São João Paulo II: o verdadeiro missionário é o santo

É sempre bom lembrar tudo o que nos ensinou o nosso querido São João Paulo II, que agora na eternidade é nosso intercessor no céu. Deste nosso santo súbito, queremos recordar o seu entendimento sobre o que é ser missionário, afinal ele foi nomeado também como o "Papa Peregrino".

É tão simbólico falar de missão sob a ótica de São João Paulo II, porque ele viajou para 129 países e percorreu 1,2 milhões de quilômetros. Essas viagens representam 29 voltas ao redor do mundo e três vezes a distância entre a Terra e a Lua.

São João Paulo II impôs a si mesmo essa vida de peregrino. “Desde o início do meu pontificado, decidi caminhar até aos confins da terra para manifestar esta solicitude missionária, e este contato direto com os povos, que ignoram Cristo”, disse ele na encíclica Redemptoris missio, publicada em 1990.

É nesse documento que ele fala que o missionário é o santo, veja a seguinte citação: 

“O chamamento à missão deriva por sua natureza da vocação à santidade. Todo missionário só o é autenticamente, se se empenhar no caminho da santidade”, disse o santo Papa. 

Muitos devem lembrar aquela cena do papa na janela de seu quarto, em frente à Praça de São Pedro, poucos dias antes de sua morte.

Consumido pela dor, ele tentava falar aos fiéis. Foi impossível não chorar ou se emocionar com seu esforço. Sem conseguir pronunciar uma palavra, ele apenas abençoou várias vezes o seu povo. Foi a penúltima vez que apareceu em público. "Ele estava, naqueles dias, encerrando a sua dolorosa Via Crucis", assim disse o Vaticano.

São incomparáveis as alegrias de um missionário de Cristo, mas não se engane: o sofrimento é perene.

Em outra ocasião, João Paulo II indicou essa realidade que sempre estará presente na vida de quem assume a missão de anunciar o Evangelho:

“Vós sabeis que aderir a Cristo é uma opção exigente. Jesus não fala por acaso de ‘cruz’. Contudo, Ele esclarece imediatamente: ‘após mim’. É esta a grande palavra: não carregamos sozinhos a cruz. Diante de nós caminha Ele, abrindo-nos a estrada com a luz do seu exemplo e com a força do seu amor”, disse em sua última viagem na Itália, em Loreto, em setembro de 2004.

Se as dores fazem parte do caminho do missionário, de onde ele tira a sua força? Justamente do ideal que o move.

“A característica de qualquer vida missionária autêntica é a alegria interior que vem da fé. Num mundo angustiado e oprimido por tantos problemas, que tende ao pessimismo, o proclamador da Boa Nova deve ser um homem que encontrou, em Cristo, a verdadeira esperança”, reflete na encíclica.

São João Paulo lembra que, quando Cristo dá instruções ao Doze Apóstolos, antes de enviá-los para evangelizar, ele indica os caminhos da missão: pobreza, humildade, desejo de justiça e paz, aceitação do sofrimento e perseguição e a caridade, que são precisamente as bem-aventuranças, concretizadas na vida apostólica (Mt 5, 1-12).

“Vivendo as Bem-aventuranças, o missionário experimenta e demonstra concretamente que o Reino de Deus já chegou, e ele já o acolheu”.

Se, nos últimos momentos de sua vida, São João Paulo sofreu dores incontáveis, ele também experimentou o contentamento de viver uma vida santa. 

Para encerrar a encíclica, ele deixa uma palavra de esperança que serve como um mandato missionário: 

“Nunca como hoje se ofereceu à Igreja a possibilidade de, com o testemunho e a palavra, fazer chegar o Evangelho a todos os homens e a todos os povos. Vejo alvorecer uma nova época missionária, que se tornará dia radioso e rico de frutos, se todos os cristãos e, em particular, os missionários e as jovens Igrejas corresponderem generosa e santamente aos apelos e desafios do nosso tempo”.

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