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O Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e seu santuário

Há quase 160 anos o Papa Pio IX confiou o ícone milagroso ao então superior geral da Congregação Redentorista, Pe. Nicolau Mauron

Escrito por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

26 ABR 2025 - 15H00

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"Torne-o conhecido em todo o mundo". Com esta exortação, o Papa Pio IX confiou o ícone milagroso de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ao então superior geral da Congregação do Santíssimo Redentor, Pe. Nicolau Mauron (1818-1893), para devolvê-lo à devoção pública, em 11 de dezembro de 1865, na Igreja de Santo Afonso na Via Merulana, em Roma.

Os missionários redentoristas, estando presentes em grande parte da Europa e da América do Norte, tinham uma premente necessidade de ter uma Casa Geral em Roma; por isso, em janeiro de 1855, compraram a "Villa Caserta" na Via Merulana. Bem na área do jardim da villa, até o final do século anterior, ficava a pequena igreja de São Mateus, onde o ícone da “Madonna del Perpetuo Soccorso” foi mantida por cerca de três séculos. Tendo, entretanto, se tornado uma residência particular, a primeira necessidade dos redentoristas era construir uma igreja, que mais tarde dedicariam ao seu pai e fundador, Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787). Só então, começaram a pensar em encontrar o ícone que estava desaparecido.

Devolvido ao culto público

A transferência do ícone do Perpétuo Socorro ocorreu em janeiro de 1866 com uma solene procissão durante a qual a tradição narra a ocorrência de vários milagres.

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Procissão com o Ícone de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro em Roma, no ano de 2016


A procissão com o ícone percorreu um trecho da Via Merulana, então chamada Via della Coroncina, passando pela praça de Santa Maria Maggiore, pelo Vicolo dell'Olmo (atual Via dell'Olmata) e pela Piazza degli Sforza, descendo até a Via Urbana e retornou a Santo Afonso pela encosta de Santa Lucia in Selci.

Assim que chegou à sua morada definitiva, percebeu-se que o estado do ícone era precário e que precisava de várias intervenções, confiadas ao pintor polonês Leopoldo Nowotny (1822-1870). Por fim, em 26 de abril de 1866, o ícone foi finalmente exposto ao público, abrindo uma nova temporada de difusão da devoção graças ao apostolado missionário dos Redentoristas, do qual Nossa Senhora sempre foi “a companheira de viagem”.

Existe um manuscrito intitulado “Crônica dos milagres e graças concedidas a seus devotos por Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, mantido no Arquivo Geral dos Redentoristas, composto por 28 folhas numeradas que relata dezenas de fatos prodigiosos, listados com uma numeração progressiva ocorridos nos primeiros anos após a sua exposição.

Os fatos relatados abrangem um período que vai de 26 de abril de 1866 a agosto de 1869, os três anos seguintes à entronização do ícone na nova igreja dos redentoristas. Estes fatos mostram o entusiasmo popular e, ao mesmo tempo, a fase em que os próprios redentoristas da comunidade de Santo Afonso tiveram a oportunidade de compreender a importância que o culto recém-restabelecido teria na vida interna da Congregação, em suas atividades pastorais e missionárias ordinárias e em seu alcance mundial.

Como o ícone foi redescoberto

A pequena igreja dedicada a São Mateus, que existia onde hoje está o jardim da Casa Geral, era cuidada pelos agostinianos irlandeses, abrigando durante muito tempo o ícone do Perpétuo Socorro. Por ocasião da invasão da cidade de Roma pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte, o ícone foi escondido para não cair em mãos alheias e a pequena igreja foi demolida.

Na tarde de 19 de janeiro de 1866, Pe. Michele Marchi, que desde menino conhecia a história ligada ao ícone milagroso, acompanhado do Pe. Ernesto Bresciani, apresentaram-se ao superior dos agostinianos de Santa Maria in Posterula para recolher o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Os dois Redentoristas entregaram ao Pe. Jeremiah O'Brien, uma carta do superior geral, Pe. Nicholas Mauron, com a autorização para a entrega do ícone.


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Ícone restaurado foi solenemente exposto no altar-mor da igreja redentorista para a veneração dos fiéis


A igreja de Santa Maria in Posterula com o convento adjacente foram demolidos por volta de 1888, para construir os muros do aterro de contenção do Rio Tibre.

Sobre o abandono do ícone, o Padre Michele Marchi assim atestou: “Sempre o vi em cima do altar da capela interna do Colégio dos Agostinianos da Província da Irlanda, sob o nome de Santa Maria in Posterula..., sem nenhum culto, sem ornamento de qualquer tipo e quase abandonado e sem nem mesmo uma lâmpada acesa e quase todo empoeirado”.

Em 26 de abril de 1866, o Ícone restaurado foi solenemente exposto no altar-mor da igreja redentorista para a veneração dos fiéis, e no início de junho, no final de um tríduo celebrativo, foi colocado na capela da Imaculada Conceição, no centro do lado esquerdo da nave, em um novo altar construído para a ocasião.

Além de doar uma cópia do Ícone ao Papa Pio IX, grande benemérito da Congregação, Pe. Mauron, como havia prometido, também enviou uma cópia ao Superior de Santa Maria in Posterula, entregue pelo Pe. Marchi em 20 de junho de 1866.

Um ano depois, em 23 de junho de 1867, por decreto do Capítulo do Vaticano, o ícone seria solenemente coroado com duas Coroas de Ouro, uma para a virgem e outra para o Menino Jesus. Mais tarde esses acréscimos seriam retirados para devolver ao ícone as suas características originais.

Devoção e religiosidade

Ao tempo passou, a propagação do culto foi se intensificando em todas as partes do mundo, existindo hoje igrejas e santuários que atraem todas as semanas milhares de devotos da Madona do Perpétuo Socorro.

Em 10 de junho de 1964, a cópia do ícone entregue ao Papa Pio IX foi devolvido aos Redentoristas e hoje se encontra capela da Casa Geral, na Via Merulana.

Enquanto isso, o ícone original permaneceu exposto para veneração dos fiéis na capela lateral da igreja de Santo Afonso até março de 1871, quando foi transferido para o altar-mor no final da primeira revisão da igreja. Ao longo dos anos, outras mudanças foram feitas na igreja, tornando-a esplendorosa e digna de acolher tal preciosidade.

Em 25 de março de 1966, o ícone foi solenemente entronizado no altar-mor, num raio de sol de bronze que, com dois anjos adoradores de corpo inteiro, havia sido modelado pelo escultor romano Luigi Venturini (1912-1998) e, por fim, entre 1992 e 1994, foi realizada a restauração do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a reforma do presbitério da igreja redentorista de Sant'Alfonso, na Via Merulana, em Roma.

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Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no altar da Igreja de Santo Afonso, em Roma


Os trabalhos para efetuar a nova restauração permitiram a realização de um estudo científico aprofundado com a análise pelo método radiocarbono, o que permitiu a datação da madeira do ícone no período entre 1300 e 1450, garantindo a sua historicidade. Outras investigações diagnósticas mostraram que o ícone atual foi pintado por volta do final do século XVIII. O artista da época, ao copiar o original, então deteriorado, ocidentalizou alguns dos elementos da iconografia oriental primitiva, tornando a imagem mais próxima e familiar às sensibilidades estéticas artísticas da época e do lugar, sem tirar em nada o seu valor artístico, religioso e evangelizador.

.:: Simbologia do Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ::.

Fonte: Instituto Histórico Redentorista

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