A palavra misericórdia não é simplesmente uma palavra. É um depósito insondável da vontade do Senhor em nos resgatar em seu amor. Misericórdia é a soma de nossas misérias com o coração divino, carregado de bondade.
Antes de tudo, foi o próprio Cristo que estabeleceu a divina relação misericordiosa com o ser humano: “Sede misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso” (Lc 6,36).
Portanto, antes de tudo, de qualquer outra intervenção no sentido da misericórdia, não podemos nos esquecer que ela veio do próprio Senhor. Ele é o sentido e a raiz do encontro da misericórdia com a humanidade. Misericórdia é uma pessoa, não um ambiente ou estado de coisa.
Precisamos também entender que misericórdia é vida em abundância. Onde está a vida, o respeito à dignidade do ser humano, ali está a misericórdia. Por isso, nos diz Jesus: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância”. (Jo 10,10).
Ser misericordioso é gerar a vida, como fez Jesus. E esta responsabilidade é do cristão hoje. Por exemplo, os cuidados necessários em tempos de pandemia de Covid-19 exigem que sejamos misericordiosos, pois, obedecendo às autoridades legítimas que nos orientam (há autoridade do lado do povo e há autoridade mais preocupadas com os dividendos políticos na realidade pandêmica), estamos a defender e promover a vida. Os descuidos ou desprezo às orientações legítimas contaminam, ameaçam a vida do outro. E se faço isto não estou sendo misericordioso, bem ao contrário.
Por isso, o ensinamento de Jesus é muito sério, pois a misericórdia está intimamente ligada ao valor e importância da vida. Amor verdadeiro e misericórdia nos trazem a mesma face de um Deus que está ao lado da vida, e se põe ao lado dos menos favorecidos.
Ser misericordioso é fazer a experiência de um amor confiante no Senhor, que veio para o meio de nós e realizou a obra da redenção. O Senhor da vida nos resgata para a vida. Assim, o cristão só poderá fazer em sua vida a experiência do amor transbordante, o amor misericordioso do Senhor. Quem faz a experiência do amor confiante, faz a experiência do Cristo misericordioso, pois descobre e redescobre que Ele é a vida em plenitude, em abundância, eterna.
Ser misericordioso exige forte treinamento. Viver a fé exige preparação, tal qual um esportista em sua disciplina física. Jesus foi manso e humilde no contato com as pessoas, e extraordinariamente na cruz. Por isso pode nos dizer com toda autoridade: “Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra”(Mt 5,4). Ser misericordioso é ser manso (de mansidão) nas situações sensíveis da vida, e assim se poderá corresponder ao amor a Jesus Cristo e como Ele, amar o próximo, até mesmo os “inimigos”.
Esses apontamentos sobre a misericórdia, por sinal bem poucos, quiseram nos recordar que misericórdia não é apenas quando recebemos o perdão, também aí, mas muito além daí também. A misericórdia envolve a vida inteira de cada ser humano e da humanidade inteira.
O 2º Domingo da Páscoa tem sua Liturgia própria dentro da Oitava da Páscoa, que se encerra com esse domingo celebrado. Também é chamado de “Domingo da Misericórdia”. Esse domingo foi assim estabelecido pelo papa São João Paulo II. Lembramos nele a misericórdia do Senhor, pois fala do perdão dos pecados.
Jesus “soprou sobre eles”, os apóstolos – sopro que significa vida, e em seguida Jesus os envia em missão e com o mandato de perdoar os pecados, isto para que o povo tenha vida. Perdoar é devolver a vida, porque o pecado é morte. Realizou-se aí o Pentecostes, pois o Espírito é vida. Portanto, nesse domingo recordamos a misericórdia infinita do Senhor para com a humanidade.
arrow_forward Evangelho do Domingo da Divina Misericórdia – Ano B
É preciso entender o sentido litúrgico do que estamos celebrando, para não fazermos confusão, ou chamar esse domingo simplesmente de domingo da misericórdia. Estamos na Oitava da Páscoa, e o Evangelho nos fala da misericórdia divina, e por isso dizemos ser o domingo da Divina Misericórdia. Não podemos perder a dimensão litúrgica que estamos celebrando, senão desenraizamos nossa fé.
Celebre com fervor esse domingo, mergulhando profundamente no mistério da Palavra e no mistério Eucarístico, para entendermos a profundidade da misericórdia do Senhor presente em nossa vida.
Ainda estamos em isolamento social e devemos segui-lo seriamente. Mas, você poderá celebrar esse belo domingo, participando virtualmente de alguma celebração. No Santuário, é certo que você poderá, basta ligar sua TV, seu Smartphone, seu computador, etc.
Leia MaisToque dos sinos por vítimas da Covid-19 no Domingo da MisericórdiaÉ uma bela oportunidade para percebermos um pouco mais o quanto Deus nos ama e fazer uma bonita revisão de vida. Há disposição em você para isto?
arrow_forward No Santuário de Aparecida, as celebrações no domingo acontecem às 8h, 12h e 18h. Acompanhe pela TV Aparecida, TV ao Vivo no A12, aplicativo Aparecida, Facebook e Youtube do Santuário.
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