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Santo Afonso e o Natal: presépio, música e espiritualidade

Formado no ambiente religioso e cultural de Nápoles, o fundador da Congregação Redentorista encontrou caminhos concretos para anunciar o mistério do Natal

Escrito por Redentoristas

23 DEZ 2025 - 17H05 (Atualizada em 23 DEZ 2025 - 18H35)

Divulgação

Em 15 de outubro de 1758, em Nápoles, com a editora Pellecchia, Santo Afonso publicou a Novena de Natal. Essa obra fluiu quase espontaneamente da alma serafica do santo que se propôs a ajudar as almas a viver o Natal com sentimento cristão genuíno.

Quando Santo Afonso publicou o pequeno volume de "Natal" (pp. 570 in12) na gráfica napolitana de A. Pellecchia, trazendo na frente uma encantadora imagem do Menino Jesus pescando corações, o presépio atingiu sua plena expressão na terra do Vesúvio com os pastores clássicos modelados por artistas autênticos, que maravilharam a Europa.

A representação plástica do nascimento de Cristo tornou-se, por meio da cenografia animada, a manifestação mais típica do espírito religioso napolitano. No cenário arcádio, o despertar foi iluminado e espalhado de forma benéfica e avassaladora, dos bairros populares até a suntuosa corte Bourbon de Carlos III, que não desprezava cobrir a gruta de Belém, construída com suas próprias mãos, com musgo.

João Éder/ TV Aparecida João Éder/ TV Aparecida Presépio napolitano de Santo Afonso, exposto em Pagani, na Itália


Pregadores humildes, poetas e músicos mais ou menos refinados contribuíram para nutrir o movimento místico, mesmo que não o aprofundassem do ponto de vista teológico com argumentos densos e luminosos. É indiscutivelmente reconhecido que São Afonso trouxe um tom mais caloroso e penetrante à riqueza dos motivos nativos do século XVIII, muitas vezes superficiais e monótonos, com seus escritos e iniciativas.

Depois de São Francisco de Assis e São Gaetano Thiene, nenhum santo se interessou tão cordialmente pelo Natal quanto ele, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor e distinto moralista.

Afonso com a família

Nascido em 1696, Santo Afonso passou seus primeiros 36 anos em Nápoles, quase sempre em casa, entre seu pai, que se deleitava com partituras e miniaturas de Scarlattiana, e sua mãe, muito dedicada, que havia sido educada pelas freiras do conservatório de São Francisco na Via Pontecorvo. Seu pai, capitão das galés influenciado pelo jesuíta São Francisco de Jerônimo (+1716), gostava da Paixão de Cristo, enquanto sua mãe, Dona Anna Cavalieri, que na adolescência absorvia muitos elementos da espiritualidade franciscana, preferia a infância do Salvador.

Divulgação Divulgação São Francisco Jerônimo batizou o pequeno Afonso Maria de Ligório


Santo Afonso sugava ternura pelo divino Infante nos joelhos da mãe, ouvindo absorto ao lado do pai as estupendas Cantatas dos pastores, que ressoavam na cidade durante o ciclo natalino, especialmente na antecipação da Missa da meia-noite, entre a explosão dos fogos de artifício e a vivacidade dos gaitistas.

Aquelas memórias, carregadas de alegrias límpidas, permaneciam indeléveis nas profundezas de seu coração. Mais tarde, uma querida estatueta do Menino Jesus, enfaixada por sua mãe, veio despertá-los com veemência extática, que se privou dela, enviando-a a Ciorani. O santo ficou radiante e, no dia 25 de cada mês, o exibia entre velas no coro, onde seus discípulos meditavam sobre os exemplos de Belém e renovavam seus votos sagrados.

Sacerdote Afonso

Assim que se tornou padre, em 1726, e depois missionário, falou apaixonadamente sobre a Noite Santa, começando pelas narrativas evangélicas de São Mateus e São Lucas, ilustrando-as com doutrina patrística. E, ocasionalmente, movido por sua inspiração, também escrevia versos em língua vernácula, que musicava para animar os pobres lazzaroni e artesãos reunidos nas "Capelas da Noite" que ele fundava para a recuperação das almas mais abandonadas.

Seu biógrafo inicial, Pe. Antonio Tannoia, informa que em Ciorani e Deliceto, Afonso delineou "a óleo, nas frentes do altar-mor, um belo campo com o mistério do nascimento, ou seja, o Menino santo adorado pelos pastores, com a Virgem e São José."

