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Hoje é celebrada Nossa Senhora do Rosário

Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R. (Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.)

Escrito por Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.

06 OUT 2016 - 15H51 (Atualizada em 07 OUT 2022 - 14H36)

Sidney de Almeida/ Shutterstock
Todo ano, no dia 7 de outubro, os cristãos celebram a memória de Nossa Senhora do Rosário. Já faz parte do calendário litúrgico da Igreja. A memória de Nossa Senhora do Rosário deriva da festa de Santa Maria da Vitória, instituída por São Pio V, depois da vitória dos cristãos em Lepanto. Leia MaisRosário: caminho de contemplação

Lepanto era uma cidade da Grécia, com importante porto, junto ao Golfo de Corinto. Nela se travou a famosa batalha naval, em que a esquadra cristã, comandada por João da Áustria, derrotou os turcos muçulmanos. A vitória foi obtida em 7 de outubro de 1571, impedindo assim a grande expansão do império turco.

O Papa Pio V convocou toda a Igreja para que recitasse o Rosário pela vitória dos cristãos. Para comemorar tal vitória, o Pontífice instituiu a festa inicialmente chamada de Santa Maria da Vitória.

Em 1573, o Papa Gregório XIII tornou a festa mariana obrigatória para a diocese de Roma e para as Confrarias do Santo Rosário, sob o título de Santíssimo Rosário da Bem-aventurada Virgem Maria.

Em 1716, o Papa Clemente XI inscreveu a festa no calendário romano, estendendo-se para toda a Igreja. A celebração ocorria em datas diferentes, conforme os costumes locais.

O Papa Leão XIII inscreveu a invocação “Rainha do Sacratíssimo Rosário” na Ladainha Lauretana em 10 de dezembro de 1883.

Em 1913, o Papa Pio X fixou a data da celebração da festa em 7 de outubro.

Representação Mariana


Nossa Senhora do Rosário - Escola de Cuzco


Em sua representação iconográfica, Nossa Senhora do Rosário retrata a Virgem Maria geralmente sentada, com o menino Jesus sobre o seu joelho esquerdo e segurando com a mão direita um rosário.

Já algumas imagens representam a Mãe de Jesus dando o rosário a São Domingos.

Outras imagens ainda apresentam Maria entregando o rosário a São Domingos e Santa Catarina recebendo outro rosário do menino Jesus. Às vezes, as figuras dos santos podem também aparecer invertidas, ou seja, mudando de lado.

Título Oracional

Com piedade, os cristãos festejam e cultuam Nossa Senhora do Rosário. Esse título refere-se a uma das orações mais caras do cristianismo: o Rosário.

Meditando o significado do título mariano na Ladainha, Ives Gandra da Silva Martins, jurista brasileiro, dá um belo testemunho espiritual, dirigindo assim à Mãe de Jesus: “Mestra do Santo Rosário / Todo o dia eu Te ofereço / Este augusto relicário, / Que no mundo não tem preço”.

O Rosário tem origem antiga. É uma palavra proveniente do latim “rosariu”, que significa “coroa de rosas”.

Na Idade Média, os vassalos tinham o costume de oferecer a seus soberanos coroas de flores, em sinal de submissão e de respeito. Os cristãos adotaram este uso em honra da Mãe de Jesus, oferecendo-lhe, com o Rosário, sua homenagem e respeito.

A história do Rosário remonta à piedade mariana medieval, que consagra uma longa evolução da devoção para com a Mãe de Jesus. Nos inícios do século XII propagou-se a prática da recitação da Ave-Maria no nosso Ocidente.

A saudação angélica, que constitui a primeira parte da oração da Ave-Maria, era conhecida pelos cristãos já antes do século XII, pois se encontra no texto da Bíblia (Lc 1,28.42). Até o século VII era antífona ofertorial do quarto domingo do tempo do advento, marcado por especial acento mariano.

