Pensar e falar da Missão Oblata é sem dúvida alguma nos comprometer com a vida, com a dignidade e a humanidade, sendo presença ativa de transformação e anúncio do Reino. Somente quem reconhece a compaixão é capaz de acolher a missão Oblata e encarna-la na construção do Reino no hoje da vida humana.
Em terras de Angola, vamos experimentando o desafio de anunciar, denunciar e colaborar na construção de mais oportunidades de vida para as mulheres que conosco caminham. Os desafios que encontramos e nos deparamos diariamente são inúmeros: falta de saneamento básico em praticamente todos os bairros da cidade; o não acesso a água potável e energia; a precariedade das escolas públicas; a falta de assistência básica de saúde; o analfabetismo elevado sobretudo das mulheres; a prostituição como um meio de sobrevivência.
Leia MaisÁfrica, um continente esquecidoA presença redentorista na África O fenômeno da prostituição existe em Angola, e está evidente no sector mais empobrecido da sociedade, trata-se de um meio que podemos chamar de “SOBREVIVÊNCIA”. As mulheres nessa situação encontram-se muito limitadas nas alternativas que tem ao seu alcance para realizar qualquer outra atividade que lhe proporcione uma renda. O grande número de pessoas com tuberculose, DST e HIV é assustador, e as estatísticas realizadas pelo governo local não contemplam a realidade na sua totalidade.
Frente a este contexto as mulheres que estão em situação de prostituição sofrem extrema violência por parte da sociedade uma vez que são vistas como as propagadoras das doenças, elas tornam-se o alvo perfeito das acusações da mesma, sendo por outra parte, as primeiras afetadas e morrem sem que ninguém se ocupe desta situação.
A “cegueira” e a “apatia” das instâncias públicas é real. Vemos, sentimos e constatamos diariamente que os direitos básicos são privados da população, sobretudo para as mulheres mais vulneráveis. É em meio a este cenário real que nós mulheres chamadas e convocadas a missão Oblata vamos pouco a pouco nos comprometendo com a vida das mulheres que nestas terras lutam e vivem. Buscamos ser verdadeiramente presença atuante de uma redenção que nos ajude a abrir os olhos para as injustiças sociais a desatar as amarras do preconceito, da discriminação, do juízo moral, da indiferença e sobretudo nos ajude e nos liberte de toda a passividade frente a qualquer tipo de violência e discriminação social.
O desafio que se apresenta em nosso caminhar nesta realidade é grande. Nossa tarefa e compromisso está em trabalhar com as mulheres que estão em situação de prostituição, lutando juntas para viver em uma sociedade livres de marginalização, humilhação, violência e sobretudo a exploração econômica. Juntas vamos lutando e sensibilizado a sociedade, revendo conceitos e preconceitos, abandonando construtos morais e criando novos paradigmas que promovam a resistência e autonomia das mulheres. Assumimos este caminho e desafio com coragem e ousadia porque não estamos sozinhas, caminhamos com as mulheres, são elas que nos ensinam e mostram o caminho do reino.
Ir. Evelyn Caroline dos Santos O.S.R
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