Espiritualidade

O terceiro sentido da Consagração: Oferecer algo em sacrifício a Deus

Padre Lourenço Kearns, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)

Escrito por Padre Lourenço Kearns, C.Ss.R. (in memoriam)

12 JUL 2021 - 08H12 (Atualizada em 12 JUL 2021 - 13H29)

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Os padres do deserto reconheceram que as perseguições e o martírio na Igreja acabaram com o Edito de Milão (ano 313). O martírio dos cristãos é o que mais conduziu os pagãos a buscar a fé cristã e o batismo. Mas a Igreja agora precisou de um novo sinal de radicalidade na fé. Precisou de uma nova profecia de martírio.

Leia MaisConsagrar-se é fazer da vida algo sagradoOs padres do deserto escreveram que a vida consagrada é um martírio lento e, assim, a vida religiosa passou a ser o novo sinal de radicalidade de amor na Igreja.

A reflexão deles foi baseada no sacrifício do holocausto do Antigo Testamento. No sacrifício do holocausto, a vítima oferecida foi totalmente destruída pelo fogo e mudou-se em fumaça, que subiu até o trono de Deus como algo agradável. Não sobrou nada. Foi um sacrifício radical e, para os padres, isto foi uma imagem do martírio que os cristãos sofreram.

ZoneCreative/ Shutterstock
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No Novo Testamento, essa mesma ideia foi apresentada por São João e São Paulo em seus escritos, que disseram que agora quem está em cima do altar como holocausto é “o Cordeiro de Deus”, que ficou totalmente destruído na Cruz e mudou-se em “fumaça”, e foi até a presença do Pai como um dom agradável.

Os padres do deserto usaram essa mesma imagem para dizer que quem agora está em cima do altar é o consagrado/a religioso/a, que livremente entra num processo de holocausto ou martírio lento.

O religioso, através de uma vida de conversão e ascese, pouco a pouco morre para o “velho homem/mulher” e se transforma em fumaça agradável ao trono de Deus. O processo vai até a morte. Fala dum processo de libertação de tudo que não deixa o consagrado viver na plenitude sua consagração.

Conclusões:

Leia MaisO Ser da Vocação ReligiosaO que a Vida Religiosa NÃO é1 – Os três elementos da palavra de consagração estão falando de um caminho de libertação para amar a Deus e ao próximo – o fim é amor – o caminho é consagração.

2 – Consagração é um projeto por toda vida – é um martírio lento, oferecendo tudo que é e faz em honra de Deus.

3 – Consagração é um meio para viver na plenitude a aliança do batismo: amar a Deus de todo seu coração e ao seu próximo.

4 - A noção de conversão contínua é essencial na vivência de consagração.

Escrito por
Padre Lourenço Kearns, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)
Padre Lourenço Kearns, C.Ss.R. (in memoriam)

Nasceu em Nova York e veio para Brasil em 1968. Mestre em Educação Religiosa e em História, autor de nove livros sobre a Vida Consagrada e Espiritualidade. Foi Provincial de Campo Grande (MS) por seis anos e trabalhou por 33 anos na formação de futuros redentoristas.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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