Por Redentoristas Em Notícias Atualizada em 12 AGO 2019 - 14H31

Vocação Religiosa: “Ide e fazei discípulos por todas as nações” (Mt 28,16-20)

Como bem sabemos, vocação significa “chamado”. É um verbo, uma ação, uma palavra. Sendo assim, somente uma pessoa pode “chamar”. Aqui encontramos o fundamento da Vocação Cristã. Com Jesus aprendemos que o nosso Deus não é uma “entidade” que está longe de nós, muito pelo contrário, é uma pessoa que podemos chamar de Pai. Sendo Pai, Deus nos "chama" à vida, nos dá a vida como um presente e pede de nós somente uma coisa: que a vivamos com intensidade.

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A vocação à Vida Religiosa é um “chamado” muito pessoal.


Desde a criação do mundo nosso Pai quer “falar” conosco, ou seja, ele procura um relacionamento sólido e fiel com cada filho (a) seu. “E Deus disse...” (Gn 1,3). O amor de Deus é tão imenso que não coube somente na Santíssima Trindade, explodiu para a criação. E Ele conta com cada um de nós para darmos continuidade à sua obra criadora.

A vocação à Vida Religiosa é um “chamado” muito pessoal; imagine que o Pai, com o seu amor infinito por nós, se disponha a contemplar a sua criação, neste instante Ele mira o seu olhar para uma determinada pessoa e diz: “Vem e segue-me” (Mt 9,9).

É Deus que toma a iniciativa de nos “chamar” para permanecermos com Ele (Jo 1,39). A Vocação à Vida Religiosa é uma experiência singular, como nos diz o Frei Durvalino, no livro "Vida Consagrada e Formação":

“Todavia, o que há de comum com todos os vocacionados é a clareza de que algo estranho, misterioso, atraente, maravilhoso, mas também, questionador, provocante e, às vezes, duro e amargo, está envolvendo a vida deles. Assim, aos poucos, o vocacionado começa a sentir-se invadido por um fervor novo, uma realidade até então nunca experimentada. Algo veio nascendo na pura inocência e gratuidade da vida, sem lugar para planos pessoais, invenções ou caprichos particulares (p. 19)”.

A troca de olhares que existe entre Jesus e o vocacionado à Vida Religiosa gera uma “força” interior que impulsiona o vocacionado a sair em busca do seu objetivo – servir o Reino de Deus. Assim como a parábola que Jesus conta sobre o Reino de Deus; de modo resumido, lembramos daquele lavrador que arava o campo para poder plantar e enquanto trabalhava encontrou um tesouro no campo, então ele esconde o tesouro, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo. Da mesma forma um negociante, quando encontra uma pérola, a mais preciosa, vende tudo o que tem para comprar aquela pérola (cf. Mt 13,44-46).

São três versículos da Bíblia, bem pequenos, mas com um significado imenso. O significado do “chamado”, da vocação. O detalhe importante destes versículos é a alegria com que o agricultor e o negociante “vendem tudo o que possuem”. Isso mesmos, eles deixam tudo para trás, o passado já não existe mais – vendem tudo o que possuem – para começar uma nova vida, com alegria. A Vida Religiosa exige radicalidade! Mas tudo vivido com liberdade, alegria e realização.

Mas essa mudança radical de vida só é possível a partir de uma experiência que irrompa todo o nosso ser. Só a partir de um encontro pessoal, íntimo e singular com Jesus é que essa radicalidade é possível.

E como saber se realmente uma pessoa é vocacionada – “chamada”? É só começar a observar os “frutos” deste encontro. Uma mudança interior acaba acontecendo – aquilo que era importante acaba ficando em segundo plano; um sonho pessoal passa a dar lugar para um sonho comum. É possível observar no vocacionado uma mudança que passa do pessoal para o comum, os objetivos pessoais já não são tão importantes quanto os objetivos coletivos.

