Santo Padre

Em entrevista Papa fala de diversos assuntos, de guerra a futebol

Francisco diz que entre Maradona, Messi e Pelé, ele prefere o Pelé

Escrito por Redação A12

02 NOV 2023 - 10H10 (Atualizada em 19 DEZ 2023 - 15H01)

Reprodução / RAI, Tg1

Na última quarta-feira (1), foi ao ar uma entrevista de Papa Francisco para a TV Italiana RAI, Tg1, no vídeo o Pontífice fala com sinceridade sobre diversos assuntos, entre eles: guerra, mulheres na Igreja, Sínodo, abusos e futebol.

A entrevista foi realizada pelo diretor da Tg1, Gianmarco Chiocci, que iniciou abordando um assunto da atualidade, a guerra que eclodiu entre Israel e Palestina. Francisco disse que existe a possibilidade desta guerra aumentar para o mundo todo, mas que ele espera que isso não aconteça, por confiar na “sabedoria humana”. Leia MaisLíderes conversam com Papa Francisco sobre guerra no Oriente MédioSínodo reafirma o sentido da humanidade em tempos de guerra“Toda guerra é uma derrota!”, diz o Papa sobre o conflito em Israel

O Pontífice voltou a dizer que “toda guerra é uma derrota. Nada se resolve com a guerra. Nada. Tudo se vence com a paz, com o diálogo”. E completou: “na guerra, um tapa provoca o outro. Um com força e o outro com mais força ainda, e assim por diante. A guerra é uma derrota. Eu senti isso como mais uma derrota. Dois povos que devem viver juntos”.

Ao refletir sobre as constantes guerras no mundo, Papa Francisco explicou ainda que o mundo passa por uma “hora muito sombria”, e fez uma crítica a indústria de armamentos.

Não se consegue encontrar a capacidade de refletir com clareza, a hora mais sombria, eu acrescentaria: mais uma derrota. Tem sido assim desde a última guerra mundial, de 45 até agora, uma derrota após a outra porque as guerras não pararam. Mas o maior problema, ainda são as indústrias de armamentos. Uma pessoa que entende de investimentos, que conheci em um encontro, me disse que hoje os investimentos que mais geram renda são as fábricas de armas”.

Além da situação entre Israel e Palestina, o santo padre ainda recordou sobre a guerra na Síria e os conflitos na Ucrânia, e enfatizou: “Não temos que nos acostumar com isso”.

Ao ser questionado qual foi o momento mais difícil de seu pontificado, Francisco lembrou que para ele talvez a situação mais difícil e dura tenha sido no momento que teve que ir contra a guerra na Síria. Era uma situação que ele não estava acostumado e tinha medo de cometer algum erro e causar danos ainda maiores.

“Eu não sabia o que fazer, era muito difícil. Eu não estava acostumado com algo assim e também com o medo de cometer um erro e causar danos. Foi difícil. Houve também momentos fáceis e outros não tão fáceis. Mas sempre o Senhor me ajudou a resolver, ou pelo menos a ser paciente, a esperar para resolver”.

Mulheres na Igreja, o Sínodo e a COP 28

Além de assuntos como a guerra, a entrevista também abordou outros assuntos da Igreja Católica no mundo, Francisco respondeu e também explicou diversos pontos, como, por exemplo, a participação das mulheres nas decisões e em organizações da Igreja.

“Aqui no Vaticano há mais mulheres no trabalho, por exemplo, a vice-governadora do Estado do Vaticano é uma mulher, uma freira. O governador tem um papel mais genérico, mas é ela quem está no comando. No Conselho para a Economia, há seis cardeais e seis leigos; desses seis leigos, cinco são mulheres. Depois, já há secretárias no lugar dos monsenhores: a secretária da Vida Consagrada é uma mulher, do Desenvolvimento Humano Integral, uma mulher, na comissão para escolher os bispos há três mulheres. Porque as mulheres entendem coisas que nós não entendemos, as mulheres têm um talento especial para a situação e isso é necessário, acho que elas devem ser incluídas no trabalho normal da Igreja”.

Com relação à ordenação de mulheres, o Papa explica que “há um problema teológico nisso, não um problema administrativo”. Ele explica o princípio petrino, que é o da jurisdição, e o princípio mariano, que para ele é o mais importante, pois a Igreja é mulher, é esposa.

É preciso uma teologia para entender isso, e o poder da Igreja feminina e das mulheres na Igreja é mais forte e mais importante do que o dos ministros masculinos. Maria é mais importante do que Pedro, porque a Igreja é mulher. Mas se quisermos reduzir isso ao funcionalismo, perderemos”.

Vatican Media
Vatican Media

Sobre o Sínodo, Papa afirmou que foi positivo, que tudo foi discutido com total liberdade e que resultou em um documento que deve ser estudado para a próxima sessão em outubro.

“Acredito que chegamos àquele exercício de sinodalidade que São Paulo VI desejava no final do Concílio, porque ele havia percebido que a Igreja do Ocidente havia perdido a dimensão sinodal que as Igrejas do Oriente têm”.

Ao ser perguntado sobre sua presença em Dubai para a COP 28, Francisco afirmou que estará presente e que se lembra de quando escreveu a Laudato Si, antes de participar do encontro em Paris, afirmando que foi algo muito bonito, mas ressaltou que “depois de Paris, todo mundo recuou, sendo preciso coragem para avançar nisso”.

Abusos na Igreja e fora dela

Outro assunto sério foi abordado na entrevista, à questão de abusos dentro e fora da Igreja, o santo padre afirmou que está dando continuidade ao trabalho de Bento XVI.

“Foi feita uma grande limpeza. Todos eram casos de abuso e até mesmo alguns membros da Cúria foram mandados embora. O Papa Ratzinger foi corajoso nisso. Ele pegou o problema em mãos e deu muitos passos e depois o entregou para ser concluído. Isso continua. O abuso, seja de consciência, seja sexual, seja de qualquer coisa, não deve ser tolerado. É contrário ao Evangelho, o Evangelho é o serviço, não o abuso, e vemos muitos episcopados que fizeram um bom trabalho para estudar o abuso sexual, mas também outros”.

Ele ainda lembrou que a Igreja tem feito um papel importante na luta contra a pedofilia, mas entende que “ainda há muito a ser feito”.

Futebol

Vatican Media
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Como bom admirador de futebol, o Papa também respondeu uma questão sobre jogadores, que muito agrada os brasileiros.

“Entre Maradona e Messi, prefiro Pelé”.

Contextualizando a pergunta de Gianmarco a Papa: Ele iniciou falando sobre o título que Messi recebeu recentemente, a Bola de Ouro, e já que Francisco é argentino, perguntou a ele qual dos dois jogadores ele preferia: “Entre Messi e Maradona, quem o senhor prefere?”.

A resposta foi:

Eu diria um terceiro: Pelé. São os três que acompanhei. Maradona, como jogador, foi um grande, grande. Mas como homem, faliu. Coitado, escorregou com a corte de quem o louvava, mas não o ajudava. Ele veio me encontrar no início de meu pontificado, depois, coitado, teve aquele fim. É curioso: muitos esportistas acabam mal”.

Francisco completou: Messi é corretíssimo, é um cavalheiro. Mas para mim, destes três, o grande cavalheiro foi Pelé, um homem de coração. Falei uma vez com Pelé, o encontrei no avião, quando estava em Buenos Aires, um homem de uma humanidade, assim tão grande. Os três são grandes, cada um com a sua especificidade”.


Fonte: Vatican News

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