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A história da Congregação Redentorista em Portugal

Dos primeiros passos às reconfigurações atuais, os Missionários Redentoristas mantêm viva sua missão em solo português

Escrito por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

12 SET 2025 - 08H42 (Atualizada em 06 OUT 2025 - 13H34)

Instituto Histórico Redentorista

São Clemente Maria Hofbauer, juntamente com o Padre Tadeu Hübl, tiveram a grande responsabilidade de levar a jovem congregação redentorista para fora da Itália, para além dos Alpes, quando o seu fundador, Afonso de Ligório, ainda vivia.

.:: Conheça a história de São Clemente e Tadeu Hübl ::.

Dedicando-se primeiro à formação de crianças e jovens na Polônia e depois com sua ação junto aos jovens e intelectuais de Viena, para onde tinha se mudado após ser expulso da Polônia, São Clemente foi decisivo na implantação da Congregação nesses países.

Muitos discípulos aderiram ao carisma e à missão da Congregação, tendo entre eles o seu colaborador e sucessor, Padre José Armando Passerat, de origem francesa.

Primeira fundação

Padre Passerat, na condição de Vigário Transalpino, a convite de Maria Ana da Áustria, rainha regente de Portugal, enviou o Padre Springer, junto com outros quatro companheiros, sendo dois padres e dois irmãos, para implantar a Congregação em Portugal, em 1826.

Os missionários chegavam com o objetivo de pregar missões populares e de atender à comunidade de imigrantes austríacos que residiam em Portugal.

Aos poucos, foram conquistando a simpatia da população, surgindo também os primeiros candidatos à vida religiosa na congregação.

Porém, em 1834, um decreto governamental determina a expulsão das ordens religiosas do país e, com isso, depois de uma permanência de apenas oito anos, os redentoristas tiveram que deixar Portugal.

Depois da morte da rainha, seu filho Dom Miguel, que entrou em luta com o irmão Dom Pedro, aquele que havia proclamado a independência no Brasil e retornado à sua terra, deixou-se influenciar por grupos de positivistas franceses, determinando que os mosteiros fossem suprimidos.

Após detenção de 20 dias, os redentoristas foram forçados a deixar Portugal. Em setembro de 1834, alguns desembarcaram em Oostende, chegando a Saint-Trond, e outros foram encaminhados para a Áustria sob escolta militar (P. GIROUILLE. Vie du P. Passerat 378 e 443).

Nova tentativa de fundação

A segunda tentativa de implantar a congregação no país aconteceu em 1903, através dos redentoristas espanhóis.

Alguns missionários se estabeleceram em Lourosa, localizada ao sul da cidade do Porto, a fim de retomar a pregação de missões populares, colaborando também na assistência religiosa do povo da diocese do Porto.

Mais uma vez a atividade missionária ganhou projeção com a fundação de nova casa em Canidelo, Vila do Conde, em 1906.

Os redentoristas construíram o seminário menor em Lourosa, porém tiveram que deixar o país devido ao decreto de expulsão emitido pela recém-proclamada república que aboliu a monarquia do país.

Em 1910, apenas sete anos após a fundação, 16 padres e sete irmãos que já atuavam no país tiveram que sair das terras portuguesas.

Terceira fundação prospera e atinge a maturidade

A terceira tentativa de fundação aconteceu em Braga e esta seria bem-sucedida. Com a restauração de boas relações entre a Igreja e o Estado em Portugal, novos missionários espanhóis chegaram agora à Arquidiocese de Braga, instalando-se na Igreja do Pópulo.

Entre esses missionários, estava o redentorista português, Padre Manuel Leite Faria, que vivia na Espanha. E mais uma vez obtiveram êxito em seu apostolado, apesar das precárias condições de vida e de trabalho. Por esta razão, deixaram Braga em 1944, se estabelecendo em Guimarães.

O período, que vai de 1931 a 1942, foi de intensa atividade e os missionários chegam a pregar 70 missões, realizando 20 renovações de missão, 30 novenas, 43 semanas de evangelização, 37 retiros, 293 tríduos e numerosos sermões.

Com o aumento do número de redentoristas, graças à chegada de vocações portuguesas e expansão dos trabalhos, eles fundaram seminários e abriram novas comunidades apostólicas, como a Comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Porto, inaugurada em 1936.

Mais tarde, foi criado o Editorial Perpétuo Socorro, em 1946, pelo padre José Maria Gonçalves, que começou a publicar obras suas, além de traduzir os livros de Santo Afonso e de outros autores.

Bem depois, já nos anos de 1990, o Editorial do Perpétuo Socorro firmaria convênio com a Editora Santuário de Aparecida (SP), para a produção de obras conjuntas e divulgação das obras das duas casas editoriais.

Em 1954, o padre Gregório Martins Almendres fundou a revista Miriam, que alcançou grande expansão em toda a Europa até ser fechada já em nossos tempos por causa da concorrência do mundo digital.

As fundações em Portugal foram prosperando:

  • Seminário Redentorista Cristo Rei, concluído em 1939, em Vila Nova de Gaia;
  • Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Guimarães, fundada, em 1944;
  • Comunidade Nossa Senhora de Fátima, de Castelo Branco, fundada em 1952;
  • Comunidade Santo Afonso, fundada em Lisboa, em 1967;
  • Comunidade Santíssimo Redentor no bairro da Damaia em Lisboa, em 1964, que a partir de 2016 seria assumida pelos Missionários Redentoristas do Brasil;
  • Comunidade Santa Maria de Lagos, em1969 e, por fim, a Comunidade em Torres Vedras, fundada em 1981.

A partir destas comunidades, os redentoristas desenvolveram inúmeras obras e serviços em todo o país, onde se destacam também obras de cunho social e educacional.

Os redentoristas de Portugal também se responsabilizaram pela dinamização missionária e apoio ao trabalho evangelizador desenvolvido em Angola, com a posterior criação da Vice-Província de Luanda, que muito prosperou e hoje assume a missão junto aos imigrantes na Paróquia de Damaia.

No dia 13 de junho de 1962, a Congregação se tornou autônoma da província espanhola com a constituição da província, com sua sede na capital Lisboa.

Da crise à reconfiguração

A chegada dos anos 2000 significou um período de crise para a Província de Lisboa pela falta de renovação, pela excessiva "paroquialização" da missão, pelo abandono da prática da pregação das santas Missões, pela falta de vocações religiosas e envelhecimento do grupo, com o consequente abandono de várias Frentes Apostólicas.

Em 2023, a província integrou-se, junto com outras províncias da região sul da Europa, para a criação da Província Europa Sul, da qual uma das primeiras iniciativas foi a criação de um Noviciado Interprovincial, com outras unidades da Europa, em Ciorani, sul da Itália.

A expectativa é que a reconfiguração possa trazer novo ânimo e novo vigor à missão apostólica dos redentoristas em terras lusitanas.

.:: Paróquia nos Estados Unidos voltada aos imigrantes ::.

Fonte: Instituto Histórico Redentorista

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