A fé nos leva a contemplar um horizonte de possibilidades

O início do ano é sempre uma oportunidade de recomeço! Nós temos a oportunidade de sermos 365 vezes diferentes. Certa vez, ouvi esse pensamento: “Ninguém é melhor, ou pior do que você. Você é único”.

Entre os bilhões de habitantes do planeta Terra, não existe outro igual a mim ou a você. Portanto, somos únicos e podemos ser quem nós quisermos ser. 

Podemos ser inventivos, criativos e originais. Não foi à toa que Santo Afonso propôs como a primeira virtude do ano: a Fé.

A virtude da fé nos leva a contemplar um horizonte de possibilidades. Aqui caberia um neologismo: esperançar. O verbo esperançar é muito mais que a compreensão que temos da palavra esperança, pois não se trata de uma atitude passiva de aceitação.

Esperançar é correr atrás, acreditar e buscar. A virtude da fé tem muito do esperançar. Ela me projeta para frente, me faz crer e ir em busca daquilo que eu acredito.

O versículo bíblico que orienta a virtude da fé, foi retirado do evangelista São João:

“Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12)

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A fé é a forma para tocarmos o divino e alcançarmos o sobrenatural

A fé é a luz que ilumina a nossa vida, que nos possibilita enxergar além das trevas do medo. Ter fé é ter dentro de si uma luz radiante, que ilumina os lugares mais encobertos do nosso coração. Foi o que disse Jesus no Evangelho de Mateus:

“Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa” (Mt 5,15)

Quando temos a luz da fé, nossa missão é tornar o mundo e a sociedade mais esclarecidos e iluminar todos os que estão a nossa volta. 

A fé é muito mais que um sentimento, ela está ligada a integridade do nosso ser. A fé não está associada somente à dimensão da oração, ela é parte integrante da nossa vida. Como nos ensina São Geraldo Majella:

“A fé é vida e a vida para mim é fé!” 

Nossas atitudes devem corresponder com a fé que professamos, e a fé que professamos deve se manifestar nas minhas atitudes e vivências. Caso contrário a fé se torna uma convulsão ideológica, ou um fazer exagerado. As Escrituras descrevem a fé como: 

“A certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem” (Hb 11,1).

Tanto as Escrituras como a Tradição da Igreja reconhecem a fé como um dom gratuito de Deus, necessário para a salvação. A fé é muito mais do que apenas acreditar. Ela é a forma para tocarmos o divino e alcançarmos o sobrenatural. Certa vez, disse Madre Tereza de Calcutá:

“A força mais potente do universo é a fé”

A fé não é um porto seguro, ou mesmo, um amuleto que nos dá segurança. Pelo contrário, a fé nos desinstala e nos provoca. O inquietar da fé nos leva a perceber que ela é muito mais do que um simples acreditar. Ela é um agir. 

A fé é um esvaziar-se de si, para deixar-se preencher por Deus! Basta olharmos para os patriarcas na fé.

Todos foram homens e mulheres desinstalados, sempre em movimento. Eles nos revelam que a inércia não é própria dos homens de fé.

O texto bíblico escolhido por Santo Afonso para orientar a virtude nesse mês, apresenta Jesus Cristo como luz do mundo. Somente o brilho ofuscante da misericórdia de Deus pode banir as trevas do pecado.

Dizemos que a fé ilumina e isso é uma verdade, pois nossa fé é em Jesus Cristo. Se Ele é luz, só pode iluminar e o irradiar luminoso de seus ensinamentos só pode aclarar as ideias. Não nos esqueçamos do que nos aconselhou G. K. Chesterton:

“Quem acende uma luz é o primeiro a se beneficiar da claridade”

Gustavo Cabral/A12

A fé não está associada somente à dimensão da oração, ela é parte integrante da nossa vida

Todo começo é luminoso! O início de um novo ano, quando se desvela no horizonte, traz uma infinidade de possibilidades, fazendo surgir em nossos olhos um brilho e renovando a nossa esperança.

Essa luz interior que vem da fé é a esperança de que tudo dará certo. Como nos lembra Santo Afonso:

“Sem a oração não há luz. Quem tem os olhos fechados não pode ver o caminho que conduz a pátria”.

Sob a luz da fé, iniciemos o ano como pessoas virtuosas, que desejam crescer gradualmente na santidade cristã.

Oração

“Amadíssimo Redentor meu, ó, vida da minha alma,
creio que Sois o único bem digno de ser amado.

Creio que Sois o mais fiel amigo da minha alma,
porque só Vós quisestes, pelo meu amor,
morrer consumido de dores.

Creio que, nesta vida e na outra,
não há felicidade igual a de Vos amar
e fazer a Vossa vontade”.