Santo Padre

A espiritualidade do Papa Francisco em várias dimensões

Escrito por Redação A12

23 ABR 2025 - 09H11 (Atualizada em 23 ABR 2025 - 10H20)

Vatican Media

O mundo acompanha os próximos passos da Igreja Católica após a morte do 266º pontífice da história na segunda-feira (21).

O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal”, como informou a Santa Sé.

Em 12 anos de pontificado, Francisco se dedicou a temas fundamentais para a Igreja e o mundo, como a misericórdia, justiça social, bioética, ecologia e o combate aos abusos. Também incentivou a evangelização no ambiente digital e abordou questões emergentes como a inteligência artificial, sempre buscando um diálogo entre a fé e os desafios contemporâneos.

Listamos em três tópicos, um resumo desta espiritualidade que sempre acompanhou Jorge Mario Bergoglio em 88 anos de vida, 67 destes dedicados à vida religiosa.

Carisma da Companhia de Jesus

Jesuítas Brasil
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Aos 22 anos, Jorge entrou para os Jesuítas, iniciando sua formação religiosa com um forte espírito missionário e dedicação ao serviço. Na Congregação, ele sempre se destacou por sua disciplina, profundo senso de humildade e proximidade com o povo, até porque há mais de 100 anos não tínhamos um Santo Padre vindo de uma ordem religiosa, assim, o carisma marcou a forma de Francisco em governar a Igreja.

São vários atributos jesuítas que o Papa exerceu desde março de 2013: aceitar-se como um pecador que foi chamado a seguir Cristo; alguém que está convencido de que mais que aplicar a lei é preciso fazer discernimento com os elementos próprios de cada caso; um firme convencido de que Deus está presente em toda a criação e que segue ali trabalhando dia e noite, que requer de nós um cuidado da ecologia integral; alguém convencido da esperança que há no homem; um leitor da realidade em chave da encarnação e empenhar-se tornar a Igreja uma Igreja em saída.

Uma característica muito forte do Papa é uma visão muito otimista: o homem é capaz de fazer o bem, e insiste em que o cristão deve ser uma pessoa alegre. O jovem Bergoglio que ingressou e se formou na Companhia de Jesus foi o mesmo Papa Francisco, e trouxe no profundo de sua espiritualidade várias características próprias, que afloram na maneira como ele imprimiu sua responsabilidade na Igreja. 

O Papa que mostrou o rosto misericordioso de Deus

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Francisco demonstrou ao povo da importância da misericórdia desde o início do pontificado, quando instituiu o lema episcopal miserando atque eligendo “tendo misericórdia dele, também o escolheu”, inspirado em uma das Homilias de São Beda, uma homenagem à misericórdia divina e reproduzida na Liturgia das Horas da festa de são Mateus.

Nesta mesma celebração em 1953, o jovem Jorge Bergoglio experimentou, com 17 anos, de modo totalmente particular, a presença amorosa de Deus na sua vida. Depois de uma confissão, sentiu o seu coração ser tocado e sentiu a vinda da misericórdia de Deus, que com o olhar de amor terno, o chamava à vida religiosa, a exemplo de Santo Inácio de Loyola.

São diversos os episódios onde o Papa foi instrumento da misericórdia, como a preocupação com os pobres, a fraternidade, o cuidado com a Casa Comum, o firme e incondicional não à guerra. Foram tantos ensinamentos em catequeses, audiências gerais e nas viagens apostólicas em que o Santo Padre enfatizou que misericórdia como “o ar para respirar”, isto é, do que mais precisamos, sem o qual seria impossível viver.

“A misericórdia de Deus é a nossa libertação e a nossa felicidade. Vivemos da misericórdia e não podemos nos dar ao luxo de ficar sem misericórdia: ela é o ar que respiramos. Somos pobres demais para estabelecer condições, precisamos perdoar, porque precisamos ser perdoados”.

Reprodução/ Vatican Media
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Além dos discursos, o Papa realizou atitudes misericordiosas, como a emocionante bênção Urbi et Orbi na vazia e chuvosa Praça de São Pedro, em março de 2020, para o fim da pandemia do Covid-19.

"Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos."

E ainda, como disse Dom Orlando Brandes na Missa no Santuário da segunda-feira (21), o Papa nos amou até o fim de suas forças, como ele fez no Domingo de Páscoa, ao dar a bênção ter dado a última volta pela multidão, para abençoar e saudar o povo de Deus.

A humildade franciscana

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Após 25 horas de conclave, o cardeal Bergoglio foi eleito Papa no dia 13 de março de 2013, e anos depois declarou a inspiração para o nome Francisco, que teve a influência do Arcebispo emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, que estava ao lado dele na votação.

“Quando os votos chegaram a dois terços, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o Papa. Ele me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei de São Francisco de Assis”, recordou o Santo Padre em uma de suas entrevistas.

Em 12 anos de pontificado, ele quebrou protocolos de outros papas ao dispensar o modelo tradicional do anel do Pescador, usar uma cruz de alpaca no lugar da cruz de ouro, continuou a usar seus sapatos ortopédicos, não quis morar em apartamento papal e sempre ficou num quarto de hóspedes no palácio de Santa Marta.

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Papa Francisco em sua identidade e liderança desenvolveu ideias e atividades dentro dos ensinamentos do Santo de Assis, como o Dia Mundial dos Pobres, a defesa incansável pelos migrantes e refugiados, ao criar uma data exclusiva para o cuidado e ternura com nossos idosos, além dos doentes e mais frágeis.

"Ele chama-vos a iluminá-la com a consciência humilde de que nada está garantido e tudo é dom de Deus; e a alimentá-la com aquela humanidade que se experimenta quando, deixadas por terra as aparências, permanece o que conta: os pequenos e grandes gestos de amor. Permiti que a presença dos doentes entre na vossa existência como um dom, para curar o vosso coração, purificando-o de tudo o que não é caridade e aquecendo-o com o fogo ardente e doce da compaixão", disse o Papa no início do mês de abril, durante o Jubileu dos Enfermos e do Mundo da Saúde.

Rodrigo Alvarez fala a TV Aparecida sobre o documentário "Um de Nós: Vida e Legado do Papa Francisco"


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