A tensão entre Rússia e Ucrânia não é algo recente, mas se intensificou particularmente em 2014, quando os ucranianos, em eleições gerais, tiraram do poder o então presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovych.
Assim, Moscou decidiu por uma intervenção mais dura e violenta, enviando tropas para a região da Crimeia e, em março daquele ano, após referendo local, anexou a região como território russo, algo que não agradou a maioria dos países da União Europeia.
Leia MaisPapa sobre a guerra: “É uma imensa tragédia”Em entrevista ao A12, Dom Volodemer Koubetch fala sobre a guerra na Ucrânia
Em 2022, o pretexto do governo de Vladmir Putin foi realizar uma "operação militar especial" para defender a população que fala russo e proteger a Rússia de “ameaças à segurança” devido à aproximação da Ucrânia com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A partir de então, mais precisamente da manhã do dia 24 de fevereiro deste ano, as principais cidades ucranianas foram sitiadas, mais de 2 mil civis foram mortos e o cenário de guerra preocupa o mundo inteiro.
A pergunta agora é como a Igreja Católica está reagindo e sendo impactada a partir do início dos ataques, e de que forma os civis residentes na Ucrânia estão sofrendo e enfrentado com a tomada de território por parte das tropas russas?
Papa Francisco
Desde o início dos ataques, o Santo Padre, como Vigário de Cristo na Terra, manifestou sua preocupação e iniciou atividades em busca do diálogo e da paz entre as nações: conversou com o embaixador russo na Santa Sé, ligou para ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyi expressando apoio e profunda dor pelo cenário de guerra instalado no país, foi enfático ao lamentar o caos instaurado no leste europeu.
“Na Ucrânia correm rios de sangue e lágrimas. Não se trata apenas de uma operação militar, e sim de uma guerra que semeia morte, destruição e miséria”, disse o Papa.
O Santo Padre doou uma ambulância para Lviv para o resgate de ucranianos afetados pela guerra. Em março, consagrou Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria pedindo por paz.
No mês de abril, o pontífice abriu a possibilidade de visitar a Ucrânia e mais recentemente não houve acordo entre o governo russo e o Vaticano para que Francisco pudesse visitar a Rússia e pedir o cessar-fogo na região
Missionários Redentoristas
O Governo Geral da Congregação do Santíssimo Redentor não mede esforços para que, além de evangelizar, também sejam seguidores de Cristo através da caridade ao povo ucraniano. Os missionários locais abriram suas casas e igrejas para acolher os refugiados e foragidos da guerra. Entre os refugiados estão crianças e idosos, dos quais muitos se abrigam num Convento Redentorista localizado na região Nordeste da Ucrânia, próximo à fronteira com a Bielorrússia.
Em artigo escrito para a página dos Redentoristas aqui no A12, o Padre Inácio de Medeiros, C.Ss.R. falou a respeito da situação dos seus irmãos de Congregação em meio ao conflito;
"A situação da Ucrânia é muito instável e muda a cada hora. Por isso, sejamos solidários aos redentoristas ucranianos e a todo o povo daquele país com nossas preces, especialmente pedindo a intercessão de Nossa Senhora e dos mártires redentoristas ucranianos.", disse.
O sofrimento dos cristãos locais
De acordo com o censo realizado em 2018 pelo Centro Razumkov, 67,3% dos ucranianos são Cristãos Ortodoxos e 10% são católicos dos diversos ritos. Uma mostra dessa ofensiva russa à fé cristã em território ucraniano foi o relato do sacerdote Paweł Tomaszewski, pároco paulino da paróquia de Nossa Senhora de Czestochowa, em Mariupol, a respeito do mosteiro da Ordem de São Paulo, que foi tomado pelas tropas russas, e se tornou a sede da administração local da chamada República Popular de Donetsk. A administração foi estabelecida no final de março.
"Peço que rezem pela nossa bela cidade, pelos seus defensores, para que possamos libertar a nossa cidade e o nosso santuário dos invasores”, disse o Sacerdote em sua página no Facebook.
Em entrevista ao A12 em março, Dom Volodemer Koubetch, Arcebispo da Metropolia Católica Ucraniana de São João Batista, parte da igreja católica ucraniana no Brasil, explicou sobre a força do ucraniano ao enfrentar essa situação:
"O que a gente pode dizer, e o que já se falou, é que o povo ucraniano é muito resistente, é batalhador e é exatamente por isso explicando um pouco a situação, porque o exército russo ainda não conseguiu dominar pontos mais estratégicos. Os analistas falaram no sentido de que a invasão seria de um, dois dias, seria rápida, e que o exército russo tomaria conta, e não foi isso que aconteceu. E uma das explicações é de que o povo ucraniano é muito resiliente, resistente, muito forte na fé, já sofreu tanto na história, durante a vida. Não sabemos quando isso vai terminar e 'se' vai terminar. Já se fala que essa guerra vai durar mais tempo, e eu vejo assim", relatou.
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