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Virtude do Mês: Abnegação de si mesmo e amor à cruz

Irmão André Luiz Oliveira, C.Ss.R., destaca que a teologia da Cruz nos ensina que é necessário abnegar-se de si mesmo

Escrito por Ir. André Luiz Oliveira, C.Ss.R.

15 DEZ 2021 - 13H54 (Atualizada em 01 DEZ 2022 - 08H10)

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O fim do ano é sempre um momento muito propício para fazermos uma revisão, recordar o ano que vai terminando e, pensar, o que valeu a pena e aquilo que não foi tão bom.

Essa atitude nos auxilia na vivência das virtudes e pela reflexão alcançamos o equilíbrio. Pois, a medida em que vamos tomando consciência das coisas, elas passam a fazer parte da nossa vida.

Para bem concluirmos o ano, Santo Afonso nos propôs a virtude da Abnegação de si mesmo e amor à cruz.

O antropocentrismo é uma teoria superada. Achar que o mundo gira a nossa volta, ou mesmo, que nós somos insubstituíveis, é tolice! Se não formos capazes de irmos além de nós mesmos, na direção do outro e em vista de algo maior, nada fará sentido nessa vida

Quem não é capaz de tomar tal atitude, jamais saberá realmente o que é liberdade. Pois aquele que não é livre de si mesmo, é escravo de sua personalidade. Ou, como encontramos nas palavras de Santo Afonso:

O desprendimento mais importante e necessário é o de si mesmo, isto é, da própria vontade. Quem sabe vencer-se a si mesmo, facilmente vencerá a todas as outras dificuldades

Devemos ter em mente que abnegação não é sinônimo de desprezo de si. É antes, uma livre renúncia do excesso de amor-próprioA abnegação pode ser traduzida aqui por paciência, ou pela capacidade de aceitação e resiliência. Assim como Jesus nos propôs:

“Se alguém quiser vir após mim, abnegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24)

Art Stocker/ Shutterstock
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Na Cruz está alguém que foi capaz de renunciar a tudo, esvaziar-se de todas as seguranças, em vista de algo superior


Ele quis que nós aderíssemos ao seu projeto. Isto é, deixar de lado coisas pessoais, em vista do seu ideal redentorTrata-se de um convite para sermos, com Ele, “corredentores”.  É um chamado para que nos tornemos seus colaboradoresLeia MaisNão há vocação sem cruzReze por 15 minutos diante de uma Cruz

Quando falamos de abnegação, devemos ter em mente que a soberba pode nos levar a obscuros lugares em nosso coração e que nem imaginávamos que existia.

Lugares onde a luz de Cristo ainda não ilumina e a treva da arrogância toma conta. Pois a soberba turva a razão e faz o homem acreditar na autossuficiência.

Não nos esqueçamos da advertência do livro dos Provérbios:

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pr 16,18)

A teologia da Cruz nos ensina que é necessário abnegar-se de si mesmo. Pois, ali está alguém que foi capaz de renunciar a tudo, esvaziar-se de todas as seguranças, em vista de algo superior.

O apóstolo São Paulo, na Carta aos Filipenses, nos relembra:

“Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo” (Fl 2,6-7)

A escola da abnegação produziu muitos santos para a Igreja, como São Francisco de Assis, São Geraldo Majella e Santa Rita de Cássia.

Quando renunciamos, passamos a confiar mais em Deus do que em nós mesmos. Falsas seguranças, ou, a ilusão de controlar todas as situações, não nos garantem poder.

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Quando somos capazes de amar a cruz, a vida se torna mais leve


Somos como frágeis vasos de argila na mão do oleiro. Basta uma queda e tudo está perdido. Porém, quando nossa vida está fundamentada em Cristo, nada pode se abater contra nós, como nos advertiu o apóstolo São Paulo:

“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31).

Quando somos capazes de amar a cruz, a vida se torna mais leve, pois passo a compreender que o sofrimento nem sempre é negativoPois toda experiência me lança para frente, me faz mais forte. As nossas cruzes podem nos tornar mais resilientes às dificuldades.

Quando Santo Afonso nos propôs que amemos a cruz, ele se referiu tanto a Cruz de Cristo, quanto a nossa cruz de cada dia. Aqueles pequenos cruzeiros que nós vamos edificando ao longo do caminho da nossa vidaLeia MaisHomilia JM: O que significa carregar a minha cruz?A Cruz, símbolo máximo da nossa fé

Devemos pensar que a cruz remonta um duplo movimento: horizontal e vertical. À medida em que olho para o alto, em busca do céu, meus braços se estendem na direção do meu próximo

A cruz é sinônimo da palavra amor. É próprio daqueles que amam aceitar a cruz e perceber nela uma possibilidade de crescimento.

Ao vivenciarmos o último mês do ano, devemos fazer nossa retrospectiva pessoal. Lembrarmos de cada uma das cruzes em que fomos crucificados, para assim percebermos a beleza da ressurreição.

Juntos, vamos rezar a oração pela virtude do amor à cruz:

Oração

Ó meu Jesus, ajudai-me a sofrer com paciência as tribulações desta vida,
e perdoai-me todas as ofensas que Vos fiz pelas minhas impaciências
e pela minha pouca resignação nos sofrimentos que me enviastes para o meu bem.

E vós, Virgem Santíssima e minha Mãe Maria,
alcançai-me do vosso divino Filho a graça de o amar,
pois que o amor me dará também força para sofrer tudo por amor dele. 

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