Por Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R. Em Palavra Redentorista Atualizada em 05 NOV 2019 - 08H47

Roboética: alguns conceitos fundamentais

Atualmente, a interação com robôs é maior do que imaginamos. Desde os mais simples, como a máquina de café expresso que lidamos no cotidiano, aos mais complexos, tais como os humanoides ou aqueles empregados nas intervenções cirúrgicas ou na guerra.

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Robótica e Roboética: entenda a diferença.


Eles comportam tecnologias especializadas e, em diferentes campos do saber, para lograrem cumprir sua finalidade. Podem ser autônomos e não autônomos. Os
primeiros são capazes de tomar decisões usando sofisticados sistemas computacionais, enquanto que os não-autônomos ou telerrobôs necessitam de alguma supervisão ou contribuição humana nas decisões que devem empreender. Quanto à forma física, são zoomorfos, antropomorfos, amorfos ou fixos, como no caso dos robôs de uso industrial (cf. John P. Sullins, Open Questions in Roboethics). 

Leia o primeiro artigo Roboética: um começo de conversa sobre Inteligência Artificial e ÉticaO conjunto de conhecimentos científicos e técnicos nesta área do saber denominamos de robótica. Roig afirma que a robótica "é a ciência e tecnologia dos robôs. É uma combinação de muitas disciplinas científicas e seus campos de aplicação estão se expandindo cada vez mais" (cf. Rafael Roig, Ethics and Robotics: a first approach).

Trata-se de um campo novo de estudos com diversas aplicações: militar, industrial, afetivo-sexual (affective robotics, sex tobots), cuidados (carebots), utilizados em e outras áreas biomédicas (medibots), veículos autônomos, robótica ambiental (environmental robotics), serviços domésticos, produção de veículos, reconhecimento de áreas inacessíveis, etc. (cf. John P. Sullins).

Conforme se observa, a robótica possui diversas aplicações e algum tipo de interação com o ser humano, como o agente criador ou a partir das funções que o robô é programado para cumprir. Como toda tecnologia, é passível de ambivalência e tem consequências diretas ou indiretas no ambiente humano, por isso, há que refletir acerca dessa realidade. Nesse caso, surge outra área do saber, a roboética, compreendida como o "conjunto de critérios ou teorias que pretendem abordar todas essas questões éticas colocadas pelo desenvolvimento e uso de robôs e que são projetados por meio de fabricantes e usuários e até mesmo pelos próprios robôs. Em princípio, é a ética daqueles que criam e usam robôs, embora esteja começando a adotar uma visão mais ampla que inclui os próprios robôs" (cf. Rafael Roig).

A impressão que se tem é que a interatividade homem x máquina acontece de modo externo. O operador que a telecomanda ou ela que toma decisões em base a sua inteligência artificial. Essa visão em parte é correta, todavia, cada vez mais aumenta o uso de micro-robôs ou nano-robôs que são inseridos no corpo humano e fazem parte dele, rompendo cada vez mais a visão natural e artificial, de modo que o artificial será cada vez mais natural. A robotização da sociedade e o processo de "ciborguização" de nossas vidas tem consequências filosóficas, éticas, jurídicas e políticas. Não é à toa que Asimov já previa naquele tempo as três leis da robótica.

*O artigo foi postado originalmente no blog da Accademia Alfonsiana. 


Escrito por
Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R. (Foto Deniele Simões JS)
Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R.

Missionário redentorista, formado em Filosofia e Teologia, com doutorado em Teologia Moral. Lecionou no ITESP e na Academia Alfonsiana de Roma. Atualmente é Conselheiro do Governo Geral da Congregação Redentorista.

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