Por Rafael Peres Em Redentoristas Atualizada em 25 MAI 2020 - 10H30

A Sociedade do Espetáculo e a busca pela fé

Nos dias de hoje, vivemos numa sociedade em que é valorizado o espetáculo. Um espetáculo não se referindo ao teatro ou ao cinema, mas sim ao espetáculo da vida, onde todos fazem parte, onde todos podem sofrer e rir, onde todos querem um bem estar.

Nessa sociedade do espetáculo, acabam ocorrendo certas banalizações culturais e religiosas e uma grande generalização da mídia, que acaba levando informações precipitadas ao público só para promover uma certa polêmica em assuntos que, muitas vezes, não merecem tanta atenção.

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Com esse fator da
“civilização do espetáculo” acabamos entrando numa “sociedade líquida”, como diz o sociólogo polonês Zygmund Bauman. Uma sociedade em que tudo vai se desfazendo, os “sólidos”, ou seja, as bases acabam se desfazendo e se transformando em algo que a sociedade deseja que seja como ela quer. Falando de algo mais simples e de fácil entendimento, acabam se perdendo as características de elementos básicos, como traços culturais, filosóficos, literários, etc.

Em meio ao esfacelamento das bases sociais, por conta de uma “civilização do espetáculo” como diz Vargas Llosa, podemos ver que, no âmbito da fé, essa “civilização do espetáculo” está bem ativa por conta de que a sociedade não busca mais aquela tradição antiga que muitas religiões como o cristianismo, judaísmo, islamismo e tantos outros trazem consigo, e acabam não oferecendo opções para uma sociedade rápida, prática e agilizada.

Esta mesma sociedade entra em contradição com a “liquefação” de suas bases, onde muitos jovens estão voltando para um certo tradicionalismo, pois procuram um certo porto seguro ou algo para se apoiar em meio à dissolução de tudo que o ser humano construiu ao longo de séculos.

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A “civilização do espetáculo” acaba fornecendo um meio mais fácil para muitos que desejam algo simples, que não exija esforço para praticar. Vargas Llosa diz que o homem procura “formas alternativas de praticar a religião”, como as religiões orientais que fornecem meios “fáceis” para se praticar.

Com esses meios mais “fáceis”, fornecidos pela “civilização do espetáculo”, algumas práticas como a reza, a confissão, a comunhão entre outras, acabam sendo deixadas de lado, segundo Llosa, e nesse caminho muitos buscam as drogas e o álcool.

Com tudo isso, podemos ver que a “civilização do espetáculo” além de ser um meio de a sociedade corromper suas bases por conta de um comodismo sem igual e também por conta da sociedade rápida, prática e interdependente em que vivemos, vemos que tudo isso é uma fuga de um mundo real, onde existe dor, sofrimento, tristezas e alegrias temporárias e diversões.

Leia MaisWebdocumentário "Igreja e Comunicação: Desafios e perspectivas"Redentoristas e Aparecida: o arrojo na comunicaçãoÉtica e Meios de ComunicaçãoTambém no âmbito da fé, essa fuga leva as pessoas a frequentarem várias religiões e seitas religiosas, procurando algo que complete a falta que todo ser humano tem dentro de si, de um caminho em que se é possível chegar ao transcendente, ao Criador.

Nessa busca do caminho para o transcendente, podemos ver que surgem várias seitas que oferecem um caminho mais fácil e simples para as pessoas. Assim, a velha tradição é deixada de lado, as práticas religiosas milenares ficam de lado e se esfacelam.

Portanto, em meio à “civilização do espetáculo”, que já se encontra enraizada no coração da realidade contemporânea, é necessária uma chamada de atenção para a sociedade, para que se conscientize de que a vida não é apenas um parque de diversões, no qual a alegria, paz e tranquilidade vêm momentaneamente, mas deve-se viver a vida real, onde se labuta no dia a dia, onde se tem sofrimento, dor, tristeza, mas onde também existem alegrias verdadeiras.

É necessário que a fé seja renovada, que o homem encontre verdadeiramente um sentido para sua vida espiritual, religiosa.

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É preciso que o homem caminhe sempre rumo ao transcendental, mas, para isso, é necessário que ele saiba viver firmemente a religião que escolheu e não abandoná-la apesar de erros, perseguições e até mesmo crises de fé. A ”civilização do espetáculo” oferece um mundo praticamente perfeito, porém ilusório.

Rafael Peres
Seminarista Redentorista


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