Por Academia Marial Em Notícias Atualizada em 14 OUT 2019 - 15H33

Narrando a "vida" de Maria: das fontes da Sagrada Escritura às experiências artísticas


Vatican News
Vatican News
Simpósio Internacional de Mariologia de Roma

Pontifícia Faculdade Teológica Marianum - Roma
22º Simpósio Internacional de Mariologia (SIM)

de 1 a 4 de outubro de 2019

A Pontifícia Faculdade Teológica Marianum, organiza a cada dois anos um Simpósio Internacional de Mariologia para a promoção de estudos sobre a mãe de Deus no contexto dos nossos dias na Igreja e no mundo. O SIM é aberto aos professores de teologia, especificamente da Mariologia, aos amantes da pesquisa mariológica-mariana, aos estudantes de Teologia dos três ciclos acadêmicos (bacharelato, mestrado e doutorado).

Os trabalhos deste SIM tiveram lugar na bela e acolhedora nova Aula Magna da Faculdade que fica situada na Avenida Trinta Abril, n º 6 em Roma. Doze comunicações foram apresentadas por estudiosos ilustres, às quais se seguiram intervenções e debates, de manhã e de tarde, de 1 a 3 de outubro. Por sua vez no dia 4 durante a manhã realizou-se o ato acadêmico da premiação do "René Laurentin – pro Ancilla Domini", este ano conferido ao brasileiro, Odir Jacques Dias, Archivista da Ordem dos Servos de Maria e da Faculdade.

O tema do XXIIº SIM centrou-se no tema interessante e difícil de narrar, a "vida" de Maria.

O fato de narrar, contar histórias, tanto oralmente quanto por escrito, é um gesto que sempre acompanhou o ser humano, que em si mesmo é um princípio e o resultado de um processo de libertação profunda de uma condição caótica de incomunicabilidade. Para além do mais, é uma contradição à condição do mutismo, pois a incapacidade de dizer palavras ou até mesmo sobre o não saber o que dizer porque "não foram encontradas as palavras". A narrativa torna-se assim uma maneira de dar o fundamento à experiência, que de outra forma permaneceria muda. Dizer pode "concentrar" a vida e moldar a história como uma sucessão inteligível de eventos. Narrar significa exprimir uma confiança radical na linguagem e capacidade das palavras para dizer a experiência humana. Além disso, não há nenhuma experiência que é verdadeiramente indizível, imutável: a Bíblia e a mulher judaica, são a experiência da "história de Deus" que na história do povo da Aliança, atestam Santa Maria de Nazaré, bem como inspiram a Mariologia a "dizer" a fé no exemplo da Nazarena.

Os estudos da literatura apócrifa sobre Maria das últimas décadas, a publicação periódica de textos narrativos, poéticos, musicais, artísticos, filmológicos, sobre a mãe de Jesus e a sua vida histórica, atiraram a atenção não só dos estudiosos da palavra de Deus atestada na Sagrada Escritura, na antiguidade cristã, na patrologia, na história da mariologia e na piedade mariana, mas também de um grande público de crentes cristãos e não só, atentos aos processos culturais. De fato, a atenção, mesmo intermitentemente, esteve sempre presente nos últimos séculos.

Na biblioteca do "Marianum" do mesmo nome, cerca de 250 documentos de vários tipos foram recolhidos e refletem uma história de interesse singular na compreensão da vida a mãe do Senhor, tanto em sintonia com os retratos evangélicos e dogmáticos, ambos inspirados em instâncias antropológicas e teológicas que estão comprometidas em contar eventos, sentimentos, contextos tecidos para compensar o não dito sobre Maria nos Evangelhos canônicos. Neste contexto, a busca da vida de Maria de Nazaré reuniu-se com o aprofundamento da categoria de narrativa em função da linguagem, seu caráter mais evocativo do que informativo; evocativo de uma experiência que as palavras, mas não só, contêm.

