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Entenda o que é a mortificação e como vivê-la

“Quem odeia sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna”, Jo 12, 25.

Escrito por Ir. André Luiz Oliveira, C.Ss.R.

09 SET 2021 - 07H50 (Atualizada em 01 SET 2023 - 15H36)

Ptashkimenko / Shutterstock

Para crescer nas virtudes cristãs, há uma única receita: a mortificação. Somente aqueles que são capazes de abnegar-se, de dominar seus instintos conseguirão viver uma vida virtuosa. Para nosso desenvolvimento espiritual, Santo Afonso nos propõe para esse mês a Virtude da Mortificação.

A Virtude do Mês é uma parceria entre o Centro Redentorista de Espiritualidade e o A12. Nosso desejo é levar até você gotas de nossa espiritualidade redentorista, retiradas dos mais profundos ensinamentos de Santo Afonso Maria de Ligório.

Confira a reflexão com o Irmão André Luiz ou leia abaixo: 

Como já dissemos anteriormente, algumas palavras do vocabulário cristão, podem nos parecer estranhas. Porém, quando devidamente apresentadas, elas se tornam acessíveis. Devemos contextualizá-las e traduzi-las à luz da modernidade. Somente assim as pessoas entenderão quão belo é viver uma virtude.

A mortificação tem muita razão para ainda existir em pleno século XXI, pois se não formos capazes de nos impor alguma disciplina, nos tornaremos indolentes e inconsequentes. A mortificação tem a missão de ensinar ao homem moderno, mais do que se impor alguma restrição, é necessário aprender a lidar com os instintos.

A mortificação proporciona o equilíbrio, o autoconhecimento e estimula a capacidade de superação. Diversos filósofos modernos definem nossa geração como uma geração frágil e instável. Susceptível a fragmentação. Basta olharmos para alguns termos utilizados: geração de cristal, sociedade líquida, sociedade do cansaço.

Como solução, basta que observemos a Virtude da Mortificação. No passado, a mortificação era uma prática disciplinar exigente. Que buscava mortificar: “matar”, todo e qualquer pecado ou prática de pecado, que houvesse no indivíduo. Exorta-nos São Leão Magno:

“Mortifiquemos um pouco o homem exterior para que o interior seja restaurado; perdendo um pouco do excesso corpóreo, o espírito robustece-se pelas delícias espirituais.”

Basta também que olhemos às vidas dos santos, muitos deles praticavam pesadas mortificações, como jejuns, suplícios, cilícios e privações diversas.

Mas hoje podemos traduzi-las de muitas outras formas, por exemplo, se eu for capaz de vencer o amor-próprio, eu estarei me mortificando, muito mais do que talvez a autoflagelação. Isso porque, para os espíritos mais presunçosos, o negar algo para si é muito mais doloroso.

Leia MaisVeja como praticar a virtude da obediência, segundo Santo Afonso Virtude do Mês: Como manter o coração puro e longe da maldade humanaVirtude do mês: amor ao próximoUma prática de mortificação, recomendada ainda hoje pela Igreja, como uma experiência de proximidade com Deus e com o próximo, é o jejum.

O jejum tem toda razão de ser praticado. Ele nos ensina a controlar nossas vontades e nos prepara moralmente para compreendermos como sofrem aqueles que são injustamente privados de uma alimentação digna.

Uma viva vivida somente de prazeres e agrados, pode levar a pessoa a perder a sensibilidade, muitos são os que se perderam em si. A penitência reata as boas relações entre o Criador e as criaturas. A mortificação e a penitência, nos ensina que não somos onipotentes. Vivemos sob a tensão das origens, sempre estamos voltando à sombra da árvore do fruto proibido, na esperança de um endeusamento!

O amor é a chave de leitura para a Virtude da Mortificação. Penitenciar-se por amor a Deus e ao próximo. Santo Afonso de Ligório nos ensina que “ou a alma subjuga o corpo, ou o corpo escraviza a alma”. O homem que não se mortifica, já “matou” em si, toda a possibilidade de ser alguém melhor.

Para nos ajudar a vivenciar essa virtude, reze a oração de Santo Afonso:

Oração para viver a Virtude da Mortificação: 

“Jesus, a vossa natureza era a inocência e a pureza, e não obstante, por meu amor, a contrariastes e fizestes sofrer. Por amor de vós e para a vós me assemelhar, quero lutar contra mim mesmo e domar por uma mortificação generosa: o meu espírito, impedindo todo pensamento estranho a vós”.

Fonte: ANJOS, Gervásio Fabri dos. C.Ss.R. e Virtudes. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1980. LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano. Tomo II. Friburgo: Herder & Cia, 1921.

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