Santo Padre

O Papa: O centro e a periferia, o que atrai e o que não é valioso aos nossos olhos

Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)

Escrito por Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

14 JAN 2022 - 11H29 (Atualizada em 14 JAN 2022 - 11H43)

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Realizando uma sequência catequética tendo como referência São José, de quem é fiel devoto, o Papa Francisco leva a Igreja a refletir a sua evangelização no mundo de hoje. Com afirmações contundentes, destacou a “periferia” como lugar que o mundo não quer, mas que é valioso aos olhos de Deus:

“O Filho de Deus não escolheu Jerusalém como o lugar de sua encarnação, mas Belém e Nazaré, duas aldeias periféricas, longe do clamor da crônica e do poder da época”.

Falando da periferia como espaço geográfico, Francisco cita outra periferia existencial, a “periferia da alma”.

Deus continua se manifestando nas periferias geográficas e existenciais

Jerusalém, centro do poder religioso e de influência política e econômica, mesmo tendo o Santuário, lugar respeitado pelo povo judeu, não foi escolhida para o nascimento de Jesus; a escolha divina apontou para Belém e Nazaré. “Ele nasceu na periferia. Viveu a sua vida até 30 anos naquela periferia, trabalhando como carpinteiro, assim como José. Para Jesus, as periferias e a marginalidade são prediletas", afirma o Papa.

Para Francisco, essa escolha mostra que Deus se manifesta nas periferias geográficas e existenciais, porque “o Senhor age sempre escondido”, “na periferia da alma, nos sentimentos que talvez nos envergonham”.

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Citando a “periferia”, Francisco deixa claro de que não priorizar esse espaço geográfico na evangelização, “equivale a não levar a sério o evangelho e a obra de Deus”. Consciente de que a Igreja deve estar em “saída” e assumir o seu protagonismo, Francisco lembra que “Jesus vai em busca dos pecadores, entra nas casas, fala com eles, chama-os à conversão”.

Mostrando as dificuldades e críticas sofridas por Jesus, “esse mestre que come com os pecadores, se suja”, Francisco diz que “a sociedade daquela época não é muito diferente da nossa. Hoje há também o centro e a periferia”.

E, mais uma vez coloca São José para fazer essa ponte do ontem e do hoje, e ser uma referência na missão:

“José nos ensina a não olhar muito para as coisas que o mundo louva, mas a olhar para o ângulo, olhar para as sombras, para a periferia, para aquilo que o mundo não quer. Lembra a cada um que devemos dar importância ao que os outros descartam”.

O Papa Francisco em ação nas periferias do mundo

O mundo reconhece o protagonismo exercido pelo Papa Francisco, porque suas palavras são coerentes e não ficam apenas na teoria. Fala com autoridade, com clareza e tendo como referência o Evangelho. No que tange a defesa das “periferias do mundo atual” e suas contradições, sua voz não se cala.

Trazendo de forma concreta algumas ações mais recentes... Em visita ao Iraque em 2021, país devastado pela violência extremista e pelas profanações jihadistas, o Papa eleva um clamor aos céus contra toda forma de violência em nome de Deus. Na visita à Eslováquia e aos migrantes de Lesbos, Francisco falou da blasfêmia quando o nome Deus é usado para destruir a dignidade das pessoas.

Em várias oportunidades, clamou às autoridades justiça na distribuição de vacinas contra a Covid-19 para os países pobres. E, mostrando sensibilidade e gratidão, em dezembro passado, fez uma carta de agradecimento à Igreja na Coreia do Sul por enviar vacinas e favorecer a distribuição em países pobres.

Que o Papa Francisco continue sendo essa voz profética, em defesa da vida em todas as dimensões!

Escrito por
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

Missionário redentorista com bacharelado em Teologia (UCSal), pós-graduado em Comunicação e Cultura Brasileira (SEPAC-PUC/SP) e mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP).

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