Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H48

Vocação cristã: administrar a terra sem perder o céu!

 Relógio antigo

Homilia 19º Domingo do Tempo Comum

Lc. 12, 32-40

Com a sua ressurreição Jesus Cristo completou a obra criadora do Pai e iniciou uma nova criação resgatada do pecado. Este é um ato de fé que marca o início das comunidades cristãs. São Paulo em suas cartas contrapõe o “homem novo” ao “homem velho”. O anúncio da ressurreição é o núcleo fundamental da fé e do seguimento a Jesus Cristo realçando o domingo em todos os tempos da história como o dia do Senhor vitorioso sobre o pecado e a morte. O Papa São João Paulo II disse: "em cada domingo o cristão é convidado a redescobrir o olhar jubiloso de Deus e a sentir-se como que envolvido e protegido por Ele. A nossa vida na era da técnica, corre o perigo de se tornar sempre mais anônima e funcional no processo produtivo". Em cada domingo –continua o Papa- “os cristãos param não só por uma exigência de legítimo repouso, mas sobretudo para celebrar a obra de Deus Criador e Redentor. Motivos de alegria e de esperança brotam da celebração dominical dando novo sabor à vida de cada dia e constituindo um antídoto vital ao aborrecimento, à falta de sentido, ao desespero que às vezes nos podem tentar”. ( Alocução mariana, 12-07-98, L’ Osservatore Romano, 18-07-98).

 

Se o amarmos como ensinou Jesus viveremos em contínua vigilância de afeição filial e não de temor servil.

Deus criador é antes de tudo o Pai, fonte da vida e do amor. Se o amarmos como ensinou Jesus viveremos em contínua vigilância de afeição filial e não de temor servil. Conscientes do seu amor por nós não podemos ter medo nenhum dos homens e nem do futuro encontro definitivo com o Pai na morte. Mas até lá é preciso conservar o coração livre e desapegado dos bens terrenos, cultivando a vigilância cristã. Fundada por Jesus, nossa Igreja jamais perdeu de vista o seu horizonte final, os “últimos tempos”. Olhando para frente, firmes na visão do céu e do futuro a ser conquistado, vamos corrigindo os erros das ocupações terrenas. No começo da Igreja vivia-se a expectativa fervorosa, o desejo vivo da segunda vinda de Jesus. O juízo final da História parecia iminente aos nossos irmãos e irmãs provados por tantas perseguições e incompreendidos em sua fé. Eram pois muito sensíveis à vigilância cristã, chamada então de ‘escatologia’, ou, as últimas coisas. Esse é o contexto litúrgico do evangelho do 19º domingo comum do ano C. Leia: Lucas, 12,32-48.

Na passagem São Lucas previne a comunidade que a fé cristã é sempre vigilante. Estar em contínuo estado de alerta fica bem explícito com a sentença: “onde estiver o vosso tesouro aí também estará o vosso coração!” (v.34). A parábola dos empregados, que devem esperar o seu senhor voltar de uma festa de casamento, realça a responsabilidade deles na vigilância constante e preparados para recebê-lo! Ninguém sabe a hora em que chegará a casa. Depende só dele o fixar o momento do regresso. Por isso os empregados devem estar todos atentos  e de prontidão para recebê-lo e abrir-lhe a porta. “Com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas” (v.35) é a expressão do texto significando: trajando a roupa de trabalho, ou seja, a túnica amarrada à cintura.

É assim o comportamento vigilante em relação à vida que Deus nos deu e nos cabe administrar todos os dias. Não mais como empregados e sim filhos de um pai amoroso que nos irmanou ao Senhor Jesus Cristo. Por Ele nos chamou e em nós confia. Logo, não deixemos nada no mundo nos desviar da nossa vocação nele.

Numa segunda comparação a parábola da vigilância exemplifica-se com a insegurança de uma casa. Se o proprietário for prevenido vigiará sempre sua casa e não será surpreendido por um possível ladrão. Repete-se o imprevisível. Assim como os empregados não podiam adivinhar quando o patrão chegaria, a mesma coisa acontecia quanto ao ladrão. A lição é esta: a provisoriedade da vida terrena não nos permite desleixo nem falta de responsabilidade no seguimento fiel de Jesus. Crer em Jesus é esperá-lo. É aguardar o encontro decisivo que sela a sorte final da vida humana. O cristão (ã) vivendo a sabedoria da tensão interior para o céu já vive feliz. Mas, a vigilância na espera do Reino de Deus só se concretizará por meio dos serviços mútuos e fraternos. Fazendo comparação e contraste entre a conduta do bom e do mau administrador, Jesus nos ensina a prática religiosa fraterna e corresponsável. O grau de responsabilidade perante os bens dados por Deus é, porém, diferente entre os líderes e os fiéis comuns. Cada qual com seu próprio conhecimento e boa vontade. (VV.47-48).

Maria desponta no horizonte da nossa peregrinação como a Virgem da espera fiel e vigilante do Salvador. Nela se concentra a beleza da vida criada e recriada em Cristo. Com sua ajuda administraremos bem a vocação de seguir seu Filho nos múltiplos serviços da comunidade. Sob seu olhar materno saberemos aproveitar o domingo que nos reúne à mesa da Eucaristia e à mesa da Igreja do lar. Com os mesmos sentimentos de seu coração cantaremos o louvor a Deus na alegria de viver libertando-nos do pecado, confiantes na misericórdia do Senhor.

 

Se o amarmos como ensinou Jesus viveremos em contínua vigilância de afeição filial e não de temor servil.
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