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Igreja

O Vaticano, estado soberano da Igreja Católica

A origem da autoridade do papa como chefe da Igreja e chefe de estado

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

27 FEV 2025 - 09H50 (Atualizada em 27 FEV 2025 - 11H38)

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A maioria dos católicos sabe que em sua diocese existe a chamada igreja catedral que é a mãe de todas as igrejas da diocese. Sabe também que na igreja catedral existe uma grande cadeira, em formato de trono, onde se assenta o bispo diocesano e que representa o seu poder de pastoreio.

A palavra “cátedra” significa assento ou trono, sendo a raiz da palavra catedral, igreja onde governa o bispo. Em cada diocese, no mundo, existe uma catedral, de onde o bispo, que é a autoridade máxima de uma igreja local, deve conduzir com caridade e sabedoria o povo a ele confiado.

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O Papa, por sua vez, em primeiro lugar é o bispo de Roma, governando a diocese de onde confirma e une a Igreja do mundo inteiro no ministério petrino.

A Santa Sé, cujo conceito remonta em sua origem de um simples banco de madeira de um pescador, a quem o Senhor nomeou Pastor de sua Igreja, é a mais alta autoridade moral do mundo atual. Tudo começou com um pescador humilde, de temperamento inflamado, analfabeto, que foi convocado para ser a “pedra” onde a Igreja assentaria as suas bases ao longo dos tempos.

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O caminho de Pedro até chegar a Roma

O caminho que Pedro, declarado por Cristo como “pescador de homens” percorreu o levou a sair da Galileia, indo por um tempo a Jerusalém onde a Igreja nasceu. Depois disso, deixando o governo da comunidade sob a autoridade de Simão, passa um pequeno tempo evangelizando as comunidades da costa do Mar Mediterrâneo, passando ainda por Antioquia que se tornou o primeiro centro da Igreja, agrupando cristãos chamados de gentios por serem oriundos do mundo pagão.

Foi lá que pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos. Posteriormente Pedro dirige-se à Roma, centro de um dos maiores impérios que já existiu, para ali concluir, com o martírio, seu serviço de difusão do Evangelho.

As ruínas do Cárcere Mamertino que o deteve por um certo tempo são visitadas todos os anos por milhares de turistas. As correntes que o aprisionavam ainda hoje podem ser vistas na igreja de São Pedro in Vincoli.

Por esse motivo, Roma, que teve a maior honra e privilégio ao receber o “chefe dos apóstolos”, recebeu também a tarefa confiada por Cristo a Pedro de estar a serviço de todas as Igrejas particulares para a edificação e unidade do Povo de Deus.

Roma, depois da migração e martírio de São Pedro, deixou de ser a “primus inter pares” para ser reconhecida como a sede de seu sucessor e a “cátedra” de seu bispo, que representa o poder do apóstolo encarregado por Cristo de apascentar o seu rebanho. A cátedra do bispo de Roma representa, portanto, não só o seu serviço à comunidade romana, mas também sua missão de guia de todo o Povo de Deus na Igreja que é católica, isto, universal.

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Vladimir Mucibabic/Shutterstock
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A serviço da missão

No início, a Igreja em Roma não tinha muitos bens e nem propriedades, tanto assim que Pedro foi sepultado num cemitério pagão, sobre o qual o imperador Constantino fez construir mais tarde a basílica a ele dedicada. E sobre a basílica constantiniana existe hoje a artística e imponente “catedral do papa” construída no tempo do Renascimento.

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Bojan Pavlukovic/ Shutterstock
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Durante séculos a Igreja foi a legítima proprietária de imensas propriedades territoriais acumuladas ao longo dos tempos conhecidas como Estados Pontifícios que tiveram a sua origem na doação de Constantino, enriquecidas e aumentadas depois pelas doações dos reis francos e por políticas e alianças.

Houve uma época em que as terras da Igreja representavam quase um terço do atual território italiano, até que em 1869/1870 a Igreja perdeu quase todas as suas propriedades no final do processo de unificação italiana, chamado na sequência de “Rissorgimento”.

A Igreja ficou tão somente com o território do atual Vaticano, entendido como uma cidade-estado que se relaciona com os demais países do mundo, com São João de Latrão e com Castel Gandolfo. A posse destas propriedades foi ratificada pelo Tratado de Latrão (1829) e renovada no tempo do Papa João Paulo II.

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Aquilo que a princípio aparentemente representava uma grande perda segundo o pensamento de muitos, na verdade acabou sendo uma grande libertação, a exemplo do que aconteceu no Brasil e na América Latina com o fim da Lei do Padroado.

Livre da posse dos territórios e das obrigações que isso implicava, a Igreja ganhou a liberdade de poder cuidar do essencial de sua missão, sem as amarras que as questões políticas e econômicas propiciavam. A voz da Igreja que ressoa através das palavras do sucessor dos apóstolos se tornou uma espécie de “voz da consciência da humanidade”. Tanto assim que não somente os católicos, mas também os não cristãos prestam muita atenção nas palavras e nos gestos do Papa, sobretudo, quando ele fala e age em favor da paz, da migração e da proteção climática.

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Vatican Media
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Relações diplomáticas

O Vaticano, nome de uma das colinas onde se assenta a cidade de Roma, e onde está a sede da Igreja, é um país como tantos outros que existem no mundo e o papa é, ao mesmo tempo, o chefe dos cristãos, chefe de estado e também chefe de governo.

Segundo as Nações Unidas, hoje existem no mundo 193 países e o papa goza do reconhecimento de cerca de 170 desses estados e de outras 20 organizações internacionais, sendo reconhecido em virtude das relações construídas ao longo de séculos com outros Estados. Em cada país o papa se faz representar pelo Núncio Apostólico; em algumas regiões podem existir as internunciaturas que abrangem vários países. Por esta razão, o papa também é um soberano sujeito ao Direito Internacional.

O papa, e só ele, entre todos os demais líderes religiosos do mundo, é o que goza da autoridade de um chefe de Estado, equiparada a dos presidentes mais importantes do mundo. E tudo isso se deve, por assim dizer, ao banquinho de madeira sobre o qual se sentou São Pedro, quando ensinava à comunidade de Roma.

Pe. Victor de Oliveira Barbosa, scj
Pe. Victor de Oliveira Barbosa, scj

Tão importante quanto a posição do papa sobre temas religiosos ou políticos e sociais, a grande missão do papa é “a preservação e autêntica interpretação da fé, que foi confiada a Pedro e a seus sucessores”.

A ele foi prometida, como artisticamente mostra o altar da Basílica de São Pedro, a especial assistência do Espírito Santo ao explicar o Evangelho de Cristo a partir das Sagradas Escrituras, da Tradição da Igreja e de seus padres, pois ele é a voz do magistério que ressoa ao longo dos séculos.

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Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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