A Assembleia Especial para o Sínodo da Pan-Amazônia entrou em sua última semana. As atividades entram na fase de emendas que serão colocadas no documento final pelo relator geral e pelos secretários especiais, com a ajuda dos peritos.
Em entrevista ao A12 nesta terça-feira (22), o Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo comentou as atividades e repercussão do Sínodo da Amazônia.
A12 - O que este Sínodo para a Pan–Amazônia representa para a Igreja no Brasil?
Dom Walmor - O Sínodo sempre foi, está sendo e será o sinal de grande esperança para o caminho missionário de toda a nossa Igreja no Brasil e, de modo especial, na Amazônia. Fazemos esse caminho como missão permanente na Amazônia. Portanto, encontrar novos caminhos é sempre um desafio, especialmente, porque exige de todos nós uma grande abertura à ação do Espírito Santo de Deus, muito diálogo, escuta e, sobretudo, o sentido bonito de que nós somos todos os servidores na Igreja.
É um momento de esperança, profundamente desafiador, mas encorajador, que pede a toda a Igreja no Brasil que se volte para a Amazônia e para que, a partir da Amazônia, em missão permanente, possamos fazer mais. E, assim, crescermos nessa consciência missionária de que somos todos batizados e enviados em missão.
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A12 - Qual a preocupação da CNBB em fazer com que as discussões em torno do Sínodo para a Amazônia não se polarizem?
Leia MaisJovem da Comunidade Anglicana partilha experiência no Sínodo da Amazônia‘Abrir a mineração em terras indígenas significaria a morte da Amazônia’, diz padre sinodalDom Walmor - O caminho de uma única possibilidade de superação de todo tipo de polarização e radicalização, o Cristianismo nos mostra que é nos voltarmos e nos enraizarmos nos valores do Evangelho de Jesus Cristo. Por isso, gosto de citar e lembrar o Sermão da montanha, Evangelho de Mateus. Se nós, os cristãos, pautarmos a nossa vida a partir do horizonte do Sermão da Montanha, seremos capazes de nos marcar pela força do Evangelho, do diálogo e respeito.
Quando vermos polarizações e posicionamentos que vão na contramão da caridade fraterna, do respeito, é preciso que todos os cristãos saibam que estes não são cristãos de verdade. Se dizem defensores de uma verdade que não é a verdade do Evangelho, porque esta é diálogo, amor, solidariedade a todas as pessoas.
Nós, como Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como Igreja no Brasil, procuraremos sempre um horizonte no Evangelho, no diálogo, no respeito, para que nossas diferenças se tornem uma grande riqueza missionária. Não podemos perder força, pois o mundo precisa do nosso testemunho, da nossa presença missionária e da nossa ajuda. Temos urgências grandes como o sofrimento dos povos, com um novo modo de estarmos tratando da Casa Comum.
Esse é o caminho: voltarmos ao Evangelho para nos dar equilíbrio pessoal e, sobretudo, um horizonte rico, inspirador e bonito para um caminho missionário que a Igreja tem que percorrer no coração do mundo.
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A12 - Os trabalhos já caminham para o final. Os debates representam aquilo que os grupos estão propondo para o Documento final?
Leia MaisPovos indígenas: “Quando defendemos a terra, é para salvar a humanidade”Bispo pede reconhecimento de mártires da Amazônia Dom Walmor - Os grupos estão trabalhando muito. Estão procurando corrigir aquilo que está proposto, no sentido de, como foi pedido, melhorar, ampliar e recuperar aquilo que de essencial e importante não tenha sido contemplado, e também de corrigir as repetições.
Não é um tratado, não é um livro. São indicações muito concretas para que nós possamos, inspirados, fazer um novo caminho missionários na Amazônia e, a partir da Amazônia, na Igreja do Brasil e, é claro, com influência em todo o mundo.
É um trabalho árduo, exigente, conceitual, mas sobretudo, que precisa estar inspirado pela força bonita do Evangelho de Jesus Cristo, de uma espiritualidade muito profunda e um comprometimento eclesial muito definido.
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