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Onésimo era escravo de um homem rico chamado Filêmon, que habitava em Colossos, na Frígia (hoje Turquia), e que São Paulo converteu com a família ao Cristianismo. Este escravo fugiu e acabou chegando a Roma, onde São Paulo estava preso – tanto o seu coração a Cristo, quanto o seu corpo na cadeia – sendo assim também ele um escravo, mas do Senhor certo. E também em escravo de Jesus converteu a Onésimo, que passou a ser seu colaborador fiel e muito querido, ao qual confiou importantes missões.
Na carta de Paulo a Filêmon, que consta do Novo Testamento, o santo pede a liberdade do escravo, a quem, apesar de desejar consigo, não quer reter sem o seu consentimento. O imenso carinho de São Paulo por ambos é testemunhado por escrito: “Tendo embora toda a liberdade em Cristo de te ordenar o que convém, prefiro pedir por amor. Eu (…) venho suplicar-te em favor do meu filho Onésimo, que eu gerei na prisão. Outrora ele te foi inútil [este é um jogo de palavras de Paulo, pois Onésimo significa “útil”], mas doravante será muito útil a ti (…). Entretanto nada quis fazer sem o seu consentimento, para que tua boa ação não fosse como que forçada, mas espontânea. (…) Escrevo-te convencido de que atenderás ao meu pedido, e certo de que farás ainda mais do que peço.” (cf. Fm 8-21).
De fato, Filêmon recebeu e libertou Onésimo, devolvendo-o a Paulo, que, segundo a tradição da Igreja, grega e romana, sagrou-o bispo de Éfeso. Posteriormente preso, foi levado a Roma e martirizado por apedrejamento em 109.
Os termos que São Paulo usa na carta sobre Onésimo são “meu filho”, “muito querido para mim”, “como se fosse o meu próprio coração”, “acolhe-o como a mim próprio”. O antigo escravo mereceu estes elogios, pois aceitou ser servo de Deus, independentemente da sua condição humana.
Reflexão:
Se fortes são as súplicas de São Paulo a Filêmon, em favor de Onésimo, quão maiores são as de Cristo por nós, escravos do pecado! Mas Deus nada pode fazer por nós “sem o seu consentimento”, pois a liberdade humana pode realmente rejeitar a Salvação; é preciso que nossas boas ações, a primeira delas sendo aceitar com imensa alegria, humildade e reconhecimento a Boa Nova e as obrigações do nosso Batismo, não sejam “como que forçadas”, mas que desejemos “espontaneamente” seguir a Deus… pois assim o Pai fará por nós “muito mais do que pedimos”, isto é, nos concederá a vida infinita na Sua existência Trinitária – participaremos da intimidade da vida própria de Deus! – algo tão maravilhoso e inimaginável que “…‘O olho não viu, o ouvido não escutou, nem o coração humano imaginou’ [Is 64,4] todo o bem que Deus preparou para aqueles que O amam”, como cita o mesmo São Paulo (1Cor 2,9). Cabe ainda destacar que, na vida que Deus nos propõe, está a única base verdadeira para as relações sociais: por sermos igualmente imagem e semelhança de Deus, a dignidade de todos os seres humanos é igual, e quando humilde e espontaneamente o entendemos e aceitamos, reina o tratamento de irmãos, mesmo com as diferenças obrigatórias, necessárias, naturais e queridas por Deus (pois cada ser humano é absolutamente único, com suas próprias qualidades e limitações) que existem socialmente; sempre há de existir, por exemplo, patrões e empregados, não é possível uma “igualdade absoluta” em termos de funções, até porque as capacidades são diferentes, mas isto não significa que deva haver injustiças e abusos – e isto só é evitado pela decisão de amar ao próximo que somente o amor a Deus nos dá, e não por regimes mentirosamente “igualitários” que funcionam na prática sob a mão de ferro de pouquíssimos, que querem fazer do Estado um “deus” pagão. Onésimo e Filêmon, a partir das suas conversões, sempre foram livres, irmãos; e não por “decretos” políticos ou ideológicos.
Oração:
Ó Deus Pai, legítimo Senhor de todos os Vossos filhos, dai-nos por intermédio de Santo Onésimo a graça de como ele Vos aceitar integralmente nos nossos corações, espontaneamente martirizando o nosso amor-próprio e deixando a escravidão do pecado, para Vos sermos úteis servindo a Igreja. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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