Irmãs Carmelitas estão presentes no cotidiano do Santuário Nacional

Marília Ribeiro/A12

O silêncio do Carmelo de Santa Terezinha, em Aparecida (SP), é quebrado por cânticos e orações de 21 irmãs carmelitas, que ali vivem em regime de clausura papal. Ou seja, saem apenas com raras autorizações concedidas pela Igreja. Mesmo fechadas atrás das portas do Mosteiro, as religiosas, que celebram sua Padroeira, Nossa Senhora do Carmo, na próxima sexta-feira (16), estão intimamente vinculadas ao Santuário Nacional.

“Para mim, existe uma ligação muito espiritual mesmo entre o Carmelo e o Santuário. Estamos na cidade de Nossa Senhora e a Casa da Mãe acolhe os filhos do Brasil inteiro. E nossa missão também é rezar por estes que vem do Brasil inteiro para estar junto ao Trono dela”, afirma a Irmã Tereza de Jesus, priora do Carmelo de Aparecida.

As próprias religiosas responsáveis pela fundação do Mosteiro de Aparecida vieram primeiramente como romeiras, chegando para a fundação do novo mosteiro no dia 07 de dezembro de 1952. “Elas passaram primeiro na Imagem antes de vir para o Convento”, narra a priora.

Os mantos de Nossa Senhora - A partir daquele dia, até o começo dos anos 2000, a Imagem encontrada no rio Paraíba do Sul passaria a utilizar os mantos fabricados pelas religiosas. “Na época, as irmãs Bernadete e Marta Maria bordavam o manto para Nossa Senhora”.

Atualmente, desde o ano de 2009, as religiosas são responsáveis por bordar o manto que veste a Imagem fac-símile de Nossa Senhora durante a Novena e Festa da Padroeira. “Um trabalho lindo e dedicado”, define o prefeito de igreja do Santuário Nacional, padre Eduardo Ribeiro.

Novena a distância - Apesar disso, elas não veem presencialmente o resultado de seu trabalho. “Acompanhamos a Novena daqui da clausura, pela TV Aparecida”, detalha Irmã Tereza.

Esta é uma das poucas ocasiões em que toda a Comunidade pode acompanhar a televisão. O aparelho só volta a ser usado em outros raros momentos. “Quando acontece algum evento especial na Basílica, como a oração do terço pelo fim da pandemia ou alguma ordenação sacerdotal, mas a praxe mesmo é a Novena e Festa”.

Presente para o Papa - As monjas também fabricaram mantos para outras ocasiões especiais. Uma delas aconteceu em 2013, durante a visita do Papa Francisco à Aparecida. Na época, o pontífice recebeu uma imagem de presente do Santuário Nacional, cujo manto foi confeccionado pelas religiosas.

“O trabalho de bordado durou 15 dias. A gente criou um desenho específico em homenagem ao Papa Francisco, com 10 peixes dourados. Foi muito especial. Fiquei emocionada”, relembra a Irmã Maria Regina, que na época bordou o presente papal.

Muito além da fé - Além dos laços espirituais, o local é fisicamente ligado ao templo que abriga a Imagem da Padroeira do Brasil. “Até um pouco do estilo interno do nosso Carmelo lembra o Santuário. Ele foi projeto pelo Benedito Calixto, que também foi arquiteto do Santuário. Nossa estrutura é feita de tijolinhos à vista e com arcos na área do claustro, bem parecido com o que se vê na Basílica”, detalha Irmã Tereza.

Em constante oração - A lembrança do Santuário não se restringe apenas a trabalhos manuais ou à arquitetura do local. “Parte da nossa missão também é rezar pelos padres redentoristas que acolhem os peregrinos”, afirma a priora. “Santo Afonso era muito devoto de Santa Tereza D’Ávila, de quem aprendeu, por exemplo, a devoção a São José”, conta a Irmã ao recordar os fundadores da Congregação Redentorista e do Carmelo Descalço, respectivamente.

Sob o manto da Padroeira do Brasil, as monjas rezam ao menos sete vezes por dia pelos religiosos e os romeiros de Aparecida. Parte destes momentos são marcados pelo toque dos sinos das Basílicas Nova e Velha de Aparecida, cujo som recorda às Carmelitas sua presença na terra da Padroeira do Brasil.