foi pensada para abrigar corridas de bigas, veículos que usavam um ou dois animais, e quadrigas, que utilizavam quatro animais. Em algumas ocasiões o Circo Máximo abrigou também lutas de gladiadores.

A corrida de bigas, a exemplo do que acontece hoje em dia com o mundo do espetáculo, era uma verdadeira “indústria” que envolvia muita gente. Desde os criadores de cavalos, passando pelos donos dos estábulos, as facções, os patrocinadores e aqueles que apostavam nesse ou naquele corredor.

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Originalmente as bigas e quadrigas eram carros de combate, sendo adaptadas para essa finalidade. Normalmente na corrida cada veículo deveria dar 12 voltas ao redor da pista, sendo vencedor o que chegasse em primeiro lugar, com seu condutor recebendo os “louros da vitória” e a maior premiação.

Construído entre as colinas de Palatino e Aventino, pertinho do Coliseu, que seria construído bem mais tarde, por volta de 70 d.C., o Circo Máximo tinha mais de 600 m de comprimento por 118 de largura, funcionando até o século V mais ou menos.

Assim como aconteceu com a maioria dos monumentos da Roma Imperial, depois da queda do Império suas estruturas foram sendo demolidas, os materiais aproveitados e hoje o que resta da maior arena da história é uma pista coberta de grama e areia.

Da madeira ao mármore

O primeiro Circo Máximo foi construído todo em madeira e acabou parcialmente destruído por um grande incêndio. Durante sua reconstrução, no ano 30 a.C., os romanos utilizaram pedra e mármore para fazer os três andares da arquibancada, e madeira para a parte mais alta da arena. Ao longo de sua existência, o Circo Máximo passaria por cinco restaurações até chegar ao seu tamanho e formato finais.

No centro da arena havia um canteiro central que, além de delimitar o formato e os corredores da pista, servia como uma representação do poderio romano, sendo decorado com símbolos da conquista do império. Um desses “troféus” era o obelisco Laterano, o maior de Roma, com mais de 32 metros, retirado do templo de Amon, em Tebas, no Egito e que hoje está na Praça da Basílica de São João de Latrão. Assim como aconteceria mais tarde com o majestoso monumento egípcio da Praça da Concórdia, em Paris, com a diferença de que esse foi retirado de Luxor.

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Reprodução/Wikipedia Reprodução/Wikipedia Área onde ficava o Circo Máximo em Roma, fotografia de 1978


A maior parte dos lugares das arquibancadas era reservada aos cidadãos comuns, que não pagavam para entrar. Existia, porém, o chamado “pulvinar” que era uma estrutura localizada no meio das arquibancadas, como tribuna de honra onde ficavam as autoridades do império e as pessoas da nobreza. Em uma das reformas do circo, o imperador Domiciano (51–96 d.C.) fez uma ligação direta dali com seu palácio.

Como as corridas se sucediam, as pessoas levam seus lanches, com comida e bebida, porque comprar no local custava muito caro. As maiores atrações eram sempre as corridas de bigas ou de quadrigas. 

Na competição mais popular ao longo do século I, a corrida era disputada pelas equipes vermelha, branca, azul e verde e, muitas vezes, valia tudo pela vitória, até mesmo esmagar o adversário, pois a biga não ajudava muito na segurança, sendo feita de madeira e as mortes eram comuns, claro. Boa parte dos que conduziam as bigas, assim como no caso dos gladiadores, podiam ser escravos que tentavam a sorte na arena em busca de liberdade, dinheiro e fama.

Entre a pista e a arquibancada havia um fosso profundo, numa tentativa de proteger os espectadores, porém, podia acontecer de animais ou partes das bigas serem remessadas sobre os espectadores.

O Circo Máximo, com todos os espetáculos que apresentava, era aproveitado pelos imperadores, cujo palácio ficava bem perto dali, para acalmar a população nos tempos de crise. Era a famosa “política do pão e circo”, algo muito próximo dos dias atuais em que prefeitos retiram dinheiro da saúde ou da educação para custear shows musicais e espetáculos que custam caríssimo.

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Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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