Por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R. Em Notícias

O mais antigo grupo de missões populares redentoristas do Brasil

Um pouco de história da mais antiga comunidade
da Província de São Paulo, fora de Aparecida
 

Todo começo é difícil...

 

Pe. Luiz Weiss

Pe. Luis Weiss,
iniciador de Araraquara.

Na tarde do dia 21 de setembro de 1920, chegava a Araraquara, o Pe. Luís Weiss, conhecido como Pe. Luizinho, missionário redentorista, a fim de iniciar uma nova fundação. Ele assumiria a Igreja (Capela) Santa Cruz, que ainda estava inacabada, e assim permaneceria por muito tempo. Mas, apesar de inacabada, foi inaugurada poucos dias depois, em outubro daquele mesmo ano. No dia 13 de outubro o Pe. José Lopes foi destacado para a nova comunidade, vindo de Goiás. A comunidade se completou com os irmãos Matias e Estanislau. Estava formada a Comunidade Missionária Redentorista de Araraquara.

Já havia acontecido uma tentativa de fundação por volta de 1909, com permanência até 1910, mas as dificuldades de manutenção e a pouca participação do povo fez com que a fundação não se concretizasse. 

Anos depois, logo no começo de novembro, dois missionários, Pe. José Lopes e Pe. Martinho Forner, este vindo da casa da Penha, em São Paulo, saíram para pregar a primeira missão na cidade de Novo Horizonte (SP), na época, um lugar pequeno do interior. Desta missão faltam maiores detalhes, mas sabe-se que aconteceu entre os dias 05 e 15, atingindo a cidade e mais uma capela rural. Os missionários emendaram os trabalhos, seguindo-se a missão em Itajobi (SP), entre os dias 22 e 29 do mesmo mês, que atingiu a cidade e mais uma capela rural. Essas foram as primeiras missões realizadas pelos missionários redentoristas da Comunidade de Araraquara. 

A partir de então, a equipe, hoje formada por seis missionários, nunca mais deixou de pregar as missões sendo a comunidade missionária mais antiga entre todas as comunidades missionárias do Brasil.

A primeira residência da comunidade era uma casa alugada localizada na Rua Padre Duarte, 77, a uns 200 metros da Capela de Santa Cruz. As primeiras refeições eram feitas na Casa paroquial até a chegada do Irmão Estanislau que passou a cuidar da cozinha.

O primeiro convento, residência estável dos que atendiam o povo na igreja e dos integrantes da equipe das missões, foi construído mais tarde e assim permaneceu até 1975 quando se inaugurou o atual convento. Como não havia separação entre a igreja e o convento, ainda hoje ela é considerada uma “igreja conventual” ou não-paroquial, pois também encontra-se muito próxima da Matriz de São Bento, sem condições para ser erigida como paróquia.

É interessante recordar que na época, nossa igreja e convento ficavam na periferia da cidade, nos limites com a zona rural. Enquanto os missionários saiam para sua labuta, os que ficavam em casa cuidavam de ajeitar a residência da nova comunidade, pois ocupavam uma casa pequena nas imediações do que hoje é a Praça Santa Cruz e atendiam o povo na capela.

Foto de: arquivo. 

Antigo convento de Araraquara

Primeiro convento de Araraquara: na época de sua construção, igreja e convento eram interligados.

 

Tudo tem o seu motivo...

A quase centenária Comunidade Santa Cruz quando foi fundada tinha por objetivo ser mais uma casa missionária da província para atender o vasto interior do estado paulista. E vários fatores favoreceram a sua criação.

A Primeira Guerra (1914-1918) havia a pouco terminado e o Brasil gozava de uma década relativamente tranquila. A Igreja católica era governada pelo papa Pio XI, chamado de “o papa das missões” por causa de seu incentivo às atividades missionárias da Igreja. A Província de Munique e, logo, a Vice-Povíncia Bávaro-Brasileira eram governadas pelo Pe. Matias Prechtl que, em visita ao Brasil, incentivou grandemente as missões. É bom também recordar que na época a Congregação Redentorista não podia aceitar paróquias. Isto somente se facilitou a partir dos anos de 1940.

Aqui entre nós era Vice-Provincial o Pe. Tiago Klinger, seguido depois pelo Pe. Estevão Maria, a quem muito se deve em termos de Pastoral Missionária em nossa província.

 

A comunidade chegou a realizar nessa época, 57 missões por ano. 

Naquele tempo a nossa Vice-Província encontrava-se numa fase de expansão e de vitalidade, com a fundação de diversas casas em São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul. Naquele tempo aumentava significativamente o número de vocações, tanto assim que o Seminário Santo Afonso (Juvenato) mudou-se para o Seminário Bom Jesus (Colegião) e os brasileiros como os padres Andrade, Vitor, Macedo, Marti, Miné e Arthur Bonotti estudavam em Gars-Alemanha, e em pouco tempo começariam a ocupar o lugar deixado por alguns missionários alemães que foram nossos pioneiros. Os restos mortais de quase todos se encontram no Memorial Redentorista em Aparecida.

