Os tempos de crise sempre estiveram presentes na história da humanidade, apresentando-se de formas diferentes, trazendo questionamentos e discussões para encontrar o “bem” da humanidade.
O ethos está infuso em cada ser humano, direciona na busca da felicidade, felicidade que podemos chamar de realização ou busca do “bom”. O ser humano tem este movimento dentro de si, onde o seu interior busca, de forma natural, a realização. Isso pode ser melhor entendido a partir de uma experiência ética consciente.
Vemos hoje no Brasil um problema ético, fruto de uma mudança muito brusca no modo de viver.
O ethos do homem rural, da sociedade agrária e de uma sociedade mais fraterna, foi bruscamente invadido pelo ethos do homem moderno e suas máquinas. Isto deveria ter acontecido através de um processo gradativo, o que não aconteceu. Surgiu então o dualismo ético na sociedade, o que diminuiu a solidariedade. O ethos rural foi forçado a corresponder ao ethos moderno, onde os que detinham o poder financeiro, detinham também o poder do plano ético ou moral.
Onde falta “o ethos”, há espaço para corrupção, e a forte presença do famoso “jeitinho brasileiro” leva à fraqueza do viver comunitário, à deformação e fragmentação da consciência. Tudo isto se espalha como uma doença, onde a sociedade é afetada durante a história e o sintoma mais forte aparece naquilo que o homem mais tem de precioso: sua consciência.
Essa consciência tem de conviver com um pluralismo, fruto de uma crise ética, onde um dos agravantes é o enfraquecimento da dimensão comunitária, que contribui para a geração de consciências consumistas e incertas, e que sofrem por viverem uma busca incessante do “bom” em meio às pseudo-realidades do mesmo.
:: Educar e instruir para o ethos
Um novo caminho é necessário, partindo da experiência ética ou moral do indivíduo, onde ele se questiona sobre o verdadeiro “bem” e “mal”. Buscar a verdade dentro desta experiência gera uma consciência moral, que permite que o indivíduo se descubra como responsável por um viver ético, e não apenas mais um cumpridor de regras, assim podendo finalmente viver a realidade em que está inserido e encontrar o “Bem”.
Fonte: CNBB. Ética: Pessoa e sociedade, 1. Ed., Brasília-DF, Documentos da CNBB, maio 1993.
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