Leia MaisVocação Humana: “Antes de nascer, te conheci” (Jr 1, 4-19)Vocação Cristã: “Deixe tudo para me seguir” Mc 10, 17-30Vocação Matrimonial: “Não são dois, mas uma só carne” Mc 10, 2-11Vocação Sacerdotal: “Que ele cresça e eu diminua” Jo 3, 22-30Vocação de Maria e Ministérios: “Feliz aquela que confiou” (Lc 1, 39-45)Vocação: tesouro escondido, pérola encontrada!Em outras palavras, usando as palavras de Jesus, isso chama-se compaixão. O vocacionado à Vida Religiosa passa a olhar para o mundo e para o outro com sentimento de compaixão. É impelido a sair de si e ir ao encontro do outro com o objetivo de ajudar, de falar da pessoa de Jesus, da mudança pessoal que ele mesmo experimentou em sua vida.

Um texto bíblico rico neste encontro pessoal e que demonstra a vocação, o encontro, a alegria e a força da missão é o encontro de Jesus com a mulher samaritana no poço de Jacó (cf. Jo 4, 1-43). Esse encontro começa bem informal – em primeiro lugar um homem não podia conversar com uma mulher publicamente, e o agravante maior era que os judeus tinham uma rixa com os samaritanos. Jesus – como em todo processo vocacional – toma a iniciativa do diálogo e a mulher, logo de cara identifica que Ele é um “judeu”; conforme o diálogo vai progredindo, a mulher chama Jesus de “senhor”; depois de ouvir umas verdades, a mulher chama Jesus de “profeta”; por fim a mulher reconhece que Jesus é o “Messias”.

A partir dessa experiência pessoal e singular com Jesus, a mulher samaritana não consegue mais ficar parada, ela deseja anunciar a todos que encontrou o “Messias”, então vai ao vilarejo, encontra as pessoas e fala com convicção de Jesus e todos os que a ouviam ficavam admirados com sua alegria e o seu entusiasmo. O texto termina com a fala dos samaritanos: “Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42).

O agricultor, o negociante, a samaritana – são vocacionados que alegremente deixam de lado as suas próprias convicções, seus próprios projetos pessoais e com alegria assumem outro estilo de vida que é anunciar o Reino de Deus, proclamar ao mundo o amor e a bondade de Deus, proclamar que o Pai é misericórdia infinita. Para este serviço não se mede esforços.

Como afirma o Frei Durvalino:

“Tal encontro, porém, não deve ser entendido como realidade privativa, pertencente ao mundo da subjetividade individual, dentro duma espiritualidade marcada pelo intimismo subjetivista. O novo chamado implica e exige que se abrace todo o ser de Jesus Cristo, toda a sua causa e missão, enfim, todo o Plano do Pai, que o Evangelho chama de Reino de Deus. Por isso, esta nova vocação traz consigo uma profunda afeição e um cuidadoso compromisso de engajamento na História da Salvação, presente e atualizada na e pela Igreja, com todas as suas instituições, entendida como Corpo Místico de Cristo. Pois, quem uma vez se une a Cristo por laços de um seguimento único e exclusivo, radical e eterno, sentem-se responsável também por todo seu corpo, toda sua obra e missão (p. 25)”.

Por isso o pedido de Jesus aos seus discípulos: “Ide e fazei discípulos por todas as nações” (Mt 28,16-20).

Ir. Erika Maída, MAD
Irmãs Mensageiras do Amor Divino

Para refletir:

1 – A vocação à Vida Religiosa é um encontro pessoal com Jesus Cristo. Como que o vocacionado pode cultivar sua vocação e o encontro com Jesus?
2 – “Onde há um consagrado há alegria”, nos diz o Papa Francisco. Quais características que um religioso, uma religiosa deve ter para mostrar ao mundo a alegria da consagração Religiosa?
3 – O vocacionado sai do meio do povo e volta para o serviço ao povo de Deus. Onde é mais urgente hoje, a presença de um religioso, de uma religiosa?


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