Quando as primeiras comunidades cristãs surgiram como narram os Atos dos Apóstolos, a expressão máxima de sua vida era a Fraternidade: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” At. 4,32
A indiferença religiosa, sobretudo, nos dias atuais esta se constituindo como o grande mal da humanidade, sendo pior até mesmo que o ateísmo, pois este nega a existência de Deus enquanto a indiferença leva a pessoa a viver como se Deus não existisse, apegando-se a qualquer coisa que a faça sentir-se bem. Este “egocentrismo” é vivido por quem é indiferente a Deus, onde o “eu” prevalece sobre o “nós” e o pensar em si mesmo, só querer o que é bom e o que causa prazer torna-se a tônica de sua vida.
Foto de: reprodução.
A Eucaristia sustenta e fortalece a
experiência de comunidade.
Missão e fraternidade
A vida fraterna experimentada em comunidade é o antídoto a esta doença. Viver em comum-unidade, com pessoas diferentes, cada uma lutando para ser melhor, cura a doença do individualismo, do egocentrismo, tornando a pessoa portadora da verdadeira liberdade que consiste no dinamismo do amar e ser amado.
Esta é uma das características mais fortes das Santas Missões Populares Redentoristas: levar as pessoas a viverem vida de comunidade fraterna.
Todos os atos e celebrações das missões têm esse enfoque. Embora haja um tema diferente a ser refletido na manhã, na tarde e na noite de cada dia, o tema comunidade fraterna sempre aparece e perpassa toda a temática missionária.
A vida em comum tem por finalidade favorecer a vida fraterna. Quando se mora juntos, corre-se o perigo de tornar a casa como se fosse um “hotel” ou uma “república estudantil” onde todos moram juntos, mas são apenas colegas de quarto ou de missão. A vida fraterna precisa ser vivida intensamente. Para isso é preciso se livrar das hipocrisias, buscando viver a sinceridade uns com os outros; sabendo que todos são limitados, que tem seus defeitos e tendências egoístas em querer somente o melhor para si mesmo, esquecendo-se dos demais.
Ao mesmo tempo, é preciso se livrar das ilusões românticas, quando se imagina que viver em fraternidade é como morar no céu, com os anjos, adorando a Deus o tempo todo. Na verdade, há um céu aqui na terra, dentro de cada um, porém com homens e mulheres ainda em busca da perfeição, na luta para ser melhor não para si mesmo, mas para os demais, este céu vai sendo construído aos poucos. A poesia pode até existir, mas o desafio de viver a realidade quotidiana é muito mais bonito, pois precisa ser assumido em vista de um bem maior, de uma razão primeira, pelo amor a Deus.
A decepção pode acorrer a qualquer instante, desta forma é preciso amadurecer as emoções e os sentimentos; as feridas precisam ser curadas, o ressentimento não pode dormir com a pessoa. Nessas condições o amor doado se une com o amor de Jesus. As lágrimas e decepções sempre existirão neste desafio de viver fraternidade, pois esta é a luta diária para buscar a santificação pessoal e comunitária.
Na Exortação Apostólica Pós-Sinodal VITA CONSECRATA o Santo Padre João Paulo II diz: “Na vida comunitária, a energia do Espírito que existe numa pessoa, passa contemporaneamente a todos. Nela, não só se usufrui do dom próprio, mas este é multiplicado quando se participa aos outros, e goza-se tanto do fruto do dom alheio como do próprio”. Vita Consecrata 42.
Renovação continuada
Os seres humanos, criaturas do Altíssimo, são uma obra prima do Deus Criador. Ele dotou a todos com sabedoria, inteligência e capacidade de amar. A “energia” que faz uma pessoa viver a fraternidade é a humildade, pois sem ela não se consegue ser e fazer a vontade de Deus. O Espírito Santo é quem impulsiona a todos, e por Ele passa a graça de viver em comunidade.
A vida de comunidade leva à superação do individualismo e do egocentrismo
A alegria de partilhar, de doar-se para poder encher-se mais, o dinamismo da oração, a entrega de cada um, o trabalho comunitário, não são um mero esforço humano, uma vontade de um ser humano, mas a ação de Deus em cada pessoa, quando se abre o coração para experienciar a graça de Pentecostes em nossas vidas.
A vida fraterna “é lugar do perdão, alegria e festa”. A alegria de viver juntos é um sinal do Reino de Deus. Saber fazer festa juntos, alegrar-se com as alegrias do irmão, celebrar os aniversários natalícios ou matrimoniais, ser solidário com aquele que chora a perda de um ente querido, dar atenção às suas necessidades, enfrentar os momentos difíceis e experimentar tantas outras situações que tocam a todos, é um exercício constante de caridade que expressa o que é, de fato, a vida comum.
Agora, pense e reflita: se as cores do mundo perdem o brilho, se o seu coração anda inquieto, se dúvidas pairam sobre seus sonhos, e a segurança de uma felicidade baseada na riqueza, no prazer e no poder parece não bastar, sinta que a graça de Deus está passando... ela pode passar sem te encontrar. Ela pode não passar duas vezes. Diga sim e aceite o desafio da vida fraterna, “unidos em Cristo, com Maria, para viver e crescer em comunidade”.
Pe. Ivair Luiz da Silva, C.Ss.R.
Equipe Missionária – São João da Boa Vista (SP)
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