No campo das missões, elas são marcadas grandemente pela figura e pela ação do Pe. Estevão Maria. Aquela foi uma época de grande ativismo com cerca de 57 missões pregadas por ano. Saindo de Araraquara e das demais casas missionárias, os redentoristas atingiam, com seu trabalho missionário, as regiões sul, sudeste, centro-oeste, expandindo-se também para outras regiões e estados mais distantes. No total, eram cerca de 30 os missionários, organizados em 06 equipes. 

Uma cidade, uma casa, uma igreja

Quando da chegada dos redentoristas, Araraquara tinha cerca de 10 mil habitantes, concentrados no que hoje é o centro da cidade, mas este pequeno núcleo urbano era favorecido pela ferrovia, a tradicional Araraquarense, e pelo fato de estar localizada bem no centro geográfico de nosso estado. Pena que aos poucos o Brasil foi abandonando o sistema de transporte ferroviário, trocando-o pela “Geração do Automóvel”.

Foto de: arquivo.

Araraquara Antiga em 1951

Cidade de Araraquara na década de 1950.

 

Primeira comunidade estável. Em princípios de 1922 foi constituída a primeira comunidade araraquarense formada pelos seguintes redentoristas: 

01. Padre Oscar Chagas de Azeredo: Superior
02. Padre Antonio Lisboa Fischaber
03. Padre Carlos Hildebrandt
04. Padre Henrique Barros
05. Irmãos: Norberto e Matias
06. Padre Antão Jorge, que veio substituir o Padre Antonio Lisboa.
07. Padre Francisco Alves.

 

Atualmente a igreja celebra 8 novenas em honra a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, toda quarta feira, acolhendo cerca de 4 mil pessoas nesse dia.  

Primeiros Reitores de Araraquara. Eles cuidavam da igreja Santa Cruz e, ocasionalmente, saiam também para as missões. Graças à dedicação das varias gerações de redentoristas que por aqui passaram, em pouco tempo a novena ao Perpétuo Socorro de Maria foi se propagando por toda a região, aliada ao fato de que, em cada cidade ou paróquia missionada, os redentoristas implantavam a Novena Perpétua e entronizavam solenemente o seu ícone. Hoje nossa igreja celebra 8 novenas toda quarta feira, passando cerca de 4 mil pessoas pela igreja nesse dia. Linhas especiais de ônibus trazem os peregrinos de outros bairros da cidade ou de outras cidades da região para este momento. 

Primeiros reitores:
01. Pe. Luis Weis (1921-1923)
02. Pe. Estevão Maria (1924-1926)
03. Pe. Carlos Hollander (1927-1929)
04. Pe. Nestor de Souza (1930-1932)
05. Pe. Francisco Alves (1933-1939)
06. Pe. Tiago Klinger (1939-1941) 

Igreja Santa Cruz. A primitiva capela foi inaugurada em 1871, a partir de uma doação feita por Antônio Garcia de Oliveira. Em 1911 esta capela foi demolida e de pronto iniciada a construção da nova igreja, mas como a construção foi se arrastando, só pode ser inaugurada em 1920. Mais tarde, em 1932, começou-se um trabalho de remodelação, com inauguração em 1936, pelo Pe. Francisco Alves.

Em 1952, Pe. Miguel Poce, que ainda hoje é muito lembrado, procedeu a uma nova remodelação que praticamente refez a igreja, atingindo seu aspecto atual. Esta reforma-ampliação foi concluída em 1962 já pelo Pe. João Ribeiro de Carvalho. Depois disso, novas reformas e adaptações foram encabeçadas pelo Pe. João R. Carvalho, Pe. Geraldo Rodrigues, Pe. José Anchieta, Pe. Flávio Oliveira e, por fim, pelo Pe. Afonso Savassa, obra que foi concluída em 2003. Nesta ocasião, também se demoliu o antigo salão de festas e construiu-se o novo, mais amplo e funcional, que agora serve toda a cidade.

 

A Comunidade de Araraquara é a segunda maior comunidade da província, em termos numéricos, que atende a igreja e que prega as Santas Missões.

Casa e convento. A primeira casa ocupada pelos redentoristas localizava-se nas imediações da atual Praça Santa Cruz, na Rua Padre Duarte. Depois veio a construção do grande convento, localizado ao lado esquerdo da igreja. Com a venda deste imóvel, passou-se a construção da nova casa-convento, no lado direito da igreja. A construção da nova casa, conhecida popularmente como “Granjão” devido ao estilo da construção, foi encabeçada pelo Pe. Roberto A. Escudeiro e teve seu início em 1972, sendo inaugurada em 1975. Durante o período da construção a equipe missionária mudou-se para casa missionária de Tietê. Os padres que atendiam a igreja ficaram morando nos fundos do antigo salão de festas.

Depois da reforma da igreja e salão, a casa também passou por uma completa reforma e remodelação, sendo construída uma nova ala com os apartamentos que servem à comunidade, abrigando hoje a segunda maior comunidade da província, em termos numéricos, que atende a igreja e que prega as Santas Missões.

Foto de: arquivo.

Casa e Salão atuais

Comunidade e igreja na atualidade.

 

Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R. 
Equipe Missionária
Araraquara (SP)

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