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Os sete fundadores da Ordem dos Servitas
Localização: Itália

Nos séculos XII e XIII, desenvolveram-se na Europa “comunas” de adeptos das artes liberais, nas quais o gosto pelos prazeres, luxo, ganância e domínio inevitavelmente cresceu, gerando conflitos e contrastando com os valores cristãos então vigentes na sociedade. A reação de muitos leigos foi unirem-se em confrarias de penitência ou movimentos propondo uma vivência radical do Evangelho, como por exemplo os Humilhados, os Valdenses, os Pobres Lombardos, mas principalmente as iniciativas de São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão.

Na Itália, em Florença, surgiram os Laudesi, que se encontravam para, diante de uma imagem de Nossa Senhora, rezar e a Ela cantar louvores. Dentre os participantes havia os que mais seriamente queriam se comprometer com uma renovação da vida cristã, através de obras de caridade e de penitência. Sete amigos das mais aristocráticas e tradicionais famílias florentinas, da confraria chamada Associação-mor de Santa Maria, decidiram por este caminho: Amadeo degli Amidei, Manetto dell’Antella, Giovanni Buonagiunta, Alessio Falconieri, Buonfiglio Monaldi, Gherardion Sostegni e Ricovero dei Ugoccioni.

Eram todos prósperos comerciantes de lã, mas deixaram os negócios e venderam todos os seus bens, deixando o suficiente para suas famílias e distribuindo o resto aos pobres. Em seguida mudaram-se para uma casa abandonada na periferia da cidade, mais tarde conhecida como Santa Maria de Caffagio. Ali viviam em perfeita comunhão, numa vida austera dedicada à oração, contemplação, penitência, mendicância e obras de caridade junto aos pobres e doentes.

O bispo de Florença abençoou a iniciativa e solicitou que o governo municipal respeitasse a atuação daqueles “homens de paz”, um testemunho fundamental: a situação social era de guerras, e intrigas entre os guelfos, partidários do Papa, e os gibelinos, partidários do Império Germânico.

Nesta casa, logo acorreram muitas pessoas, animadas com o seu exemplo. Nasceu assim a Ordem dos Servos de Maria, ou Servitas, com hábito negro em sinal de luto, em devoção à Nossa Senhora das Dores ao pé da Cruz. Procurando uma situação mais solitária e contemplativa, eles se mudaram em 1245 para o Monte Senário, numa casa rústica com um oratório dedicado a Maria. Mas mesmo a 18 quilômetros da cidade, as visitas continuavam, e muitos queriam participar da comunidade (dentre eles o futuro São Filipe Benício, que viria a ser o grande defensor, organizador e propagador da Ordem).

A partir de então, novos conventos foram sendo criados. Dos sete fundadores, apenas Alessio não foi ordenado sacerdote; foi também o último a falecer, com 110 anos. Foram canonizados juntos, como se fossem um só, algo único na História da Igreja. Suas cinzas estão na mesma urna em Senário.

 Em 1267, São Filipe Benício, então Prior Geral, reformulou os Estatutos da Ordem, transformando-a em ordem mendicante. Junto com Santa Juliana Falconieri, sobrinha de Alessio, criou a Ordem Terceira da Congregação dos Servitas.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho



Reflexão:

O que mais imediatamente chama a atenção nos santos fundadores dos Servitas é a sua profunda amizade, enraizada no Evangelho e na devoção a Maria. Sem dúvida a amizade é um dom de Deus, e os Sete quiseram demonstrá-lo cabalmente com o seu exemplo de vida. Esta perfeita amizade é bem expressa pelo número sete, que na Bíblia indica perfeição... Mas o seu legado vai muito além: demonstra como a verdadeira mentalidade católica torna possível que comerciantes ricos tornem-se mendicantes, por não se apegarem às riquezas materiais, e valorizarem corretamente o tesouro da caridade, multiplicado infinitamente no Céu; e como esta mesma mentalidade levou, numa época onde o mundo civilizado era cristão, à reação espontânea não apenas dos Sete, mas de muitos cidadãos por toda a Europa, a combater as guerras de então e o surgimento das “comunas” liberais, de estilo mundano, com o empenho na formação de grupos, confrarias e movimentos voltados para uma vivência mais radical dos ensinamentos da Igreja. Hoje também vivemos muitas guerras e a ameça de “comunas” mundanas, e também surgiram muitos movimentos católicos. Que não apenas estes movimentos, mas toda a Igreja, se dediquem a viver melhor o Evangelho, pois esta é a garantia única da boa – e possível – transformação da sociedade, a partir do revigoramento da santidade, pessoal e comunitária.

Oração:

Deus Pai, que quereis Vossos filhos numa única família de mesmo Sangue, o de Cristo, concedei-nos vivenciar a amizade que juntou os Sete Santos Fundadores dos Servitas aos pés da Cruz, com Maria; por sua intercessão, sabermos nos desapegar dos bens materiais para viver a riqueza da caridade para com os irmãos; e pelo exemplo deles reagir com os ensinamentos evangélicos às guerras, tentações, pecados e perseguições deste mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, que no cenário do Monte Gólgota venceram as dores pelo Amor e levaram à perfeição o seguimento da Vossa vontade. Amém.

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