Santo Padre

Papa: “a avareza é uma doença do coração, não da carteira”

Em sua catequese, o santo padre refletiu sobre o vício da avareza

Escrito por Redação A12

24 JAN 2024 - 15H38 (Atualizada em 24 JAN 2024 - 16H42)

Vatican Media / Reprodução

Na Audiência Geral desta quarta-feira (24), na Sala Paulo VI, Papa Francisco refletiu sobre o vício da avareza, “aquela forma de apego ao dinheiro que impede o homem de ser generoso”.

Dando continuidade ao seu ciclo de catequeses, o Santo Padre falou sobre esse pecado que apesar de parecer algo exclusivo de pessoas com grandes patrimônios, não tem nada ver com ser rico ou pobre.

“A avareza é uma doença do coração, não da carteira.”

Ele explicou sua afirmação relacionando com algumas análises que os padres do deserto fizeram sobre este mal. Leia MaisPapa: “a oração é a respiração da fé”Papa pede atenção para Casa Comum, tecnologias e taxa de natalidade

“Eles evidenciaram como a avareza poderia também se apoderar dos monges que, depois de terem renunciado a enormes heranças, na solidão da sua cela se apegaram a objetos de pouco valor: não os emprestavam, não os partilhavam, e muito menos estavam dispostos a distribuí-los, era um apego a pequenas coisas”.

Francisco disse que quando alcançamos a idade do entendimento, não podemos mais sofrer desse tipo de mal, não somos mais crianças que agarramos um brinquedo e não queremos compartilhá-lo.

Esse tipo de apego nos tira a liberdade, e aí reside uma relação doentia com a realidade, que pode levar a formas de acumulação compulsiva ou patológica”.

O Santo Padre recordou que os monges propuseram um método chamado “meditação da morte”. Se pararmos para refletir, não importa quantos bens se acumule durante a vida, eles não vão caber no caixão quando você morrer.

“O vínculo de posse que construímos com as coisas é apenas aparente, porque não somos os donos do mundo: esta terra que amamos não é, na verdade nossa, e nela caminhamos como estrangeiros e peregrinos”.

Francisco recordou a pregação de Jesus no Sermão da Montanha, quando o Senhor pede para não ajuntarmos tesouros na terra, mas sim tesouros no céu, e ressaltou:

“Podemos ser senhores dos bens que possuímos, mas muitas vezes acontece o contrário: em última análise, são eles os nossos donos”.

E este é um ponto para qual devemos nos atentar, muitas pessoas conquistam muitos bens, mas esses bens acabam por exigir muito delas e quando se olha de perto, é possível ver que a pessoa se tornou escrava de seus bens.

Alguns homens ricos já não são livres, já nem têm tempo para descansar, têm de olhar por cima dos ombros porque a acumulação de bens também exige os seus cuidados. Sentem-se sempre ansiosos porque um legado se constrói com muito suor, mas pode desaparecer num instante. Esquecem-se da pregação evangélica, que não afirma que a riqueza em si é um pecado, mas é certamente uma responsabilidade”.

São Paulo escreveu que o Senhor “Sendo rico, se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza”, e é isso que o “avarento” não compreende, ao invés de guardar seus bens para si, poderia dividir com o próximo, auxiliar os irmãos.

“Podia ter sido uma fonte de bênção para muitos, mas em vez disso acabou no beco sem saída da infelicidade”.

Ele ainda contou uma história a fim de explicar como uma pessoa com o vício da avareza tem uma vida triste:

“Lembro-me do caso de um senhor que conheci em outra diocese, era um homem muito rico, casado, e tinha uma mãe doente. Os irmãos se revezavam para cuidar da mãe, e ela costumava tomar um pote iogurte pela manhã. Aquele senhor lhe dava metade pela manhã, e para economizar, guardava metade do iogurte para lhe dar à tarde. Isso é avareza, isso é apego às posses.

Então, esse senhor morreu, e os comentários das pessoas que foram ao velório eram:
'Olhem, esse homem não tem nada com ele, deixou tudo para trás'. E então, de forma um pouco irônica, diziam: 'Não puderam nem fechar o caixão porque ele queria levar tudo com ele', e isso fazia os outros rirem. Esse é um exemplo claro da avareza”.

Por fim, o Pontífice concluiu sua reflexão com um pedido:

“No fim da vida teremos que entregar nosso corpo e nossa alma ao Senhor, e teremos que deixar tudo. Sejamos cuidadosos e generosos: generosos com todos e generosos com aqueles que mais precisam de nós”.

Fonte: Vatican News

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