A semiologia serviu para interpretar as histórias do Evangelho sobre a experiência de Maria, mas também significou a autonomia e o valor de cada bela narração que vai para além do medo dos desvios heréticos, buscando o significado que não é da ordem do maravilhoso, nem da realidade a ser investigada, mas da existência como um espaço para o desenvolver-se dos seres humanos e sua capacidade de receber o Concílio Vaticano II. Uma nova luz confirmou o valor e o sentido da narrativa: a suposição do "caminho da beleza" que está bem presente na narração ao longo dos séculos (pensemos em programas iconográficos, hinografias, poesias, literaturas) que passaram a ser uma das possíveis chaves hermenêuticas no campo mariológico-mariano.

O Storytelling e a beleza guiaram a formação dos temas do SIM comemorado. Tal como em qualquer outro Simpósio, tinha de ser feita uma escolha, sabendo que as doze relações tinham de ser circunscritas; relações que, embora preocupados com a afirmação de dados adquiridos, permanecessem abertas à investigação adequada e a novas perspectivas sobre um tema de amplo interesse, incluindo a dimensão pastoral.

As doze relações foram distribuídas em três áreas de interesse. A primeira área ilustra os temas gerais: - a hermenêutica de uma narrativa aborda a história da vida (Prof. Silvano Petrosino, Milão); - Panorama das publicações contemporâneas sobre a "vida de Maria" (Prof. Alfonso Langella, Nápoles); - um ensaio narrativo para iluminar o papel de Maria no Evangelho de Lucas (Prof. Gray E. Morrison, Roma); - foram direcionados tanto à natureza quanto às limitações do gênero literário não só da "vida de Maria", mas também da vida de Jesus entre os séculos XIX e XX (Prof. Fabrizio Bosin, Roma).

A segunda área examina a história bíblica, a tradição e a liturgia. Como a contribuição do Antigo Testamento (Prof. Rita Torti Mazzi, Roma); como a contribuição do Novo Testamento (Prof. Ricardo Pérez Marquez, Roma) por uma "vida" de Maria? Foi apresentada também a literatura apócrifa sobre os Planctus Mariae medievais (Prof. Luca Di Girolamo, Roma). E por fim exposto o modo como Maria é contada e celebrada no ciclo anual dos mistérios de Cristo (Prof. Silvano Maggiani, Roma).

A terceira área considerou algumas expressões artísticas que contam em seu próprio estilo a "vida" de Maria: o programa iconográfico “Maria do bem”, conhecido santuário da Santíssima Virgem de Ghiara de Reggio Emilia (Prof. Elisa Bellesia, Reggio Emilia); A música e o canto que contam a vida da Virgem Santa (Maestro Giuseppe Liberto, Roma); A presença de Maria na literatura (Prof. Maria Grazia Fasoli, Roma); a contribuição da arte figurativa e da cinematográfica (Prof. Daria Pezzoli-Olgiati, Monaco).

Seguindo a tradição, a última sessão do SIM è dedicada à premiação da distinção estabelecida pelo falecido e bem conhecido mariólogo francês René Laurentin († 2017) e confiado ao "Marianum". O prêmio tem como objetivo ser um reconhecimento de pessoas ou instituições que contribuíram para o conhecimento e aprofundamento da presença de Santa Maria na vida da igreja e da cultura mundial. Com a décima sexta edição queremos premiar a contribuição da pesquisa de arquivo para a Mariologia e a piedade mariana. O Premiado deste SIM é o Sr. Odir Jacques dias, arquivista por muitos anos, altamente estimado, do arquivo da seção histórica da ordem dos servos de Maria dos frades.

Vaticano News
Vaticano News

Nesse Simpósio estiveram presentes, além de várias congregações de vida religiosa, sacerdotes e leigos, duas brasileiras, a leiga consagrada da Comunidade Vida Missão, Carolline Muniz, estudante da pós graduação em Mariologia da Faculdade Dehoniana em parceria com a Academia Marial de Aparecida, e a Artista Sacra Mari Bueno, pós graduada em Mariologia, associada da Academia Marial. Ambas vieram aprofundar os estudos mariológicos e puderam levar para o Brasil um rico acervo de informações e literatura teológica. 

Daniel Cerqueira Afonso
Dottore in S. Teologia con specializzazione in Mariologia

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Academia Marial, em Notícias

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...