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O Sentido do Natal para os Padres da Igreja

Entre os primeiros pensadores do cristianismo, carinhosamente chamados Padres da Igreja, figuram homens que sempre destacaram a importância e o significado do Natal. Inácio de Antioquia defende apaixonadamente a verdadeira fé contra o docetismo, uma das mais antigas heresias que reduzia a existência humana de Jesus a uma simples aparência.

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Irineu de Lião
realça o lugar central que Cristo ocupa no plano divino; é dele a expressão verdadeiro Deus, verdadeiro homem. Sua obra “Contra as heresias” ensina o valor e a grandeza do mistério do Natal: “O Filho de Deus se fez homem para que o homem, misturando-se ao Verbo e recebendo a adoção filial, se torne filho de Deus [...] Com efeito, não podíamos receber a incorruptibilidade e a imortalidade, a não ser estando unidos à incorruptibilidade e à imortalidade”.

Leia MaisTerço dos Homens: A Casa da Mãe é um pedacinho do céuReflexão de outubro para o Terço dos HomensReflexão para os grupos de Terço dos HomensTertuliano exprime a unidade de Cristo na dualidade das naturezas: em Cristo coexistem duas naturezas unidas sem confusão. Como resposta aos hereges que não aceitavam “a ideia de um Deus coagulado no útero, parido entre dores, lavado e enfaixado”, Tertuliano responde que “Cristo amou o homem, e juntamente com o homem, amou o seu modo de vir ao mundo”.

Atanásio apresenta, no tratado sobre a encarnação, uma exposição orgânica da fé cristã, tendo como referência a manifestação do Verbo na carne. Esta obra, amplamente difundida na antiguidade cristã, tem como princípio o mistério do Verbo, que se revelou em um corpo para restituir ao homem a incorruptibilidade e o conhecimento de Deus. Para Atanásio, ao assumir a natureza humana: “O Verbo de Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”.

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Gregório Nazianzeno antecipa a fórmula conciliar de Calcedônia que estabelece a unidade das naturezas em Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro homem. A genialidade de Agostinho sublinha a humildade da condição humana que o Verbo assumiu. A memória de Cirilo de Alexandria está intimamente ligada à doutrina sobre a maternidade divina. O mistério do Verbo encarnado é o centro da doutrina e da espiritualidade do grande Orígenes.

A encarnação do Verbo de Deus no mundo dos pobres é o ponto de partida para a vida terrena de Jesus. Para a fé cristã poucas coisas são tão preciosas, pertinentes e relevantes na figura de Cristo como a inequívoca afirmação da sua carne. O nascimento de Jesus nos faz pensar que, a partir da sua encarnação real e concreta na história humana, podemos ter acesso ao conjunto do mistério de Cristo.

Feliz Natal!

Padre Eduardo Catalfo, C.Ss.R.
Reitor do Santuário Nacional de Aparecida

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