Catequese

Por que Jesus chamou sua mãe de mulher?

Escrito por Academia Marial

01 MAI 2014 - 14H54 (Atualizada em 08 MAR 2023 - 13H19)

Anna Pictures/ Shutterstock

Existem termos na língua e na cultura de um povo que parecem comuns para seus membros, até um elogio, mas, para outros, uma falta de respeito de delicadeza. É o caso da palavra ”mulher”, pela qual Nossa senhora, em algumas situações, foi chamada por seu filho Jesus. Leia MaisNossa Senhora, nossa maior referência de mulherSer mulher como Maria

Na cultura hebraica, à qual pertenciam Jesus e Sua mãe, a palavra “mulher” (yshah) entedia-se em alguns contextos como o feminino de “homem”, porém, em outros, adquiriu novo sentido.

Nestes, envolvendo Nossa Senhora, o termo expressa a sua função de filha predileta de Deus, sua vocação e missão no mundo.

Em outros momentos vimos Jesus trocar o nome de algumas pessoas para, sutilmente, lhes conferir uma nova missão; assim é, por exemplo, com Simão, cujo nome Jesus troca por Pedro; e de Saulo, que se tornou Paulo. 

Para ambos, o propósito era de que suas funções estivessem, a partir dali, voltadas à propagação da Boa-Nova e, no caso especial de São Pedro, que se tornasse o guia espiritual de todos os cristãos, nosso primeiro Papa.

Com Maria aconteceu algo semelhante, quando Jesus chamou-a de “mulher” em dois momentos.

Em João 2,4, no casamento em Caná, disse Jesus à Sua mãe:

“Que queres de mim, mulher? A minha hora ainda não chegou!”.

Aqui podemos observar e supor que, pelo carinho e amor que Jesus sentia por Sua mãe, jamais a desrespeitaria, ainda mais em público. Por certo em suas palavras subentendido estava:

"Mulher, tu és a predileta do Pai, a que disse sim a Deus, que aceitou ser minha mãe, que foi sempre obediente, ao contrário da outra mulher (Eva), que disse não. Tu és a mulher que contribuirá para a vida, por isso mereces que eu até apresse a minha missão".

Missão de Maria

De certa forma, Jesus, com Sua atitude, propiciou à Sua mãe o privilégio de tornar-se discípula, apóstola, mediadora, intercessora e mãe, facilitando e antecipando o contato de Cristo com as pessoas a partir daquela festa.

Também em João 19,26, na cruz, mesmo sofrendo no corpo e na alma, Jesus lembra-se da vontade do Pai, de que seus filhos não poderiam ficar órfãos de mãe; dirigindo-se a Ela, na presença do apóstolo João, diz: “Eis aí a tua Mãe!”.  Neste  momento, por decreto do Filho de Deus, Maria recebe a função e a vocação de ser a mãe de todos que a aceitarem como tal.

Assim se deu a grande descoberta: a função e missão materna, amorosa e cuidadora de Maria passam muito além de João, elas se dirigem aos outros apóstolos. Podemos formar a ideia de que, a partir daquela festa, a partir do mistério pascal, Nossa Senhora recebe de seu Filho, além de mãe, também a vocação e a missão de evangelizadora, discípula e missionária.

A mãe que ama e ajuda no crescimento espiritual dos que vão ao encontro de Jesus. Podemos dizer sem dúvida que ali, ao pé da cruz, de certa forma, nasce na maternidade de Maria, a transformação na maternidade da Igreja.

Assim, podemos perceber, conforme São João, amigo, discípulo e agora eleito por ele como irmão de Jesus, que o termo “mulher”, longe de ser uma referência pejorativa à Sua mãe, possui um significado bem mais profundo e teológico, simbolizando-a como mãe da Igreja, da comunidade dos cristãos, os quais têm em Maria o seu modelo materno.

Que Maria, a mulher fiel a Deus, que disse sim ao projeto da Salvação e aceitou ser a mãe do  Messias e nossa, possa nos ensinar a sermos seus verdadeiros filhos.

Professora Dita Souza
Teóloga, biblista e autora das 'Histórias de Maria que a Bíblia não conta'

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