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Igreja da Sagrada da Família: o único templo católico de Gaza

Reduto da fé católica foi construído na década 1960 e acabou se tornando alvo de bombardeio israelense. Leão XIV condenou o ataque e segue cobrando fim do conflito

Escrito por Ronaldo Casarin

05 AGO 2025 - 09H00 (Atualizada em 05 AGO 2025 - 16H19)

Reprodução/Wikipedia

Os católicos são minoria na Palestina. Com o agravamento da guerra e dos ataques de Israel – inclusive contra hospitais, escolas e alvos civis -, até mesmo o último e único refúgio dos poucos fiéis cristãos que ainda permanecem na Faixa de Gaza foi violada pelos horrores de uma guerra desigual.

No último dia 17 de julho, tanques israelenses atingiram a Igreja da Sagrada Família, deixando três mortos e 11 feridos. Um dos feridos no ataque foi o pároco da igreja, o sacerdote argentino Gabriel Romanelli, que ficou conhecido principalmente porque, desde o início da guerra, recebia todas as noites uma ligação do papa Francisco.

Reprodução/Vatican Media Reprodução/Vatican Media Detalhe de parte da Igreja destruída pelo ataque israelense

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, diante da repercussão internacional do ataque, tentou minimizar. Fez contato com o papa Leão e disse que o alvo fora atingido por engano.

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Entre ruínas e o silêncio de uma região devastada, o pequeno templo era um último refúgio espiritual para uma comunidade de pouco mais de 200 católicos encurralados pelo medo.

A Igreja da Sagrada Família era também um último abrigo para idosos, crianças e civis que não tinham para onde ir. Simbolicamente, era um espaço de trégua, expressando a fé e o espírito humanitário, até ser covardemente atingido pelas bombas do exército israelense.

História

A Igreja da Sagrada Família foi construída na década de 1960 e está sob administração da arquidiocese do Patriarcado Latino de Jerusalém. Apesar da diminuta comunidade católica na Palestina e na Faixa de Gaza, a atuação na região tem enorme importância, especialmente na educação.

Reprodução/Wikipedia Reprodução/Wikipedia Registro da construção da Igreja da Sagrada Família de Gaza na década de 1960


Em 1974, a paróquia fundou a Escola da Sagrada Família, que ao longo das décadas teve importante papel, atendendo milhares de crianças, inclusive não-católicas. Além da escola, a paróquia abriga ainda três conventos e um lar para crianças com deficiência. No entanto, desde a escalada do conflito e dos ataques israelenses em 2023, as atividades foram duramente comprometidas por conta das ordens de evacuação.

Na ocasião do ataque israelense, o papa Leão XIV se mostrou consternado com o ocorrido. A Santa Sé emitiu uma nota:

“Sua Santidade, o Papa Leão XIV, ficou profundamente entristecido ao saber da perda de vidas e dos ferimentos causados pelo ataque militar à Igreja Católica da Sagrada Família, em Gaza, e assegura ao pároco, padre Gabriele Romanelli, e a toda a comunidade paroquial sua proximidade espiritual.

Ao confiar as almas dos falecidos à misericórdia amorosa de Deus Todo-Poderoso, o Santo Padre reza pelo consolo dos que sofrem e pela recuperação dos feridos. Sua Santidade renova seu apelo por um cessar-fogo imediato e expressa sua profunda esperança por diálogo, reconciliação e uma paz duradoura na região”.

Reprodução/Wikipedia Reprodução/Wikipedia Interior da Igreja da Sagrada Família

Nenhum culpado

Diante da revolta internacional com o ataque, as Forças de Defesa de Israel (IDF) prometeram investigar o suposto erro e emitiram um relatório. As conclusões, no entanto, não trazem responsabilidades e ignoram o ato hostil contra o templo e os civis que nela estavam.

O documento explica que o tiro disparado contra a igreja católica teria ocorrido por acidente, surpreendentemente sem ação humana, e por mau funcionamento do projétil ou do mecanismo da peça de artilharia que o lançou.

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Em resumo, nenhuma responsabilidade individual pode ser atribuída e ninguém enfrentará punição, seja criminal ou disciplinar. As Forças de Defesa de Israel não esclareceram a natureza do problema.

Segundo reportagem sobre o tema publicada no site oficial do Vaticano, nos últimos 22 meses de guerra, em nenhum outro incidente semelhante, como os que envolveram o assassinato de voluntários humanitários e socorristas estrangeiros, trabalhando para ONGs ou sob bandeiras da ONU, qualquer responsabilidade foi apurada e nenhum soldado israelense foi punido.

A simbologia desse ataque não pode ser subestimada. Na tradição católica, igrejas não são apenas construções; são locais sagrados, espaços de esperança, especialmente em contextos de guerra. Atacar uma igreja é mais do que destruir paredes: é violar uma promessa de proteção. É converter um santuário em alvo.

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