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Sinal de contradição

Ao ver o bebezinho nos braços da Virgem, Simeão profetizou que ele seria um “sinal de contradição”: para uns a salvação, para outros a ruína.

Escrito por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R.

04 FEV 2014 - 00H00 (Atualizada em 16 FEV 2024 - 09H13)

Lucas é o único a narrar o episódio da infância de Jesus conhecido como a Apresentação no Templo.

Segundo a lei de Moisés e o costume em vigor, todo filho primogênito era conduzido ao Templo por seus pais 40 dias após o parto da mãe, que se submetia ao rito da purificação. Ao ver o bebezinho nos braços da Virgem, Simeão profetizou que ele seria um “sinal de contradição”: para uns a salvação, para outros a ruína. E por causa dele, Maria teria a alma traspassada como por uma espada de dor.

O episódio bíblico evidencia que Jesus realizava o papel messiânico atribuído pelo A.T. ao Messias. Por isso, Lucas faz como que a reprise da cena contada no livro de Samuel sobre Ana, mulher piedosa e estéril. Ela fizera uma promessa. Se Deus lhe desse um filho, homem seria consagrado a Ele por toda a vida. Ana deu à luz Samuel. Levou-o ao Templo e o entregou ao sacerdote para servir ao Senhor enquanto vivesse. Isto está contado no 1º livro de Samuel, capítulos 1º e 2º.

Leia MaisReflita a Primeira dor de Maria SantíssimaTambém as palavras do velho Simeão acolhendo em seus braços o bebê de Maria repisam antigos temas bíblicos. Profetas, pessoas piedosas e pobres em geral suspiravam tanto pela vinda do Messias. Simeão, o piedoso servente do Templo, tinha consigo a convicção espiritual de não morrer sem ver antes o ungido do Senhor.

Ele e Ana representam a fiel e longa espera do povo bíblico por um Salvador.

O encontro com aquele bebezinho nos braços de Maria significa o encontro da Antiga e da Nova Aliança. Chegava ao fim a espera de tantos séculos e iniciava-se o tempo do Messias. No Templo, lugar representativo do antigo povo de Deus, aquele nascido é revelado em público como a “luz que vai iluminar as nações e a glória do povo do Senhor” (v.31).

A referência a Jesus como “sinal de contradição” aplica-se à Igreja nos mais de 2 mil anos de história. Ela é a herdeira dessa característica inerente à sua missão, congregando na fé milhões e milhões de fiéis em todos os povos, raças e culturas do mundo. Seu poder moral é inigualável entre todas as outras entidades, religiosas ou não.

Mas inimigos, críticos, adversários de todos os gostos e feitios a rejeitam. Ela desagradou, desagrada e desagradará sempre aos poderosos do saber, da Ciência, do dinheiro, da mídia. Sejam eles de esquerda ou de direita. Sua pregação não deixa de ser um espinho incômodo às pretensões absolutistas de poder e manipulação de grupos políticos, sociais e econômicos. Entidades ou empresas com o objetivo único de lucro, dinheiro, sucesso, domínio e preservação de privilégios reagem contra a Igreja. Contra a sua ética, a sua moral sexual, a sua atuação na vida pública. Aí está aquele “sinal de contradição” que vem de Jesus!

Maria se admirou do que ouvira sobre o filhinho em seus braços. Revela, nessa atitude, a reação humana diante do divino. Significa a abertura à fé. Maria será abençoada, sem dúvida, mas será indissociável da missão de seu Filho. Participará mais da sua dor do que da sua fama. Sentirá no seu coração materno o peso da cruz: “a espada de dor vai lhe atravessar a alma”. Representa aqui a comunidade cristã fiel a Jesus e sujeita, em qualquer época, à perseguição e ao conflito por causa dele.

Vamos nos lembrar: em tudo na vida será preciso estar a favor ou contra Jesus!

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