 

O costume de rezar cento e cinquenta Ave-Marias iniciou nos mosteiros da Europa, onde os religiosos reuniam-se várias vezes por dia para recitar os salmos da Bíblia.  Havia monges analfabetos ou de pouco estudo. Por isso, em vez de pronunciar os salmos, eles rezavam as cento e cinquenta Ave-Marias, divididas em três grupos de cinquenta.

No século XV, são introduzidos na oração da Ave-Maria o nome de Jesus e o Amém final. Em 1483 difundiu-se a segunda parte da Ave-Maria, agregada à primeira parte desta prece mariana.

Já no século XIV, o monge cartuxo Henrique de Kalkar dividiu as cento e cinquenta Ave-Marias em quinze dezenas. Em cada dezena inseriu a oração do Pai-Nosso


Lucas Valdés (1661-1725), A Virgem do Rosário, São Domingos e Santa Catarina de Sena, Museu de Sevilha.


São Domingos (1170-1221) e seus frades pregadores difundiram bastante a devoção mariana
. As confrarias marianas, fundadas por São Pero de Verona, grande seguidor de São Domingos, contribuíram muito para a propagação da piedade para com a Virgem Maria.

A partir do século XV, os cristãos começaram a meditar em cada dezena do Rosário algum episódio da vida de Jesus Cristo. Entre os anos 1410 e 1439, Domingos da Prússia, monge cartuxo de Colônia, propunha a cada Ave-Maria um texto bíblico referente ao acontecimento salvífico, sob a forma de refrão.

Continuando a obra de Domingos da Prússia, o frade dominicano Alano de La Roche colocou, em 1470, as meditações no Rosário, que eram feitas junto às Ave-Marias, mas, com o tempo, foram reduzidas para cada dezena.

Em 1521, o também frade dominicano Alberto Castelo simplificou a estrutura do Rosário, estabelecendo apenas quinze mistérios para a oração e meditação dos devotos de Nossa Senhora. As confrarias marianas, que estavam espelhadas pela Europa toda, encarregaram-se em rezar e difundir tal devoção mariana.

Mesmo com o clima antirreligioso e anti-mariano, que se experimentou com o surgimento de movimentos humanistas e modernos, o Rosário foi se afirmando na piedade popular e eclesial, de tal modo que diversos escritores, dos mais diferentes matizes, passaram a considerar e aprofundar tal forma de espiritualidade mariana.

Tivemos vários documentos pontifícios que abordaram o Rosário e seu valor espiritual e teológico. A bula de Pio V, Consueverunt romani Pontifices, de 1569, foi um ponto de referência, definindo oficialmente e consagrando a forma desta devoção que temos hoje.

Oração da Igreja

Paulatinamente, o Rosário tornou-se uma oração de toda a Igreja. Desde as pequenas paróquias até as grandes catedrais, tal devoção atingiu as diversas esferas e regiões do povo cristão. Passou a ser rezado por pessoas simples e cultas, ricos e pobres, gente da roça e da cidade, de todas as categorias, idades, profissões e condições culturais.

Desde sua origem até nossos dias, o Rosário vem sendo rezado pelos cristãos, que, através desta devoção, manifestam seu desvelo pela Virgem Maria. Tal oração tem fortalecido e garantido a fé dos cristãos nas mais diferentes épocas e culturas. Já dizia Leão XIII que “o cristão acha no Rosário meios abundantes para alimentá-lo e fortalecê-lo”.

O Rosário ajuda os cristãos a aprofundarem sua fé dentro dos parâmetros bíblicos. Constitui uma belíssima síntese do Evangelho. Isso porque rezar o Rosário “é ‘passear pelo Evangelho’ em união com Maria Santíssima. É contemplar os mistérios fundamentais da história da salvação com seu olhar” (Dom Murilo S. R. Krieger, bispo e escritor).         


Escrito por
Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R. (Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.)
Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, formado em filosofia e teologia. Atuou como formador, trabalhou no Santuário Nacional, onde foi diretor da Academia Marial.

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