No presépio napolitano, que fascinou até Handel, autor do oratório "O Messias", amadureceu o "Natal" de São Afonso, contendo meditações, discursos e canções.

Após concluir a terceira edição da "Theologia Moralis" em três grandes volumes, em Veneza, em 1757, compôs a "Novena do Santo Natal com meditações para todos os dias do Advento até a oitava da Epifania".

Vatican Media Vatican Media Presépio inspirado em Santo Afonso foi inaugurado no Vaticano em dezembro de 2025


Desde a primeira página, ele observou: "Muitos cristãos estão acostumados há muito tempo a preparar o presépio em suas casas para representar o nascimento de Jesus Cristo; mas, poucos são aqueles que pensam em preparar seus corações, para que Jesus Cristo nasça neles e descanse. Entre esses poucos, porém, ainda queremos ser nós mesmos, para que possamos ser dignos de permanecer acesos com este fogo feliz, que faz as almas felizes nesta terra e abençoadas no céu."

O escritor piedoso propôs ajudar as almas a viver o Natal com sentimento cristão genuíno. E ele condensou o melhor de sua pregação, reflexões pessoais e composições poéticas nela.

Do começo ao fim, uma ideia fundamental circula: a cruz tem suas raízes no berço: em Belém começa o Calvário do Verbo feito carne. Ele aparece em todo lugar. Santo Afonso nunca perde de vista o drama sangrento do Redentor e insiste em trazê-lo à memória dos fiéis para despertar gratidão e amor generoso em troca.

O conteúdo se desenvolve em uma cor eminentemente pastoral, para a qual abundam resoluções e impulsos afetuosos. Ele se preocupava por um método habitual de estimular a vontade para resoluções concretas, em vez de cultivar a inteligência por meio de especulações peregrinas.

Ele aponta para a Criança divina no ritmo da vida cotidiana (Belém, Egito, Nazaré) para nutrir a devoção sem fomentar sentimentalismos mórbidos. As reflexões estão entrelaçadas com as inúmeras citações bíblicas e patrísticas. Os "Afetos e orações" os coroam.

Poesia e música

Da produção natalina do Santo, também é necessário ressaltar o valor literário dos poemas, que alcançaram considerável fortuna em dois séculos. Três composições resistem aos lábios difíceis do povo como poucas canções italianas antigas. Nem as gravações diminuíram seu vigor. Os gaitistas de Abruzzo, sem saber, às vezes, uma letra do alfabeto ou um sinal do pentagrama, transmitem a melodia de geração em geração como um patrimônio precioso e ainda conseguem nos fazer prová-la com o tradicional acompanhamento da ciaramelle.

Santo Afonso compôs e musicou em 1754, em Nola (Nápoles) "Tu scendi dalle stelle", que publicou em 1755. A Pastoral original, que encantou o filósofo Cardeal Mercier, agora é cantada em todos os lugares. O outro poema alfonsiano no vernáculo "Quanno nascette Ninno a Bettalemme" atrai cada vez mais atenção, cujos méritos indiscutíveis foram destacados, assim como por Ferdinando Russo, Salvatore Di Giacomo e Francesco Flora, por Norrembergh e Baumgartner (cf. Geschichte der Weltliteratur, vol. VI, 1. 3, c. 3, p. 566-68).

.:: Ouça o canto de Natal composto por Santo Afonso

Ettore De Mura, em Poetas Napolitanos do Século XVII até Hoje (Nápoles, 1963, ed. II, p. 67-69), relatou as passagens mais marcantes, exaltando a "famosa Pastoral rica em imagens delicadamente poéticas, impregnadas de graça e simplicidade".

Santo Afonso escreveu os versos e os publicou pela primeira vez, ao que parece, em 1779, em uma opereta de Mattia del Piano: "Laudi spirituali nell'idioma toscano e napoletano". Sua autoria, portanto, não pode ser duvidada.

Nas páginas de "Christmas" descobrimos uma linguagem viva, que nasce da fé ardente e de experiências profundas.

Não é literatura estéril. Santo Afonso, corretamente chamado de "o doutor da salvação", busca em seus leitores não a aridez dos novos horizontes intelectuais, mas o compromisso decisivo de realizar os pensamentos sugeridos de forma positiva com abundantes ações de amor por Deus e pelo próximo sofredor.

Pe. Oreste Gregorio, C.Ss.R

.:: Entenda a origem do presépio napolitano ::.

Fonte: Tradução livre: Pe. Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

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