Santo Padre

Cinco tópicos para entender o que é a ciatalgia que atinge o Papa

Escrito por Eduardo Gois

28 JAN 2021 - 10H18 (Atualizada em 28 JAN 2021 - 11H06)

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O Santo Padre, Papa Francisco, tem sido acometido por uma intensa ciatalgia, entre o fim de dezembro de 2020 e este mês de janeiro de 2021.

As dores impediram o Papa de celebrar e comparecer a alguns compromissos neste período: primeiro nas celebrações de 31 de dezembro e 1º de janeiro, depois no Domingo da Palavra de Deus, em 24 de janeiro, e também no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, no último dia 25 de janeiro.

Desde então, fiéis do mundo inteiro têm se perguntado sobre o que é a ciatalgia, como amenizar os seus sintomas e se deve-se ter uma maior preocupação com o Papa.

O A12 conversou com dois fisioterapeutas para entender um pouco mais da enfermidade. Conheça o assunto em cinco tópicos importantes.

1. O que é a ciatalgia que atinge o Papa Francisco nos últimos dias?

De acordo com a fisioterapeuta Bethânia Peloggia, a ciatalgia ou dor ciática é definida como uma dor que geralmente inicia na região inferior da coluna lombar e irradia pela perna, ao longo do trajeto do nervo ciático que, uma vez afetado, pode estender a dor até o pé, passando pelo glúteo, região posterior da coxa e lateral da perna.

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Já o fisioterapeuta Phelipe Santos destaca também se tratar de uma inflamação do nervo ciático, que é o maior nervo corporal, tanto em diâmetro como em comprimento.

Geralmente, essa dor é descrita pelos pacientes como profunda, como se fosse no osso. Muitos referem uma sensação de “queimação” ou dormência, outros como choques, agulhadas ou formigamentos. Essas sensações podem ocorrer no local da lesão, na raiz do nervo ou em uma região que o nervo ciático percorre.

Nas lesões mais severas e graves do nervo ciático, os pacientes podem apresentar fraqueza muscular em uma das pernas ou nas duas, e a falta de força poderá mudar o padrão da caminhada ou, ainda, perda de sensibilidade nos músculos da perna afetada. “Nem todo paciente identificará os mesmos sintomas e nem pelo mesmo período de tempo. Uma avaliação minuciosa da área da dor, de força muscular, sensibilidade e reflexos, e identificação da causa por um profissional capacitado se faz necessária, ressalta Bethânia.

2 . O que causa?

Na maioria das vezes, a ciatalgia é causada quando a parte inferior da coluna lombar é irritada por uma hérnia de disco. Porém, esse não é o único motivo. Segundo os especialistas consultados, outros motivos que podem comprometer a função do nervo ciático são:

- Doença degenerativa do disco, algo que cause a compressão mecânica do nervo ciático, como espondilolistese (escorregamento da vértebra, desalinhando o canal espinhal);

- Estenose espinhal (estreitamento do canal por onde passam a medula e os nervos na coluna);

- Artrose na coluna vertebral.

3 . As dores podem ser amenizadas de alguma forma?

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A boa notícia é que:
Sim! O Santo Padre e outros pacientes podem ver que a maioria dos casos - entre 85 a 90% - evolui bem com o tratamento conservador, que é como os fisioterapeutas chamam o tratamento à base de medicamentos e fisioterapia, por exemplo.

Phelipe esclarece que, embora o repouso possa ser indicado, recomenda-se que o paciente mude de posições, por exemplo, sentar, andar. Ele também indica terapias manuais, acupuntura e alongamentos, que normalmente são boas escolhas para alívio dos sintomas, dependendo da avaliação e do diagnóstico feitos por um médico especialista.

Médicos podem também receitar medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e até relaxantes musculares, dependendo de cada caso, mas o importante é que o paciente não faça automedicação e consulte um especialista.

Na avaliação de Bethânia, a fisioterapia é um tratamento indispensável para esse tipo de dor. Após uma avaliação detalhada, o fisioterapeuta tem várias ferramentas nas mãos para tratar essas condições. Técnicas de terapia manual, como mobilizações neurais e manipulações vertebrais, por exemplo e, principalmente, terapia com exercícios específicos para cada caso são outros exemplos de condutas que podem agir tanto no alívio dos sintomas.

“Importante alertar que, dependendo da causa da dor ciática, recaídas podem acontecer e é importante o paciente saber manejar essas dores. A atividade física regular também pode ajudar a controlar essas crises, sendo, inclusive, uma ótima forma de preveni-las. Ou seja, um tratamento multidisciplinar é o mais indicado para fornecer as orientações corretas para cada caso”, explica.

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4. Tem cura?

É importante entender que a ciatalgia é uma condição que pode estar relacionada com diversas causas e os casos devem ser avaliados individualmente. Porém, a boa notícia é que, na maioria dos casos, é uma condição que tem um prognóstico bom.

Para Phelipe, existem casos em que o tratamento cirúrgico é a solução mais eficaz, enquanto para outros, o tratamento convencional já é a melhor solução, evitando que o paciente seja exposto a algo mais invasivo.

De maneira geral, a história natural da maioria das dores lombares com ciatalgia evoluem bem. “Para nos aliviar um pouco, os casos de ciatalgia associados a problemas graves na coluna são bem mais raros do que os casos que evoluem bem”, conta Bethânia.

5 - É necessário repouso?

Na orientação de Phelipe, na fase aguda, quando o paciente não consegue realizar nenhum tipo de atividade, o repouso pode ser indicado, mas claro, se movimentar e fazer exercícios, mesmo que limitados e com supervisão de um profissional, também são fundamentais.

Um fato importante e curioso, segundo Bethânia, é que, antigamente, o repouso era muito indicado para pacientes. Entretanto, atualmente, estudos mais recentes mostram que, dependendo da origem da dor, na maioria dos casos, permanecer ativo é mais eficaz no alívio dos sintomas. “Imagino que o Papa Francisco seja acompanhado por uma equipe muito competente, capaz de indicar qual o momento certo de repousar e qual o momento de seguir com as atividades”, aponta.

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