Jornada Bíblica: Pão de cada dia, força para a caminhada!

Tirado por Deus, da terra da escravidão, o povo se achava no deserto. Mas, a meta era a prometida terra onde corria leite e mel. O deserto era então tempo e espaço a se percorrer, e ocasião de Deus ir preparando Seu povo para aquela terra.

No deserto, o povo sente fome, e... como estava despreparado, imaturo! Ele mancha essa humana necessidade com a murmuração, a revolta, e até sente saudades da escravidão: “oxalá tivéssemos morrido pela mão de Javé no país do Egito quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Pois nos trouxestes a este deserto para matar de fome toda esta multidão” (EX 16,3).

E Deus assume Sua divina atitude de não Se vingar, mas de tudo fazer para vencer o mal com o bem, atitude que Ele queria a todo custo imprimir no coração de Seu povo: “Farei chover pão do céu para vós. Cada dia o povo sairá para recolher sua ração diária. Desse modo eu o porei à prova, para ver se anda ou não em minha lei. No sexto dia, porém, quando prepararem o que tiverem trazido, terão o dobro do que recolhem cada dia” (Ex 16, 4-5).

Esta é a identidade de Deus: vir-nos ao encontro nas necessidades mesmo em nossa revolta: “Ao entardecer comereis carne e pela manhã vos saciareis de pão, e sabereis que eu sou Javé, vosso Deus” (Ex 16,12b).

Leia MaisComo confiar na Providência Divina?E qual era a provação a que Deus ia submeter o povo para ver se andava ou não em Sua lei? Egito era o país do acúmulo de bens em mãos de poucos às custas até da escravidão de grandes maiorias. Essa experiência do Egito devia já ter morrido para o povo ao sair daquele país: acúmulo nunca mais! “Cada dia o povo sairá para recolher sua ração diária” (Ex 16, 4). “No sexto dia, quando prepararem o que tiverem trazido, terão o dobro do que recolhem cada dia” (Ex 16, 5), pois o sétimo dia é sábado, quando devia cessar todo trabalho em vista do merecido descanso. 

“Recolha cada um o necessário para comer: um gomor por pessoa. Cada um tomará de acordo com o número de pessoas que houver em sua tenda. E assim fizeram os israelitas uns recolheram mais, outros menos. Quando se media com o gomor, não sobrava a quem tinha ajuntado muito, nem faltava a quem tinha ajuntado pouco. Cada um havia recolhido conforme havia de comer” (Ex 16,16-18).

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“Moisés disse: ‘Ninguém guarde dele para a manhã seguinte’. Mas não obedeceram a Moisés, e alguns guardaram para o dia seguinte; ele criou vermes e apodreceu; e Moisés se irritou contra eles. “Toda manhã cada um recolhia segundo o quanto podia comer; e quando o sol esquentava, derretia-se” (Ex 16, 19-21).

O necessário para cada um comer a cada dia era um gomor. Então que pegassem tão somente o necessário para cada dia. Essa devia ser a atitude que distinguisse o povo de Deus no conjunto das nações, tornando-se modelo de vida para elas. Por isso deviam conservar, na Arca, um gomor do maná junto das tábuas da lei “a fim de guardá-lo para vossos descendentes para que vejam o pão com que vos alimentei no deserto quando vos tirei da terra do Egito” (Ex 16,32).

Até lances miraculosos nesta catequese do autor bíblico: se alguém colhia mais ou menos, ao medir, havia um gomor; se colhia gananciosamente mais, esse a mais apodrecia! É Deus a todo custo querendo um povo que não copiasse o Egito, não acumulasse bens sobretudo às custas de privar outros de seu necessário, pois devia levar essa proposta às nações (Ex 9,6).

Jesus assume com todas as letras esse divino sonho para nós humanos. Em Sua escola de oração, ensina-nos a fazer este pedido, pleno de confiança no Deus-providência: “Pai, dai-nos cada dia nosso pão cotidiano” (Lc 11,3): hoje o pão para hoje, amanhã o pão para amanhã! Um pão sem mancha de acúmulo; e sendo do Pai, ainda marcado de solidariedade e partilha!

Para refletir:

1. Sinto-me guiado, sustentado em meu deserto rumo à “Terra prometida”?

2. Os bens em minhas mãos são para meu sustento e partilha com os necessitados ou já se mancharam de ganância, ambição e tentação de acumular?