Dúvidas Religiosas

É pecado comemorar a morte ou condenação de assassinos cruéis?

Júlio Egrejas

Escrito por Júlio Egrejas

02 AGO 2021 - 13H23 (Atualizada em 07 NOV 2022 - 11H25)

Jakub Krechowicz / Shutterstock

Esta é uma pergunta muito complexa, cuja resposta depende do que exatamente se está perguntando, não é mesmo? Vamos tentar destrinchar este nosso título da melhor forma possível.

É bom que sejam condenados assassinos cruéis?

Se estamos falando da condenação em um juízo segundo a lei (justa diante de Deus, não apenas qualquer lei mundana) e de acordo com os devidos processos, não cabe dúvida de que é algo bom, ou que, pelo menos, é algo cuja razão de ser é boa.

Sim, é bom que quem cometeu atos cruéis receba a devida sanção após uma condenação, e assim se restabeleça o bem comum e se contribua à reparação da perda causada pelo ato.

AVN Photo Lab/ Shutterstock
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A respeito da pergunta, se é bom que morra quem cometeu um assassinato cruel, precisamos considerar primeiro de que morte estamos falando: trata-se da morte como pena capital? Ou seja, a pena de morte após um devido processo, que hoje, como tal, existe em alguns países? A pergunta seria, portanto: é bom que um assassino cruel receba a pena capital?

Tradicionalmente, e inclusive pelo exemplo de santos, a Igreja considerou “...o recurso à pena de morte por parte da autoridade legítima, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.” (Catecismo da Igreja Católica, nº 2267). Isto porque não apenas o corpo, mas essencialmente a alma dos filhos de Deus é que deve ser mantida viva para a Vida Eterna, e a condenação à morte – com a possibilidade real de ir para o inferno – foi, muitas vezes, o último recurso para a conversão de assassinos, portanto, para a sua salvação eterna.

Neste mesmo item, porém, o Papa Francisco recentemente fez acrescentar que “... foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos..”; ora, levando-se em conta a gravíssima desordem moral do mundo atual, que afeta diretamente sociedades, governos e sistemas de leis, O Papa indica (ainda que não dogmaticamente), que não é cabível a pena de morte, certamente para evitar inevitáveis abusos na sua execução.

Leia MaisCatecismo: 4 pontos importantes sobre pena de mortePor que a Igreja Católica não aceita a pena de morte?Papa apela à abolição da pena de morte Consequentemente, podemos admitir que, comemorar o primeiro caso, a condenação de assassinos cruéis, segundo o devido processo, sob o princípio da legalidade, é justo e cabível. Já o segundo caso, a pena de morte, não é desejável, e a prudência indica evitá-la.

Ao católico deve alegrar, sim, a conversão dos irmãos pecadores, para que possam alcançar o Paraíso, mas não deve alegrar a mera vingança, nem o uso de leis injustas, ou o abuso das boas leis.

E se considerarmos a morte de um assassino sem o devido processo legal? Ou seja, podemos comemorar a morte de um suposto assassino (como determinar com certeza, sem um processo de investigação, provas e juízo?) mediante a conhecida justiça “com as próprias mãos”? Certamente que não.

E isso seja pela falta de processo legal, que visa garantir os direitos de todos, seja pelos motivos acima apresentados pelo Catecismo da Igreja Católica.

Escrito por
Júlio Egrejas
Júlio Egrejas

Membro do Sodalício de Vida Cristã, onde realiza diversos serviços de evangelização e formação Cristã, com destaque para o Curso Católico de Oração e Espiritualidade. Atualmente cursa Mestrado em Direito Canônico.

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