"A gruta está aberta, sem guardas e sem portas; assim cada um pode entrar à vontade, em qualquer tempo, para ver este pequenino Rei, falar-lhe e até abraçá-lo, ao gosto de seu amor e de seus desejos. Entrai então!" Santo Afonso de Ligório
A palavra presépio, como representação da natividade de Jesus Cristo, nasceu em Nápoles, aparecendo pela primeira vez em 1021, na igreja de Santa Maria "ad praesepe". A partir desse momento, o presépio torna-se como que um fio condutor que atravessa séculos de história, fé e criatividade do Sul da Itália.
O vocábulo vem do latim praesepium, que significa curral ou cercado, passando a existir em nossa língua desde o século XIV, com sentido religioso de representação cênica do nascimento de Jesus Cristo numa estrebaria.
.:: Significado e origem do presépio cristão
A tradição atribui a invenção do presépio a São Francisco de Assis, que pela primeira vez na história encenou a Natividade de Jesus. Em parte, isso é verdade, mas a história do presépio tem origens muito mais remotas.
As primeiras representações da Natividade de Jesus remontam aos primórdios da era cristã. Nos primeiros tempos, os cristãos costumavam esculpir ou pintar cenas do nascimento de Jesus em seus lugares de encontro, como, por exemplo, as catacumbas. Nas catacumbas de Santa Priscila, em Roma, foi encontrado o primeiro afresco, retratando Nossa Senhora com o menino Jesus no colo enquanto o apresenta para os Magos. Ao lado dela está um homem, talvez São José ou o profeta Isaías, enquanto uma estrela de oito pontas aparece no topo.
É possível que este afresco date do século II d.C., mas nos séculos seguintes seriam feitas as mais variadas representações da natividade ou da epifania com o contributo de escultores, pintores e artistas dos diversos campos de arte. Aqui, queremos falar de uma das mais fortes tradições de confecção de presépio porque vai de encontro à espiritualidade afonsiana e história redentorista: a tradição napolitana de presépios.
O presépio napolitano não é apenas uma representação da Natividade, com os seus personagens mais comuns, mas uma narrativa que une simbolismo, folclore e tradição popular. Cada cena, detalhe e personagem da criação tem um significado especial, integrando a cultura e a herança religiosa napolitana.
Presépio napolitano exposto no Museu de Arte Sacra de São Paulo
Ao longo dos séculos, o presépio napolitano evoluiu em seu formato, enriquecido com as mais diferentes figuras, refletindo não só a religiosidade, mas também o cotidiano, as lendas e a visão do mundo da população napolitana. Quando chegamos aos séculos XIV e XV, alguns autores bem conhecidos contribuíram na criação das primeiras figuras que transformaram o nascimento de Jesus Cristo em uma história viva.
Em 1534, com a chegada de São Caetano Thiene, o presépio saiu das igrejas, entrando no coração das famílias, em suas casas, nas vielas e nas tradições populares. No século XVIII, século de Santo Afonso, ocorreram novas transformações e as imagens usadas no presépio ganharam uma maior variedade no tamanho, no uso de materiais e nas poses de seus personagens
Apesar do secularismo e do Iluminismo, o século XVIII é considerado a era de ouro para a arte do presépio napolitano, graças ao rei Carlos III, da casa Bourbon, que foi um mecenas de artistas. Ele fez do presépio um instrumento de propaganda religiosa, recebendo o apoio da população. Ele próprio mandou fazer um imenso presépio que ocupava alguns salões do palácio real, com centenas de personagens e grande atenção aos detalhes.
No século XVIII, os presépios fundem o sagrado, representando o nascimento de Jesus, com o profano, recriando a vida cotidiana de Nápoles com detalhes realistas, figuras populares, figuras políticas e até celebridades, esculpidos em rica miniatura. Nos nossos tempos, até figuras de famosos como o ex-jogador argentino Maradona fizeram parte de um presépio.
Detalhes do presépio napolitano de Santo Afonso
Com isso, a representação da Natividade se torna uma verdadeira obra de arte não apenas em Nápoles, mas em outras cidades italianas, como Gênova. Os artistas dão vazão à sua criatividade, com a introdução de personagens da vida cotidiana, representados especialmente no ato de trabalhar. Famílias chegavam a competir para contratar os artistas mais importantes e mostrar o presépio mais requintado, ao qual dedicavam um inteiro cômodo de suas residências.
Os artesãos usam tecidos e materiais nobres para criar as cenas, tornando o presépio não só uma decoração, mas um mundo em miniatura como celebração da vida napolitana.
O presépio napolitano se transforma numa manifestação cultural que vai muito além do Natal, mostrando a fusão do sagrado com o profano, do passado com o presente numa única obra de arte. Ao lado de Maria, José e dos Reis Magos, são colocados padeiros, açougueiros, músicos, cenas de jogos de cartas e personagens do dia a dia. As figuras feitas em materiais variados com expressões únicas e vestimentas feitas de tecidos reais conferem um realismo, representando a vida napolitana, com mercados, tavernas e cenas de rua, como um espelho da cidade.
O presépio inclui não apenas figuras bíblicas, mas também figuras políticas, atletas e celebridades, adaptando a tradição aos tempos modernos. Cada figura tem um papel na história, criando uma linguagem universal de símbolos e tradições.
Alguns presépios chegam a trazer mais de 800 figuras, preservando a identidade da região da Campânia, ligando com a história da Magna Grécia. O presépio então não é mais apenas o Natal, se transformando em memória, arte, pertencimento como expressão da história de um povo.
O presépio inaugurado na Praça São Pedro no dia 15 de dezembro foi projetado e desenvolvido na Diocese de Nocera Inferiore-Sarno, localizada no sul da Itália. O cenário apresenta elementos locais característicos como o Batistério de Santa Maria Maior em Nocera Superiore, a Fonte Helvius de Santo Egídio do Monte Albino e os pátios típicos da região de Agro Nocerino-Sarnese. Esses elementos arquitetônicos foram habitados por Santo Afonso Maria de Ligório, que usou dos elementos da realidade para evangelizar. Todos são enriquecidos com símbolos e elementos que celebram o patrimônio imaterial e gastronômico da região.
O pavimento do presépio apresenta antigas estradas romanas em lajes de pedra. Pastores e figuras de animais em tamanho real estão fixados nele.
A ideia foi combinar arte e espiritualidade em um cenário que evoca fé e tradição.
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