A realização da COP30 na Amazônia será um momento simbólico e estratégico para o Brasil e para o mundo. Quem afirma é Salvatore Coppola-Finegan, pesquisador afiliado à IERN-LSRI, Campion Hall, da Universidade de Oxford, e presidente do Conselho do Instituto EcoCitizen, observador acreditado pelas Nações Unidas.
Em visita ao Santuário Nacional, numa entrevista ao A12 após sua participação no encontro do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), ele destacou a importância da conferência climática ocorrer no coração da maior floresta tropical do planeta.
“Dez anos do Acordo de Paris, o acordo mais importante de mudança climática na história do mundo. […] Eu acho que é uma oportunidade de fazer essa lembrança da importância da Floresta Amazônica para o sistema climático mundial. Não é só importante para o Brasil”, declarou.
Segundo o especialista, o que acontece na região amazônica impacta diretamente outras partes do mundo, como a Europa e a América do Norte. Ele reforçou a necessidade de reconhecer a responsabilidade histórica dos países do Norte Global.
“Temos que ajudar os países, os povos tradicionais, os originais, reconhecendo uma dívida ecológica [...] também uma dívida social com a gente na floresta amazônica”, apontou.

Justiça climática: desafio inseparável da justiça social
Salvatore Coppola lembrou que os impactos da crise climática são desproporcionalmente sentidos por populações vulneráveis, como mulheres, idosos, pessoas com deficiência e crianças. “A ciência tem evidência, temos muitos dados evidentes, que a mudança climática tem maiores impactos nas pessoas vulneráveis”, afirmou.
Ele destacou que a justiça climática não pode ser pensada sem considerar a justiça social:
“Se temos, por exemplo, uma mudança climática que faz com que parte do território do Brasil fique desertificado […] isso é uma questão social. Estamos vendo no norte, Estados Unidos e Europa, muita migração climática.”
Nesse contexto, defendeu políticas que promovam uma “transição justa”, com a substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis e apoio aos mais afetados. “Vamos evitar as migrações climáticas. Então são totalmente ligados: a mudança climática, o desafio da natureza, o colapso da biodiversidade e as questões sociais.”
Na 40ª Assembleia do CELAM, o conceito de “colegialidade”, união na missão, foi bastante discutido. Coppola-Finegan vê na Igreja um ator essencial na governança climática e na busca por soluções sustentáveis.
“A Igreja, nos últimos anos, está tomando uma posição cada vez mais ativa, mais participativa, mais importante nas discussões mundiais da geopolítica, da mudança climática, biodiversidade e desertificação”, afirmou.
Ele reforçou que a Igreja Católica tem presença, inclusive em locais remotos, o que a torna uma voz legítima dos territórios nas negociações globais.
“A Igreja muitas vezes é a única instituição, mais que muitos governos, presente nos territórios. [...] A Igreja pode levar essa mensagem do povo no meio das discussões mundiais.”
Além disso, o pesquisador valoriza o diálogo com a ciência e com outras confissões religiosas e movimentos sociais.
“Precisamos de muita união. [...] A Igreja tem uma estrutura em muitos níveis em todos os países. [...] Cada padre, cada pároco, cada reitor vai ter a possibilidade de levar também os ensinamentos das Nações Unidas até as paróquias, aos territórios.”
add_box Testemunho: Por que a Laudato Si’ mudou minha vida?
Salvatore lembrou que, também em 2015, ano do Acordo de Paris, foi publicada a encíclica Laudato Si', do Papa Francisco, que consolidou o conceito de ecologia integral. Para ele, esse documento foi decisivo na formação de uma nova consciência planetária.
“Nessa carta encíclica, falamos da ecologia integral, reconhecendo que todos os organismos vivos [...] tudo fica conectado, tudo está ligado. [...] Graças ao Papa Francisco, temos uma consciência maior dessas conexões”, afirmou.
Ele ainda ressaltou que a influência do Papa chegou aos governos e ministros, contribuindo diretamente para a assinatura do Acordo de Paris.
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